António Costa: "Não viro a cara ao país"

por Mário Aleixo - RTP
António Costa rejeita qualquer cenário que inclua o seu pedido de demissão Lusa

O primeiro-ministro afirmou na segunda-feira que nunca contribuirá para nenhuma crise política e não virará a cara ao país, depois de questionado se continuará em funções caso o Orçamento chumbe e tenha de governar em duodécimos.

Em entrevista à TVI, na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, António Costa foi confrontado com o cenário de a proposta de Orçamento do Estado para 2021 não passar na Assembleia da República. Interrogado se tenciona demitir-se caso seja forçado a governar por duodécimos, o primeiro-ministro respondeu: "Se há coisa que eu não contribuirei nunca é para haver crise política no contexto desta crise pandémica, desta crise económica e desta crise social".

"Não viro a cara ao país nem viro a cara às pessoas. Tenho bem consciência do que é que o país as pessoas estão a sofrer neste momento", respondeu, dizendo que o seu objetivo e aprovar na Assembleia da República "aprovar um bom Orçamento e não ficar a governar em duodécimos”.
Em relação à situação de impasse negocial entre o Governo e o Bloco de Esquerda e o PCP, o primeiro-ministro considerou que "todos reconhecem" que a proposta orçamental do executivo "não tem nenhum retrocesso quanto aos progressos alcançados desde 2015".
António Costa fez questão de salientar que as negociações com o Bloco de Esquerda, PCP e PAN "obviamente não estão fechadas" e afirmou ser legítimo que qualquer um destes partidos "procure ainda introduzir melhorias relativamente à proposta apresentada".
A manutenção da geringonça
Costa frisa que, nas últimas eleições, "os portugueses disseram que queriam que a chamada geringonça continuasse, agora com um PS mais forte. Foi o que os portugueses disseram muito claramente".
O primeiro-ministro acrescenta que a "leitura que faz dos resultados eleitorais é de continuidade da legislatura anterior. Se é com papel passado, ou sem papel passado, é uma questão secundária".

"Os parceiros naturais da negociação, sobretudo de uma resposta à crise, que é uma resposta não austeritária, são naturalmente os partidos que connosco viraram a página da austeridade em novembro de 2015", acrescentou.App StayAway Covid e máscaras
O primeiro-ministro pediu ao parlamento para "desagendar" a apreciação na sexta-feira do diploma que continha a obrigatoriedade do uso da aplicação Stayaway Covid, ficando apenas a proposta "consensual" do PSD sobre a imposição do uso da máscara.

"Entretanto, o PSD apresentou um diploma só sobre a obrigatoriedade do uso das máscaras nos espaços públicos. Portanto, se essa matéria sobre as máscaras é consensual, então legislemos já sobre as máscaras", justificou o líder do executivo.
Rejeitado o estado de emergência
O primeiro-ministro afirmou ainda que o regresso do país ao estado de emergência não está em cima da mesa, frisando que esta é uma competência constitucional do Presidente da República e que o anterior confinamento teve "custos imensos".

Esta posição foi transmitida por António Costa na referida entrevista e especificou: "Não é um cenário que neste momento esteja em cima da mesa", respondeu o líder do executivo, depois de questionado se já abordou este assunto com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Neste ponto, António Costa salientou que o cenário adotado pelo Governo foi o de elevar o estado de alerta para o nível de calamidade.

"Neste momento, este (estado de calamidade) é o nível adequado, mas tudo depende de um conjunto de fatores. É verdade que vamos ter um maior número de novos casos por dia do que na pior fase da pandemia em abril passado. Mas, felizmente, agora, com muito menos internados do que havia na altura e, sobretudo, com muito menos internados em cuidados intensivos, o que se deve muito ao facto de ter havido uma alteração significativa da faixa etária atingida", defendeu o primeiro-ministro.
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