Análises à água de albufeira em Castelo Branco "são muito parciais"

por Lusa

A Plataforma de Defesa da Albufeira de Santa Águeda afirmou hoje que as análises recentemente divulgadas à água da albufeira "são muito parciais" e apenas cobrem 09% das mais de 1.300 substâncias que são permitidas na agricultura em Portugal.

"O mais gritante é que as análises que foram divulgadas recentemente, são muito parciais e apenas cobrem 09 % das mais de 1.300 substâncias que são permitidas na agricultura em Portugal. Claramente que não estamos a querer encontrar o problema", afirmou Samuel Infante, porta-voz da Plataforma e membro do núcleo regional de Castelo Branco da Quercus, durante uma conferência de imprensa sobre a Albufeira de Santa Águeda/Marateca.

Milhares de peixes mortos têm estado a ser retirados da albufeira de Santa Águeda, em Castelo Branco, mas o município garantiu que todas as análises feitas à água garantem qualidade para consumo humano.

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA)esclareceu também que está a acompanhar no terreno a morte de peixe na albufeira, através de ações de fiscalização e do reforço da monitorização da qualidade da água.

A albufeira de Santa Águeda é responsável pelo abastecimento público de água a quatro concelhos (Castelo Branco, Fundão, Idanha-a-Nova e Vila Velha de Ródão).

Samuel Infante sublinhou que a morte de peixes e de aves continua a registar-se na albufeira.

"Há quatro anos que pedimos acesso ao histórico de análises para acompanhar a situação da albufeira", mas "é-nos é negado esse direito. Os SMAS [Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Castelo Branco] nas análises que estão disponíveis informa, em comunicado, que está tudo bem, mas as análises não são divulgadas. Há uma falta de transparência terrível por parte da APA e de quem distribui a água aos consumidores", sustentou.

O ambientalista defendeu que quando existe um problema desta seriedade é necessário envolver não só a APA, mas também a academia e investigadores.

"É preciso, de uma maneira séria, querer olhar para os problemas e encontrar a solução. É vergonhoso que a bateria de análises que está a ser feita cubra apenas 09% [das substâncias] e dos 60 agrotóxicos que foram analisados [pela APA], apenas 10 estão permitidos por lei. Portanto há um completo desfasamento sobre o que é a realidade aqui. Um dos herbicidas mais vendidos em Portugal nem sequer foi analisado. Vamos ser sérios nesta análise", frisou.

Samuel Infante entende que não está a haver seriedade na análise que está a ser feita e adianta que "é espantoso", pois "75% dos produtos ativos analisados já nem sequer são comercializados".

"É urgente, para tranquilidade das populações, de uma vez por todas, que nos sentemos à mesa para encontrar soluções. A plataforma tem estado a colaborar e estamos sempre disponíveis para encontrar soluções. O que parece é que a APA não está a querer resolver os problemas", concluiu.

A plataforma vai continuar a acompanhar este processo e a exigir que as autoridades cumpram a lei, promovam a reposição inicial das situações ilegais, salvaguardem os interesses públicos de proteção ambiental e de saúde pública desta área de grande sensibilidade ecológica e importância estratégica.

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