Buscas na Madeira. Diretor da PJ rejeita alegadas fugas de informação

por Andreia Martins - RTP
Foto: Tiago Petinga - Lusa

Em conferência de imprensa, Luís Neves, diretor da Polícia Judiciária, rejeitou que tenha havido fugas de informação no âmbito das operações de busca na Madeira e garantiu ainda que a comunicação social não teve acesso a qualquer informação prévia. O responsável adiantou esta terça-feira que as 130 buscas realizadas na última semana levaram à mobilização de 140 inspetores e dez elementos da polícia científica para a região autónoma.

Quase uma semana após as buscas realizadas na quarta-feira passada, o diretor da Polícia Judiciária respondeu às questões dos jornalistas sobre como foi desencadeada esta operação.

Na sede da Polícia Judiciária, em Lisboa, Luís Neves congratulou-se com a forma como o processo decorreu, assinalando que o cumprimento das diligências “foi eficaz a 100 por cento” e que “nenhum dos locais ou dos visados foi antecipadamente alertado”.

A comunicação social "não teve conhecimento antecipado e não acompanhou" as buscas a partir das 7h00 da manhã.

Mais indicou que o transporte dos investigadores foi preparado entre a Polícia Judiciária e o Estado-Maior da Força Aérea “no mais completo sigilo e com total respeito pelo segredo de justiça”.

A Polícia Judiciária não se revê e nunca se reviu na fuga de informação e procura evitar que ela possa ocorrer”, vincou ainda na declaração inicial, acrescentando que não houve recolha de imagens da entrada dos inspetores no Governo Regional, Câmara Municipal ou secretaria regional.

Em 107 buscas na região autónoma e outras 25 no continente, Luís Neves considerou que foi alcançada a "discrição" possível nas diligências perante uma operação desta dimensão.

Com respeito à alocação de meios, Luís Neves reiterou que os princípios da "proporcionalidade, necessidade e adequação" de meios foram critérios importantes.

“A Polícia Judiciária decidiu deslocar para a região autónoma da Madeira 140 inspetores e dez especialistas de polícia científica”, sublinhou.

A operação, afirmou, “permitiu a salvaguarda da investigação e o cumprimento de imperativos processuais, ou seja, colocar na sede da PJ toda a prova apreendida para que (…) o Ministério Público pudesse a ela ter acesso em tempo útil”.

Esse cenário não seria possível “se a opção fosse ter viajado em voos comerciais”, considerou Luís Neves, também devido ao “transporte do vasto equipamento informático para realizar as buscas e a apreensão de documentos em meios digitais”.

Sobre o timing da operação, o diretor da Polícia Judiciária sublinhou que todas as investigações estão sujeitas a “formalismos e a regras consagradas processual e constitucionalmente que não se compaginam com especulações mediáticas”. De acordo com o responsável, sabia-se desde finais de setembro da necessidade de realizar esta operação.

“Uma operação desta envergadura requer muito tempo de preparação porque é preciso recolher informação sobre dezenas, se não mesmo centenas de locais e moradas a reconhecer e rotinas dos alvos a carecer de estudo e trabalho minucioso e cirúrgico”, sublinhou.
"Buscas foram feitas quando tinham de ser feitas"
Em resposta às questões dos jornalistas, Luís Neves esclareceu que a Polícia Judiciária também contou com os meios existentes na Madeira. "Os únicos que não estiveram disponíveis foram os elementos que estavam de piquete", adiantou. No total, foram utilizados 24 meios da Madeira, havendo um total de 28 elementos naquela região, acrescentou.

Sobre a opção de viajar com a Força Aérea, o diretor da PJ explica que essa foi a opção tomada da partir do momento em que se soube quais seriam os meios necessários e que as Forças Armadas "não questionaram sequer" para que seria necessário este apoio.
Até porque, acrescentou, se a deslocação tivesse ocorrido em voos comerciais, os meios técnicos e humanos teriam de ser "colocados faseadamente" na véspera ou na antevéspera das diligências.

Explicou também a própria necessidade de dar a conferência de imprensa desta terça-feira, considerando que estava a ser colocada em causa a "idoneidade” desta operação e indicou ainda que entendeu não dar um nome à mesma, ao contrário do que muitas vezes acontece. "Entendi que esta ação não tinha de ser batizada", afirmou.

Questionado sobre o momento em que a operação decorre, Luís Neves afirmou que as buscas "foram feitas quando tinham de ser feitas" e que a decisão de levar a cabo este conjunto de buscas foi tomada poucos dias após as eleições da Madeira, a 24 de setembro.

Entre o final de setembro e as diligências a Polícia Judiciária trabalhou em "reconhecer cerca de uma centena de moradas e de locais" para conseguir levar a cabo "buscas cirúrgicas".

O diretor da PJ pretende que o trabalho ocorra independentemente de calendários eleitorais e outros fatores externos. "Não nos podemos é inibir e ter medo de fazermos o nosso trabalho", vincou.
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