Bruno de Carvalho e Mustafá saem em liberdade

por RTP
"Não sou traficante, nem terrorista. Sou líder da claque", argumentou Nuno Mendes, ou Mustafá, aos jornalistas Rui Minderico - Lusa

O juiz de instrução criminal do tribunal do Barreiro decidiu que o ex-presidente do Sporting e o líder da claque Juve Leo vão aguardar em liberdade o desenvolvimento da investigação ao caso do ataque à Academia do Sporting. Aos dois arguidos foram impostas a obrigatoriedade de apresentações diárias às autoridades e a prestação de uma caução no valor de 70 mil euros. Passam hoje precisamente seis meses sobre a invasão às instalações de Alcochete.

De acordo com uma nota do tribunal à comunicação social, há “indícios da verificação dos pressupostos objetivos e subjetivos dos tipos de crimes que lhe são imputados”. O juiz considerou que “a atuação dos arguidos revela um manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocam nas vítimas”.

No comunicado pode ler-se que “uma vez que apenas em relação à prática do crime de tráfico de estupefacientes imputado ao arguido Nuno Mendes se verificam fortes, os indícios resultantes dos elementos de prova".

Por não se verificarem esses indícios fortes quanto aos restantes crimes, o juiz argumenta não ser possível aplicação de medidas mais gravosas de proibição ou imposição e condutas, obrigação de permanência na habitação e prisão preventiva.

O tribunal decidou assim "para além do Termo de Identidade e Residência, as medidas de coacção de apresentações diárias nos Órgãos de Polícia Criminal das respectivas áreas de residência e ainda a prestação de caução, no montante de € 70.000,00”.

Tanto Bruno de Carvalho como Nuno Mendes estão indiciados por vinte crimes de ameaça agravada, doze crimes de ofensa à integridade física qualificada, vinte crimes de sequestro, dois crimes de dano com violência, dois crimes de detenção de arma proibida agravado e um crime de terrorismo. Nuno Mendes está também indiciado “fortemente”, pela autoria material de um crime de tráfico de estupefacientes.
Mustafá. "Não sou traficante nem sou terrorista"
O líder da claque Juve Leo disse, à saída do Tribunal do Barreiro, considerar ser "injusto" estar envolvido no processo de ataque à equipa de futebol na Academia de Alcochete. "Não sou traficante, nem terrorista. Sou líder da claque", argumentou Nuno Mendes aos jornalistas. "Não tenho nada a ver com isto", reforçou, no meio de uma grupo de adeptos que lhe foram prestar apoio.

A 15 de maio, após uma derrota por 2-1 com o Marítimo, na derradeira jornada da I Liga, a equipa de futebol do Sporting foi atacada na Academia de Alcochete por dezenas de presumíveis adeptos encapuzados.

O ex-presidente do Sporting foi detido na tarde de domingo. Acabou por só ser ouvido na quarta-feira por um juiz de instrução criminal do Tribunal do Barreiro. Nuno Mendes, o líder da claque Juventude Leonina, foi igualmente detido no fim de semana.

O caso da invasão da Academia de Alcochete a 15 de maio já levou a 40 detenções. Trinta e oito arguidos estão em prisão preventiva. São suspeitos de terrorismo, ofensa à integridade física qualificada, ameaça agravada, sequestro e dano com violência.
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