Doces de Natal: excesso ou exceção?

por RTP
RTP

Natal é sinónimo de família, de alegria, de momentos especiais de celebração e convívio em volta de uma mesa bem composta. É difícil pensar nas festas da época natalícia e não associar logo aos pratos tradicionais e aos muitos doces que enfeitam as mesas de todas as famílias. Há forma de tornar a quadra mais saudável? Há, mas um excesso até pode ser aceite como exceção.

As primeiras celebrações do Natal, segundo a história, consistiam em vigílias de celebração do povo em jejum. Mas ao longo dos tempos esta prática foi abolida e substituída por uma refeição, a que designamos de consoada.

A ceia de Natal, ou consoada tradicional portuguesa, inicialmente era uma refeição leve e simples de peixe. Atualmente, em Portugal, a consoada mais tradicional é composta pelo bacalhau cozido com batatas e couves, seguida de uma quantidade exacerbada de doces.

São os doces da avó, das receitas de família cheias de açúcar, o bolo-rei, as rabanadas, os sonhos, a lampreia de ovos, os chocolates que recebemos nas trocas de prendas nos muitos jantares que se organizam nesta altura.

Natal rima com calorias, doces em excesso, barrigadas de açúcar. É uma fatia de bolo agora, uma colherada de arroz doce ou aletria a seguir, mais uma rabanada para juntar à conta e só mais um bombom, apenas para provar.

Há doces para todos os gostos, até para os mais esquisitos e torna-se difícil resistir-lhes. E a dieta resiste com tantas tentações?

Os portugueses são gulosos, o que não é de espantar, tendo em conta a nossa gastronomia. Mas, em contrapartida, têm cada vez mais cuidado, ao longo do ano, com a alimentação.

As festas são uma altura de excessos, principalmente nas calorias, nas gorduras e no açúcar consumido. E o problema é que não cometemos excessos apenas nos dias de Natal e de Ano Novo. As festas de Natal, os convívios com amigos, os jantares da empresa começam logo no início de dezembro e prolongam-se até ao fim da época festiva.
Tradição à mesa, com ou sem restrições?
As pastelarias começam cedo a confecionar e a enfeitar as vitrinas com as mais variadas iguarias típicas da época e de cada região. As superfícies comerciais vendem todos os ingredientes para os habituais cozinhados em família no Natal, com os sabores e as receitas que vão passando de geração em geração, o cheiro a fritos que inundam a casa e a tradição bem doce que a época pede.

Há sempre um doce que falta fazer, para o qual não há tempo ou receita e as pastelarias têm as melhores opções para os mais gulosos. Mas para os mais exigentes, que tentam manter uma dieta saudável todo o ano, incluindo nas Festas, já há opção?

A Pastelaria Viriato, em Odivelas, é muito procurada todo o ano pelas suas especialidades: o chiffon de chocolate, o pastel de nata e a marmelada branca. É impossível não reparar, logo ao entrar, nas vitrinas repletas de bolos e doces de todos os tamanhos e para todos os gostos.

No Natal a afluência de clientes não diminui. Pelo contrário, o bolo-rei, o bolo-rainha e os sonhos de Natal confecionados na fábrica da própria pastelaria são a especialidade da época e as encomendas são muitas.

Mas para quem passou o ano todo a seguir uma alimentação saudável ou tem, por motivos de saúde, restrições alimentares, o Natal pode ser uma exceção? Para os adeptos da comida saudável também pode haver alguns excessos nesta quadra, mas com opções mais saudáveis.

Embora ainda não seja fácil encontrar à venda em estabelecimentos comerciais doces confecionados com ingredientes mais saudáveis, já existem muitas receitas dos tradicionais doces com alguns ingredientes alterados, mas o mesmo sabor e autenticidade.
Nutrição com tradição
Muitos dos doces tradicionais de Natal já têm uma versão mais saudável para quem pretende não estragar muito os planos alimentares que faz durante o ano ou para quem não pode ingerir certos ingredientes.

Há muitas receitas para confecionarmos os doces de que tanto gostamos, mas sem glúten ou lactose, com menos açúcar ou mesmo sem nenhum, e ainda com menos gordura.

A lista de opções de substituição de ingredientes é vasta. Pode substituir-se a farinha de trigo pela integral ou por farinha à base de aveia, por exemplo. Trocar o açúcar branco pelo amarelo, ou até pela stevia, cada vez mais usada para adoçar os pratos dos mais saudáveis.

A nutricionista Ana Bravo, autora do projeto “Nutrição com o Coração” e de três livros focados na boa alimentação, considera que o Natal pode ser uma exceção, mesmo para os adeptos dos regimes alimentares.

Tanto nas consultas como no seu blogue, Ana Bravo dá boas sugestões de receitas doces mas mais saudáveis. O tronco de Natal, coberto de chocolate, não tem de ser um pecado assim tão grande. A receita sugerida pela nutricionista apresenta a substituição de alguns ingredientes, optando por farinhas sem glúten ou leite sem lactose e doce sem adição de açúcares.

O Natal pode ser uma exceção com alguns excessos, com doces para todos e sem estragar completamente os planos alimentares. Confecionados em casa ou comprados, seguindo as receitas convencionais ou substituindo-se os ingredientes pelos mais saudáveis, o Natal exige uma mesa repleta de doces.
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