Jornalistas portugueses atingiram índice de esgotamento superior ao dos enfermeiros

por Antena 1

Foto: António Antunes - RTP

A precariedade laboral, a dificuldade em conciliar vida profissional e familiar, em lidar com a pressão inerente à atividade, as horas de trabalho e o assédio moral são, de acordo com um inquérito nacional, a tempestade perfeita para o burnout nos jornalistas.

Segundo os dados preliminares do Inquérito Nacional às Condições de Vida e de Trabalho dos Jornalistas em Portugal, 48% dos inquiridos dizem ter níveis elevados de esgotamento profissional; 18% sentem-se em exaustão profissional, um valor acima da média europeia.

Depois de trabalhados por Raquel Varela, os dados do inquérito apontam para um índice de esgotamento profissional de 40,7 - sendo que acima de 40 já é preocupante e, a título de exemplo, os enfermeiros portugueses têm um índice de esgotamento de 40,3.

Os principais dados deste inquérito nacional são aqui detalhados por Isabel Nery, jornalista e coordenadora deste projeto que teve o apoio da Federação Europeia de jornalistas.

Estes resultados vão agora ser analisados por grupos de trabalho e serão entregues ao Ministério da Cultura, que tutela a comunicação social, lá mais para o final do verão.

Este trabalho começou há mais de dois anos, numa parceria entre o Sindicato de Jornalistas, a Casa da Imprensa e a Associação Portuguesa de Imprensa – que organizaram sessões de formação e sensibilização, para tentar preparar melhor os jornalistas para esta questão, que ainda é tabu nesta profissão, sublinha Isabel Nery.

Hoje o Sindicato dos Jornalistas organiza uma conferência, na Casa da Imprensa em Lisboa, entre as 9h e as 17h, com transmissão no youtube, onde vai ser possível, por exemplo, ouvir o testemunho de Mar Cabra, jornalista espanhola, vencedora do Prémio Pulitzer pelo seu trabalho nos Panama Papers e que teve depois um burnout.
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