Arcebispo de Évora pede mais segurança como forma de homenagear os mortos

por Lusa

O arcebispo de Évora pediu hoje mais segurança, um ano após a derrocada de um troço da estrada 255 em Borba (Évora), para que "a grande homenagem" a prestar aos mortos "seja a segurança de todos".

"Gostava de apelar a todos aqueles que têm responsabilidades para que, após a fiscalização, que já parece terem feito em abundância, passassem às posições consequentes que levam às mudanças para que a grande homenagem que possamos prestar socialmente aos que morreram seja a segurança de todos", afirmou.

Francisco Senra Coelho falava à agência Lusa a propósito da passagem do primeiro ano sobre o colapso de um troço da estrada municipal 255 entre Borba e Vila Viçosa, no distrito de Évora, que provocou cinco mortos.

"As famílias pedem, a nível íntimo e de caráter familiar, a celebração da missa do primeiro aniversário, mas, para além dessa dimensão da fé, do sufrágio, devemos fazer a homenagem aos cinco mortos com a preocupação de que a segurança urge", insistiu.

O prelado alentejano disse que continua "a ouvir pessoas preocupadas" e outras que "têm informação e formação sobre alguns aspetos de perigo e de menos segurança" na zona dos mármores do Alentejo e que "tem havido um retardar da tomada de soluções".

"São verdadeiras feridas abertas aqueles buracos e aquelas cicatrizes morfológicas no próprio terreno", realçou Senra Coelho, questionando "se esta é a solução definitiva e se tudo vai ficar assim", ao referir-se, sobretudo, às pedreiras desativadas.

"Sabemos que ali estão ratoeiras seguidas e situações muito preocupantes porque as pessoas passam e era necessário haver uma reflexão de fundo sobre como cuidar da segurança e, ao mesmo tempo, do território que ficou no mutilado", acrescentou.

O arcebispo de Évora lembrou que, há um ano, após a tragédia, esteve presente junto das comunidades e associou-se com os párocos locais às homenagens e à celebração de missas.

Para o prelado, após o acidente, num primeiro momento, "sentiu-se hesitação, quase uma preocupação em perceber de quem era a responsabilidade, não existindo a sensibilidade para o acompanhamento que as famílias precisavam naquele momento".

"Eu ouvi lamentações de uma série de insensibilidades, mas rapidamente esse problema foi ultrapassado e as situações foram atendidas com cuidado", disse, referindo-se ao pagamentos das indemnizações às famílias.

"Nunca se pode indemnizar uma vida perdida, mas pode-se recompensar as famílias perante as aflições e a falta de ordenado de um pai e de um marido", frisou, felicitando "todas as instâncias envolvidas" no apoio às famílias das vítimas.

Na tarde de 19 de novembro de 2018, um troço de cerca de 100 metros da Estrada Municipal (EM) 255, entre Borba e Vila Viçosa, colapsou, devido ao deslizamento de um grande volume de rochas, blocos de mármore e terra para o interior de duas pedreiras, provocando cinco mortos.

As vítimas mortais foram dois operários de uma empresa de extração de mármore, na pedreira que estava ativa, e outros três homens ocupantes de duas viaturas automóveis que seguiam no troço da estrada que ruiu e que caíram para o plano de água da pedreira sem atividade.

Tópicos
pub