Covid-19. Portugal registou variação de casos inferior esta quinta-feira

por RTP
António Cotrim - Lusa

Entre esta quarta-feira e quinta-feira, a variação no número de casos confirmados do novo coronavírus foi de 22 por cento, de 642 casos para 785. Ainda que os números sejam elevados, revelam uma das menores variações de dia para dia registada nas últimas duas semanas. Há uma semana que a percentagem se mantinha acima dos 30 por cento. No entanto, os dados ainda não permitem comprovar os efeitos positivos do isolamento social voluntário, uma vez que muitos portugueses podem estar infetados mas ainda sem sintomas.

O número de casos tem vindo a evoluir progressivamente ao longo das duas últimas semanas, mas esta quinta-feira registou-se uma variação de dia para dia inferior às anteriores. Desde 11 de março que a variação diária em Portugal ultrapassou sempre os 30 por cento, tendo mesmo chegado aos 51 por cento entre sexta-feira e sábado, dias 13 e 14 de março.

Nos restantes dias, a variação esteve entre sempre acima dos 30 por cento, refletindo uma maior identificação de casos de dia para dia. Em termos numéricos, quarta-feira foi o dia em que se registou a maior subida de casos confirmados, de 448 para 642 casos em apenas 24 horas.


Há nesta altura 785 casos confirmados de Covid-19 em Portugal, mais 143 casos que na quarta-feira. No entanto, a curva exponencial que rege a maior parte dos estudos matemáticos previa que se ultrapassassem os 900 casos no dia de hoje.

Ainda que a variação desta quinta-feira - de apenas 22 por cento - possa sinalizar um sinal positivo de abrandamento, poderá também estar correlacionado com o número de testes que são feitos e qual o seu alcance territorial e populacional, bem como o tempo que o vírus demora a manifestar-se.

Nos últimos dois dias, foram inaugurados vários centros de teste nas cidades de Lisboa, Cascais, Porto e Gaia, que pretendem massificar o diagnóstico e chegar a mais casos suspeitos.

Para além disso, a própria Direção-Geral da Saúde admitiu esta quinta-feira, durante a conferência de imprensa diária, que milhares de portugueses podem estar infetados, mas ainda sem sintomas.

“Todos nós sabemos que há pessoas que não manifestam sintomas, sabemos que as pessoas que estão a ser testadas já se infetaram há cinco ou seis dias”, afirmou Graça Freitas.
Outro cenário contraditório de uma leitura positiva dos dados mais recentes foi traçado esta quinta-feira pela Escola Nacional de Saúde Pública.

Num estudo com base em modelos matemáticos para prever o que se vai passar em Portugal nos próximos dias, a ENSP estima que, em média, por cada 100 casos de Covid-19 em Itália, haja sete casos em Portugal.

“Atualmente, a análise desses modelos diz-nos que todas as curvas, na fase em que nos encontramos e independentemente do país analisado, são exponenciais (ou similares), ou seja, têm uma evolução crescente acentuada. A curva portuguesa segue o mesmo trajeto, à sua escala, comparando com os períodos análogos dos outros países”, sublinhou, em declarações à agência Lusa.

O estudo prevê ainda que haja 30 novos casos em Portugal por casa 100 em Espanha.

Segundo os investigadores, Portugal está a seguir as curvas dos outros países, mas em escalas diferentes.

No entanto, Carla Nunes sublinhou que o país pode afastar-se de uma previsão que seria catastrófica para Portugal, evitando a taxa de contacto e, assim baixando a taxa de transmissão.

“Comparativamente aos outros países, Portugal tomou medidas de promoção do isolamento social mais cedo e foram aparentemente bem adotadas pela população portuguesa, segundo os órgãos da comunicação social”, observou a diretora da ENSP.

 
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