Brigadeiro-General Boga Ribeiro: o comandante humanista

por António Mateus, Rui Alves Cardoso, Filipe Silva e Joana Almeida - RTP

Aos 55 anos assumiu o comando da missão militar mais complexa, extensa e perigosa da União Europeia no exterior desta, numa fase em que a missão acabaria por enfrentar o obstáculo adicional da pandemia de Covid-19.

A 13ª missão da European Union Training Mission (lançada em fevereiro de 2013) foi liderada de 12 de dezembro de 2019 a 16 de abril último pelo Brigadeiro-General João Pedro Boga Mendonça com uma competência reconhecida por Bruxelas em medalha por serviços excepcionais.

Em entrevista exclusiva ao programa Olhar o Mundo - que será emitido neste sábado na RTP3 (14h20) - Boga Ribeiro é humilde no assumir do destaque para si de elogios que reparte pelos mais de 800 efectivos que comandou no Mali.

"Levo comigo a experiência que tive no relacionamento com 29 nações. O comando de uma missão desta natureza não se faz exclusivamente do ponto de vista hierárquico. Faz-se muito por capacidade de persuasão que espero ter tido no sentido de congregar esforços e fazer com que sob a bandeira da União Europeia cada país pudesse ter um contributo efectivo em relação à população maliana, à região do Sael e ao progresso e vida daquelas pessoas".

Questionado pelo jornalista António Mateus qual foi uma das chaves de sucesso deste desafio, Boga Ribeiro sublinha: "é um trabalho sentido 24 horas por dia e é com muito coração que se coloca em todas as ações, com aquele jeitinho português".

Com o agravar da situação de segurança no terreno, a tarefa de formação de formador das forças armadas do Mali foi alargada em maio, ao aprontamento de forças constituídas.

Uma dinâmica abalada com a chegada da pandemia do coronavírus; a 24 de março foram identificados os dois primeiros casos de contágio de malianos, quando a missão já aplicava medidas preventivas. Apesar desses cuidados, registou-se a 8 de abril o primeiro caso entre efectivos da EUTM13, que acabaria por ter retrair 330 militares e todos os civis para os respectivos países, para conseguir aplicar os protocolos de distanciamento adequados no perímetro das bases de Bamaco e Koulikoro.

O "alargamento da área de operações da EUTM-Mali enquadra-se na abordagem global da União Europeia para a estabilização da crise securitária na região do Sahel", lia-se na informação do EMGFA, em maio.

O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, visitou as tropas portuguesas no Mali em janeiro.

Em março, a União Europeia (UE) decidiu prolongar até 18 de maio de 2024 a sua missão militar no Mali, mobilizando quase 135 milhões de euros para a iniciativa.

Desde 2012, o Mali tem sido confrontado com os ataques de grupos "jihadistas", bem como com a violência intercomunitária que já provocou milhares de mortos e centenas de milhares de deslocados.

Entre as baixas desses ataques contou-se em junho de 2017 um militar português, o sargento-ajudante Paiva Benido, atingido durante um assalto por jihadistas ao Hotel Le Campement Kangaba, nas imediações de Bamako.
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