Amadora-Sintra. Membros do Conselho de Administração do hospital renunciaram aos cargos

por RTP
Foto: Filipe Silva - RTP

Os membros do Conselho de Administração do Hospital Amadora-Sintra renunciaram aos cargos. O pedido de renúncia foi apresentado esta quinta-feira à ministra da Saúde e ao diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde.

"Esta decisão permitirá à tutela implementar as medidas e políticas que considere necessárias, não sendo este Conselho de Administração um obstáculo", adianta em comunicado.

Na quarta-feira, o presidente da ULS Amadora-Sintra, Luís Gouveia, reuniu-se com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e no final tinha indicado aos jornalistas que se manteria em funções.


"Nós mantemos, naturalmente, a capacidade de trabalhar diariamente. Somos profissionais no hospital e na unidade local de saúde", disse Luís Gouveia em resposta à pergunta se a ministra mantinha a confiança no Conselho de Administração.
Telejornal, 6 de fevereiro de 2025

Esta reunião, que já tinha sido pedida pelo administrador hospitalar, aconteceu dois dias depois do bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, ter pedido intervenção direta da ministra, por considerar que o hospital está a trabalhar "muito abaixo dos limites" de segurança clínica.

Em entrevista à RTP3, Carlos Cortes adiantava que o hospital tinha chegado "a um ponto insustentável e de rutura".

Luís Gouveia reconheceu na quarta-feira os constrangimentos que existem no serviço de Cirurgia Geral devido ao "número limitado de cirurgiões", após a saída em 31 de outubro de dez especialistas do serviço.

"Temos nove especialistas que pertencem atualmente ao quadro, temos também prestadores que trabalham também diretamente com o serviço de cirurgia geral, e temos também muitos prestadores, também eles especialistas", afirmou. 

O responsável acrescentou ainda que o hospital tem atualmente 22 médicos prestadores de serviço para assegurar as escalas de urgência.

Para garantir as escalas adequadas e em número suficiente para cumprir os níveis de contingência na cirurgia geral, foram contratados mais especialistas e está aberto um concurso para contratar "todos os cirurgiões" possíveis, acrescentou.

No comunicado, o Conselho de Administração demissionário sublinha que tomou posse a 5 de julho de 2023, assumindo a responsabilidade de liderar a instituição, "num momento delicado, na sequência das denúncias de situações de alegadas más práticas médicas, no Serviço de Cirurgia Geral".

"O regresso à instituição, em outubro de 2024, dos cirurgiões que denunciaram estas situações, motivaram a saída concertada de 10 especialistas do Serviço de Cirurgia Geral"
, sublinha, referindo que foi feita uma aposta "de forma estratégica na qualificação e reforço da equipa, garantindo a continuidade dos serviços prestados".

A instituição salienta que é neste contexto que surgiu a proposta da Ordem dos Médicos de retirada da idoneidade formativa do Serviço de Cirurgia Geral, anunciada em 15 de janeiro, uma decisão que o CA contesta por considerar que estão verificados os requisitos para o serviço manter a formação dos internos.

Sublinha que esta proposta não é definitiva, porque decorre o prazo para o exercício do direito de audiência prévia, e refere que solicitou à OM o acesso a documentos administrativos essenciais à pronúncia, os quais ainda não foram disponibilizados.

(com Lusa)
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