Chefe das Forças Armadas afirma que situação “é insustentável”

por Cristina Sambado - RTP
Reuters

O chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas queixa-se da falta de recursos humanos. O Almirante Silva Ribeiro, que está há cerca de um ano no cargo, fala de uma “situação insustentável” e revela que faltam pelo menos seis mil militares nas várias forças.

“O problema mais grave que as Forças Armadas têm é a falta de recursos humanos, mas com os que temos vamos cumprindo as missões, só que isso leva a um esforço tremendo, não temos os 32 mil efetivos que devíamos, só 26 mil, e os que temos têm de repetir muitas vezes as missões”, afirmou o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas numa entrevista ao jornal Público e à Rádio Renascença.

Segundo o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, “quando se vai para uma operação destas o stress psicológico é tremendo e não se pode estar a dar apenas seis meses a um ano de intervalo, tem de se dar mais. É por isso que muitos abdicam da sua carreira militar”.

Para o Almirante Silva Ribeiro, as Forças Armadas estão “em risco de desequilíbrio entre as missões e os meios humanos. A realidade dos efetivos é absolutamente insuficiente. Não tem a ver com as forças destacadas, mas com o conjunto de missões”.
“Recentemente recusámos um pedido da Proteção Civil de mais militares para as patrulhas de vigilância. Esta situação é insustentável”, realçou.


Nesta entrevista, o militar afirmou que “a Força Aérea já tem problemas de disponibilidade de pessoal para a manutenção dos seus meios e para a própria vigilância e segurança das unidades. A Marinha tem navios que não têm lotações completas, o Exército tem regimentos que deviam ter 360 praças e têm 100, 120. Este é o problema mais premente das Forças Armadas. Estamos profundamente empenhados em inverter esta situação”.

“Por isso estamos num grande esforço de abertura à sociedade e de repor condições para atrair e reter os jovens”
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O chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas assinala ainda a “discrepância salarial entre o de uma praça do quadro permanente e uma agente da PSP ou guarda da GNR que, na mesma categoria, figura em quase 400 euros. Por isso, este ano, o Exército já perdeu 800 praças, porque quando abre concurso na GNR e na PSP as praças concorrem”.
“Além disso há outras questões, as infraestruturas, os alojamentos, estão degradados e os jovens não estão dispostos a viver em instalações daquelas”.
Para o Almirante Silva Ribeiro o assalto aos paióis de Tancos “revelou o principal problema, a falta de recursos humanos. Claro que em Tancos há coisas para além disso, mas as Forças Armadas vivem com um défice muito elevado”.

Estão em falta 4100 praças no Exército, 535 na Marinha e 950 na Força Aérea.

O oficial garante que tem “alertado o Governo para esta situação de redução dos efetivos das Forças Armadas”.
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