Zelensky no Conselho Europeu. "Não há Europa livre sem uma Ucrânia livre"

por Mariana Ribeiro Soares, Inês Geraldo - RTP
Stephanie LeCocq - EPA

Depois de marcar presença no Parlamento Europeu, o presidente ucraniano discursou também no Conselho Europeu extraordinário desta quinta-feira. Volodymyr Zelensky disse que "não há Europa livre sem uma Ucrânia livre" e agradeceu a abertura de Bruxelas para a adesão da Ucrânia à União Europeia.

Num discurso no Conselho Europeu, o presidente ucraniano sublinhou que “não há Europa livre sem Ucrânia livre” e que é preciso “dar segurança” e “tornar a Europa forte”.

“Não deve haver zonas cinzentas na Europa, é fundamental manter a Europa forte”, disse Volodymyr Zelensky, que afirmou que a Ucrânia será um "pilar de segurança comum" da União Europeia.

Em mais um esforço para reiterar a vontade de ingressar na UE, Zelensky disse que a Ucrânia precisa de segurança e que “a União Europeia está no caminho desta segurança”.

“Foram dados passos fundamentais. Todos somos capazes de continuar o caminho”, disse o presidente ucraniano, que tem reiterado os apelos para uma adesão rápida ao bloco europeu.

Zelensky agradeceu ainda a abertura de Bruxelas para a adesão à Ucrânia. “Pela primeira vez, a União Europeia está a dar apoio militar contra um agressor invasor. Qualquer agressor vai pensar por é que não vale a pena iniciar uma ofensiva contra a Europa”, declarou.
O presidente ucraniano agradeceu também a ajuda que tem sido fornecida pelos aliados europeus, mas pediu que fossem enviadas mais armas e aplicadas mais sanções, nomeadamente contra os setores de drones e de mísseis da Rússia. “Na Europa é preciso dar esse passo decisivo”, afirmou.

“Agradeço a todos os que estão a dar apoio militar. Agradeço a todos os povos da Europa que sentem que todos os heróis da Ucrânia conseguem derrubar o terrorismo da Rússia e outras ações agressivas. Obrigada pelo apoio económico, solidariedade. Obrigada pelos pacotes concedidos de apoio energético”, disse Zelensky.
“Destruir a ameaça do terror da Rússia”
Zelensky pediu ainda que fosse criado um tribunal contra Moscovo para “destruir a ameaça do terror da Rússia”.


“Não há futuro sem justiça. Deve haver um tribunal contra Rússia, deve haver ressarcimento russo pelos estragos feitos, por tudo o que fizeram”, apelou.

O presidente ucraniano está em Bruxelas para participar na cimeira extraordinária. Depois de se dirigir ao Parlamento Europeu, Zelensky discursou também no Parlamento Europeu e deverá, depois, manter reuniões bilaterais com os líderes dos 27 Estados-membros.

Volodymyr Zelensky viajou para Bruxelas esta quinta-feira na companhia do presidente francês, Emmanuel Macron, com quem esteve reunido no dia anterior em Paris. Bruxelas será a última paragem deste périplo de Zelensky pelas capitais europeias.
Zelensky diz ter recebido compromisso de líderes europeus sobre envio de aeronaves

Em conferência de imprensa no final do Conselho Europeu, o presidente ucraniano adiantou que vários líderes europeus lhe confirmaram a disponibilidade de fornecerem aeronaves para ajudar na luta contra a Rússia.

"A Europa estará conosco até à nossa vitória. Ouvi de vários líderes europeus a sua disponibilidade para nos enviarem as armas e o apoio necessários, incluindo as aeronaves", disse Zelensky.

Volodymyr Zelensky revelou aos jornalistas que discutiu na quarta-feira o reforço das capacidades militares da Ucrânia durante os encontros com o presidente francês e o chanceler alemão, mas disse que não poderia revelar todos os elementos das negociações.

Zelensky adiantou que os encontros em Londres e Paris “foram produtivos” e “abrem caminho para receber os caças que precisamos”, mas não forneceu mais detalhes.

"Existem certos acordos que não são públicos, mas que são positivos. Não quero preparar a Federação Russa, que está constantemente a ameaçar-nos com novos ataques", disse Zelensky durante uma conferência de imprensa conjunta com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Momentos antes das declarações do preisdente ucraniano, o chefe de gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, anunciou nas redes sociais que "a questão do armamento de longo alcance e dos caças para a Ucrânia foi resolvida".

Até ao momento, não foi dada nenhuma confirmação imediata de nenhum país europeu em relação ao pedido de Kiev de envio de aeronaves. Pelo contrário, o Reino Unido já anunciou que não enviará jatos para a Ucrânia por receio de “potenciais riscos de escalada”.

Zelensky voltou a insistir na questão da adesão à UE, afirmando que a "paz duradoura na Europa só será estabelecida depois e a Ucrânia vencer a guerra, entrar na UE e na NATO".

A presidente do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen, reiterou que não existem prazos rígidos para a entrada na UE e elogiou o progresso "impressionante" de Kiev no caminho para a integração europeia.

"A Comissão está a trabalhar em estreita colaboração com o governo ucraniano. Não existe um calendário rígido, é um processo baseado no mérito", disse von der Leyen durante a conferência de imprensa.

Os mais altos responsáveis europeus garantiram também ao presidente ucraniano que a União Europeia manterá a pressão sobre o Kremlin a nível de sanções, assegurando que o próximo pacote abrangerá "os propagandistas de Putin".

Ursula von der Leyen, anunciou que a Comissão vai "propor nos próximos dias o décimo pacote de sanções" à Rússia, e adiantou que este incluirá um pedido expresso do presidente ucraniano.

"Vamos impor sanções a líderes políticos e militares. Mas também, caro Volodymyr, ouvimos muito atentamente as suas mensagens quando o visitámos na semana passada em Kiev, e vamos visar os propagandistas de [Vladimir] Putin, porque as suas mentiras estão a envenenar o espaço público na Rússia e fora. Insistiu nisso, nós ouvimos, vamos dar sequência e vamos atrás deles", declarou von der Leyen, dirigindo-se a Zelensky.

c/agências
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