Abusos na Igreja. Patriarcado de Lisboa recebeu lista da Comissão Independente com 24 nomes

por RTP
Tiago Petinga - Lusa

A Comissão de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis do Patriarcado de Lisboa recebeu esta quinta-feira uma lista de 24 nomes, enviada pela Comissão Independente ao cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente.

Destes 24 nomes, oito são de sacerdotes já falecidos, dois são sacerdotes doentes e retirados, três de sacerdotes sem qualquer nomeação, cinco são de sacerdotes no ativo, quatro são nomes desconhecidos, um dos nomes refere-se a um leigo e outro a um sacerdote que abandonou o sacerdócio.
Com base nesta lista, a Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis do Patriarcado de Lisboa "solicitou de imediato, à Comissão Independente, os dados respeitantes à lista nominal, de forma a tornar possível a entrega ao Cardeal-Patriarca das recomendações que lhe permitam fundamentar a proibição do exercício público do ministério dos sacerdotes no ativo e assunção das devidas responsabilidades no apoio e respeito pela dignidade das vítimas".

A Comissão Diocesana "aguarda com carácter de urgência a resposta da Comissão Independente".

Esta sexta-feira foi assinado um protocolo de colaboração com a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), o Patriarcado de Lisboa prossegue a sua determinação em erradicar o drama dos abusos contra menores e adultos vulneráveis, não só na área da prevenção, mas também no apoio que desejamos prestar a todas as vítimas, que permanecem no centro de todas as prioridades do trabalho desenvolvido por esta Comissão Diocesana.

Entretanto, cumprindo as determinações saídas da última Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), os membros do clero que integravam a Comissão do Patriarcado foram substituídos por leigos, cabendo agora a coordenação interina ao antigo procurador-geral da República Souto Moura.

Souto Moura é o presidente da Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores.

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.
Porto está a investigar sete clérigos
A diocese do Porto revelou que após receber, no passado dia 3 de março, a lista enviada pela Comissão Independente que continha 12 nomes, avançou com uma investigação.

Da lista de 12 nomes, quatro já faleceram, um já não pertence à diocese e aos restantes sete clérigos que estão vivos foi iniciada uma investigação prévia.

“Não obstante, o processo de investigação continua. Inclusivamente, o bispo diocesano já reuniu com diversas pessoas, algumas das quais já não vivem na área da Diocese do Porto, à procura de eventuais informações complementares. Porém, também estas diligências ainda não conduziram a qualquer pista. Se, entretanto, aparecerem indícios fiáveis, o bispo diocesano não hesitará em suspender preventivamente o clérigo em causa”, lê-se na nota enviada às redações.

O bispo diocesano do Porto já entregou ao Ministério Público a lista recebida pela Comissão Independente.

A nota recorda que esta diocese “coloca-se do lado das vítimas, sofre com elas e tudo está a fazer para criar uma nova mentalidade e atitudes, respeitadoras e seguras, de modo a que os mais novos e suas famílias possam confiar plenamente nos agentes pastorais”.
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