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Não tenho fotografias de infância

A emergência de dizer tudo, de estar em plena montra de vida, tem revelado por essas redes sociais mundo fora pequenas preciosidades. As fotografias de infância que um ou outro vai colocando na internet, por altura do aniversário, têm essa proeza de revelar mas, ao mesmo tempo, de velar. Cada identidade transporta-se, nesse pensamento (tão óbvio, me desculpem) de sermos tão misteriosos.

Há dias estive em gravação de um dos programas “As Horas Extraordinárias”, na Galeria das Salgadeiras, ali mesmo nos corredores intensos do Bairro Alto. A exposição de Pauliana Valente Pimentel “The Behaviour of Being” potencia essa ideia de intimidade em movimentos tão anónimos.


São fotografias sim, trabalhos artísticos nessa necessidade de captar uma energia, num imediato personalizado pela máquina da autora, em visão calculada, politizada da Humanidade. O que Pauliana vai dizendo, ou digo eu, é que o mundo quando captado por movimento intencional pode mesmo ser diferente. Pode mesmo ter outro rumo. Ideia otimista ou apenas a única forma de continuar, é dizer, todos os dias, que a Arte nos salva.

Não tenho fotografias de infância porque foram poucas as máquinas, foram muitos dias de mudanças e rodopios, tantas casas e mais outras novas ruas. Meu pai em circular processo de desistência, minha mãe em obsessivo lugar de sobrevivência. 

Por breves momentos, a exposição “The Behaviour of Being” de Pauliana Valente Pimentel, por causa de uma fotografia de uma infância feliz, levou-me para esse lugar. Não me esqueço, mas em instante, lembrei que quase não lembro. Brava Pauliana, brava que me deu essa luz de infâncias felizes.

“The Behaviour of Being” está patente até 5 de Março na Galeria da Salgadeiras, em Lisboa, aberta de terça a sábado, das 15h às 21h.

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