Pequenos gestos, grandes consequências

Ao Mundial já lá vamos, para já começo com uma pequena história. Hoje fui a um Centro Comercial em Lisboa. Estacionei e à minha frente tinha um bloco de três lugares de estacionamento. Num dos extremos estava um automóvel estacionado a régua e esquadro. Chegou uma senhora e estacionou no extremo oposto mas a pisar boa parte do lugar do meio ainda vazio. Saí do meu carro e avisei-a: "Estacionada assim a senhora ocupa praticamente dois lugares porque não cabe ninguém no meio".

Segui o meu caminho e fui às compras. Quando voltei percebi que a a senhora não tinha mexido no carro e tinha ido à vida dela. Entretanto alguém tinha estacionado no lugar do meio, mas para isso chegou-se tanto ao outro carro, bem estacionado, que ficou a impedir a entrada do condutor cumpridor, o único que tinha estacionado bem.
Duas conclusões imediatas:

1. As nossas atitudes diárias, mesmo que pequenas e banais, acabam por ter na maior parte das vezes consequências na vida dos outros. E todos nós sabemos isso.

2. Há pessoas que tomam deliberadamente atitudes para prejudicar os outros, de forma calma e tranquila mesmo que tenham alternativas fáceis e óbvias. É o triste espelho da nossa sociedade. E neste caso que acabei de descrever nem podemos falar de egoísmo ou individualismo, é mesmo má formação e má fé. Em suma, pessoas mal resolvidas com elas e com a vida.

Foi o que aconteceu com Neymar. Foi vítima de um Zúñiga que não merece o epíteto de jogador de futebol. Com a experiência que tem sabia que aquele gesto iria - ou pelo menos tinha fortes probabilidades de - magoar o jogador brasileiro. E poderia ter consequências muito mais graves. A ver vamos se não terá no futuro. Há muitos lances iguais no futebol e alguns foram protagonizados por jogadores portugueses? E então? São lances gratuitos, mal intencionados e violentos. Com este lance em concreto prejudicou-se o futebol, os amantes do futebol, o Mundial do Brasil, a seleção do Brasil e Neymar que é um dos melhores e mais talentosos executantes da actualidade.

A FIFA e o árbitro ao não sancionarem o jogador só pactuam com estes caceteiros que nada acrescentam ao futebol e que por norma são defendidos e desculpados pelos adeptos dos próprios clubes ou das selecções que representam, os mesmo que diabolizam estes jogadores quando são de selecções ou equipas adversárias. A clubite também é uma doença grave do futebol. Mais grave ainda porque normalmente atinge pessoas inteligentes e coloca-as ao nível de qualquer hooligan de cervejaria ou arruaceiro de vão de escada.

O Brasil perdeu com a Alemanha. Perdeu de forma categórica e creio que teria perdido com ou sem Neymar porque esta equipa alemã é avassaladora. Mas estão por contabilizar os efeitos que a ausência do craque brasileiro causaram na equipa canarinha. Talvez o Brasil tivesse jogado melhor ou perdido por menos. Nunca saberemos. Ganhar acho difícil."

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