Mais incêndios, antes dos fogos

Na crónica da semana passada quase adivinhava que estava para estalar mais uma polémica na reorganização da Proteção Civil. Lá se demitiu o comandante Paixão e entramos numa outra solução, por causa dos problemas de sempre. Claro que é quase missão impossível colocar um travão aos gigantescos e lucrativos interesses que se alimentam da tragédia.

António Paixão foi apenas mais uma vítima, com as pressões a terem outros significado com o tempo quente a chegar e com a ameaça ainda tão presente, depois do que aconteceu no verão passado.

Ninguém tem dúvidas de que a solução passa pela profissionalização da primeira intervenção com forças como os GIPS da GNR, a entrega do controlo e da operação dos meios aéreos à Força Aérea e à presença muito mais efetiva de contingentes militares neste dispositivo, que tem que ser competente e profissional, estando disponível e presente na floresta durante todo o ano.

Digo ninguém tem dúvidas, deveria dizer, quase ninguém tem...

O problema é que é esse "quase" que pressiona, guerreia, abre polémicas, planta notícias nos jornais, dá entrevistas, procura sempre travar todos os processos de mudança, continua a condicionar essa mudança comprovada em mil e trinta e cinco relatórios dependentes e independentes, em comissões, universidades e até no mais leigo dos comentadores de assuntos da floresta.

O verão está a chegar e todos percebemos que é complicado travar o negócio dos fogos, que se alimenta de tragédias.

Olhando para o novo comandante da Proteção Civil vemos mais um militar que estudou todas as guerras. Vamos ver se consegue vencer esta.

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