Zelensky reitera que Ucrânia precisa do apoio dos EUA e não confia em Putin

Volodymyr Zelensky afirmou, em entrevista ao canal de televisão norte-americano Fox News, que Kiev não pode vencer a guerra contra a Rússia sem o apoio dos Estados Unidos, enquanto Putin ordena que se avance em Zaporizhia.

Cristina Sambado - RTP /
Jonathan Ernst - Reuters

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou à Fox News que a Ucrânia não pode vencer a guerra contra a Rússia sem o apoio dos Estados Unidos e que não confia no presidente russo, Vladimir Putin.

"Podemos ganhar sem o apoio americano? Não", disse Zelensky em entrevista ao programa Special Report with Bret Baier, da Fox News, exibida na noite de segunda-feira, antes de expor as dificuldades que a falta de apoio dos EUA acarretará.

"Não confio em Putin e ele não quer o sucesso da Ucrânia", salientou Zelenskiy, acrescentando que o seu encontro de domingo com o presidente Donald Trump foi produtivo.

O presidente ucraniano acusou ainda Moscovo de tentar sabotar as conversações de paz depois de o Kremlin ter dito ter frustrado um ataque de drone ucraniano à residência de Vladimir Putin. O ministro russo dos Negócios Estrangeiros afirmou que a Ucrânia tentou atacar a residência de Putin na região de Novgorod, a oeste de Moscovo, entre os dias 28 e 29 de dezembro, com 91 drones de longo alcance, todos destruídos pelas defesas aéreas russas.

Zelensky descreveu a alegação como “mentiras típicas da Rússia” após o seu encontro de duas horas no domingo com Donald Trump na Florida.

Para o presidente ucraniano, a Rússia está a “fazer isto de novo” e a usar “declarações perigosas” para minar os “esforços diplomáticos” com os EUA para pôr fim ao conflito.

“Esta suposta história de ‘ataque residencial’ é uma completa invenção destinada a justificar ataques adicionais contra a Ucrânia, incluindo Kiev, bem como a própria recusa da Rússia em tomar as medidas necessárias para pôr fim à guerra”, acrescentou. Rússia quer assumir controlo de Zaporizhia
Vladimir Putin ordenou ao seu exército, na segunda-feira, que prosseguisse a campanha para assumir o controlo total da região de Zaporizhia, no sul da Ucrânia.As ordens do presidente surgem depois de uma alta patente russa ter afirmado que as forças de Moscovo estavam a 15 quilómetros da localidade.


O coronel-general Mikhail Teplinsky disse ao presidente russo, numa reunião televisiva com altos oficiais militares no Kremlin, na segunda-feira – um dia depois de Putin ter conversado com Trump sobre a Ucrânia –, que as forças russas estavam a aproximar-se da cidade de Zaporizhia, na província ucraniana de Zaporíjia.

Moscovo controla cerca de 75 por cento da província ucraniana de Zaporíjia, uma das quatro anexadas por Putin em 2022, numa ação denunciada por Kiev e pelo Ocidente como ilegal.

O general Valery Gerasimov, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia, tinha informado Putin que as forças de Moscovo estavam a avançar por quase toda a linha da frente, enquanto as forças de Kiev estavam focadas na defesa e nas tentativas de contra-ataque.

Já o ministro russo dos Negócios Estrangeiros afirmou que o Ocidente precisa de compreender que a Rússia detém a iniciativa estratégica na Ucrânia, à medida que as discussões sobre um possível acordo prosseguem.

Sergei Lavrov declarou à agência de notícias estatal RIA que Kiev e os países ocidentais precisam de aceitar o facto de a Rússia deter a iniciativa no campo de batalha, à medida que se aproxima o quarto aniversário da invasão de 2022. “A nossa posição de princípio permanece inalterada. A iniciativa estratégica cabe inteiramente ao exército russo e o Ocidente compreende isso”. Para Lavrov, a Ucrânia e o Ocidente precisam de ter em conta a realidade no terreno.


Em relação ao alegado ataque das forças de Kiev à residência de Putin em Novgorod, Sergei Lavrov, que garantiu que ninguém ficou ferido e não houve danos materiais, frisou que "tais ações imprudentes não ficarão impunes".

O ministro russo dos Negócios Estrangeiros descreve ainda o alegado ataque como "terrorismo de Estado" e acrescentando que já tinham sido selecionados alvos para ataques de retaliação por parte das Forças Armadas russas.

A Rússia controla cerca de um quinto da Ucrânia, incluindo a Península da Crimeia, que anexou em 2014.

Reivindica o Donbas – que compreende as regiões de Donetsk e Luhansk – bem como as regiões de Zaporizhia e Kherson, embora todas sejam internacionalmente reconhecidas como território soberano da Ucrânia.

Além disso, Moscovo quer que a Ucrânia retire as suas tropas de partes da região de Donetsk, que não conseguiu ocupar integralmente. Por seu lado, a Ucrânia quer o fim dos combates ao longo das atuais linhas da frente e os EUA propuseram uma zona económica especial caso Kiev retire as suas tropas.

c/ agências
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