Ucrânia na UE. "Foram criadas expectativas, agora temos que as honrar", reitera Costa

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Stephanie Lecocq - EPA

António Costa está esta quinta-feira em Bruxelas para participar na cimeira extraordinária dos líderes da União Europeia, que conta com a participação do presidente ucraniano. O primeiro-ministro afirmou que a UE "criou expectativas" relativamente a uma eventual entrada da Ucrânia no bloco europeu e que "agora temos que as honrar". Para que tudo não acabe "numa enorme frustração", o primeiro-ministro diz que "é fundamental que a UE se prepare para essa adesão".

“É fundamental que, para que tudo acabe bem e não acabe numa enorme frustração para os países candidatos, a UE se prepare do ponto de vista institucional e da sua capacidade orçamental” para acolher a Ucrânia, disse António Costa aos jornalistas na antecâmara do Conselho Europeu, em Bruxelas.

“A UE deve preparar-se para o que significa acolher um país com a dimensão da Ucrânia e seguramente que esse alargamento à Ucrânia implicará necessariamente o alargamento a um conjunto de outros países, designadamente os Balcãs Ocidentais”, afirmou.

“A última coisa que devemos fazer é frustrar as expectativas que foram criadas”, sublinhou o primeiro-ministro.
A cimeira desta quinta-feira em Bruxelas contará com a participação do presidente ucraniano. António Costa adiantou que vai reiterar a Zelensky “todo o apoio de Portugal”, pois "seria uma tragédia para o mundo se o resultado desta guerra fosse uma vitória" da Rússia.

"Seria uma tragédia para o mundo se o resultado desta guerra fosse uma vitória daqueles que estão contra o direito internacional, que não respeitam o direito internacional, o direito à integridade dos territórios, o direito de soberania dos povos, o direito à autodeterminação de cada uma das nações. É fundamental assegurar essa vitória. Isso é absolutamente claro", declarou o chefe de Governo.

António Costa salientou que Portugal “tem todas as condições” para enviar três tanques Leopard 2 para Kiev em março.
"Bem-vindo a casa, bem-vindo à UE"
Depois de viagens-surpresa a Washington, nos Estados Unidos, no final de dezembro, e a Paris e Londres na quarta-feira, Volodymyr Zelensky vai participar esta quinta-feira no Conselho Europeu .

O presidente ucraniano viajou para Bruxelas na companhia do presidente francês, Emmanuel Macron, com quem esteve reunido na quarta-feira. Bruxelas será a última paragem deste périplo de Zelensky pelas capitais europeias.

"Bem-vindo a casa, bem-vindo à UE", escreveu o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, no Twitter.



Volodymyr Zelensky entrou no edifício do Parlamento Europeu pelas 10h25 (9h25 em Lisboa), acompanhado por Roberta Metsola, depois de ouvir os hinos da Ucrânia e da União Europeia.

O presidente ucraniano discursou entretanto numa sessão plenária extraordinária e, de seguida, deverá ter reuniões bilaterais com os líderes dos 27 Estados-membros da União Europeia.

Volodymyr Zelensky deverá aproveitar esta visita a Bruxelas, a primeira desde o início da ofensiva russa à Ucrânia há um ano, para pressionar pelo envio de mais armas para o país e por uma adesão rápida à UE.


“O presidente viaja para obter resultados”, disse um alto funcionário ucraniano na véspera da viagem, sublinhando que os aliados europeus “precisam de acelerar este mês e no próximo [o envio de armas para a Ucrânia] porque os próximos dois meses serão críticos”.

A adesão rápida ao bloco europeu tem sido um dos principais temas que Zelensky tem sublinhado nos seus encontros com os aliados europeus. A semana passada, durante uma cimeira na Ucrânia com a UE, Zelensky pediu que as negociações fossem aceleradas durante este ano. No entanto, tanto Charles Michel como Usrula von der Leyen colocaram água na fervura das expectativas da Ucrânia, afirmando que apesar de não existirem "prazos rígidos para a adesão, existem objetivos que têm que ser alcançados" primeiro.
 
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