Agressões em Alcochete. Suspeitos começam a ser ouvidos em Tribunal

por RTP
Pedro A. Pina - RTP

Os 23 atacantes detidos na sequência das agressões na Academia de Alcochete vão ser interrogados por um juiz de instrução criminal esta quinta-feira no Tribunal do Barreiro, a partir das 10h00. São suspeitos de prática de crimes de sequestro, ameaça agravada, ofensa à integridade física qualificada e terrorismo.

Na sequência das agressões registadas na terça-feira na Academia do Sporting, em Alcochete, os 23 suspeitos, detidos pela GNR, vão ser interrogados hoje no Tribunal do Barreiro. 

Na quarta-feira, os suspeitos tinham sido presentes a tribunal, mas apenas para fins de identificação. 

O comunicado do juiz de instrução criminal divulgado ontem revela que os arguidos foram “devidamente identificados e tomaram conhecimento dos factos que lhes são imputados”.  

De acordo com o comunicado do tribunal, a defesa dos arguidos solicitou “cópias dos elementos de prova que sustentam os factos”, tendo sido entregue aos advogados uma cópia dos elementos solicitados.  

Mais explica que tribunal decidiu adiar a continuação das diligências para esta quinta-feira de manhã, a partir das 10h00, para “possibilitar a análise e o cabal exercício de defesa dos arguidos”, segundo comunicado citado pela agência Lusa.  

Na terça-feira, um grupo de cerca de 50 pessoas de cara tapada irrompeu pela Academia de Alcochete, tratando-se alegadamente de adeptos do Sporting. Percorreram parte das instalações e chegaram até ao balneário da equipa principal de futebol, onde agrediram alguns dos principais jogadores do clube, incluindo Bas Dost, Acuña, Rui Patrício ou Wiliam Carvalho.  

O treinador Jorge Jesus e outros elementos da equipa técnica também foram alvo de agressões.   

Segundo o Ministério Público, os detidos pelas agressões são suspeitos de práticas que podem configurar crimes de sequestro, ameaça agravada, ofensa à integridade física qualificada, e terrorismo, entre outros crimes. 
Reunião sobre futuro do clube na segunda-feira

Na sequência das agressões, a GNR apreendeu ainda cinco viaturas ligeiras, vários artigos relacionados com os crimes e recolheu depoimentos de 36 pessoas, entre jogadores, equipa técnica e outros funcionários do clube.  

As agressões acontecem num momento em que o Sporting se prepara para disputar a final da Taça de Portugal, no próximo domingo, frente ao Desportivo das Aves. Os jogadores garantiram que vão entrar em campo, mas só deverão treinar uma única vez, na próxima sexta-feira, no treino de adaptação ao relvado do Jamor.  

Na quarta-feira, a Polícia de Segurança Pública (PSP) informou que o treino no Estádio Nacional terá policiamento reforçado. Quanto ao dia do jogo, o plano de segurança não deverá sofrer alterações, uma vez que já era considerado “um jogo de risco elevado”.  

Este poderá ser o último jogo de alguns dos jogadores, uma vez que está em cima da mesa a possibilidade de avançar com rescisões por justa causa a partir de segunda-feira.

Para segunda-feira está já marcada uma reunião com a Direção do clube e com o Conselho Fiscal, convocada pela mesa da Assembleia Geral, para discutir o futuro do clube.  

De recordar que, para além das agressões registadas na terça-feira, o Sporting é alvo de uma investigação no andebol, conduzida pelo Ministério Público. A Operação CashBall, revelada esta semana, investiga um alegado esquema de corrupção relacionado com a compra de equipas de arbitragem durante a época 2016/2017, que o Sporting venceu.
pub