Elementos da PJ e GNR em prisão preventiva na Operação Aquiles

por Ana Sofia Rodrigues - RTP
Pedro A. Pina - RTP

A medida de coação mais gravosa foi aplicada pelo juiz Carlos Alexandre a nove dos 15 arguidos no processo. Entre estes, um ex-coordenador e um inspetor-chefe da Polícia Judiciária, além de um militar da GNR. Em causa estão suspeitas de corrupção, tráfico de droga, branqueamento e associação criminosa.

O advogado do antigo coordenador da PJ, Melo Alves, adiantou aos jornalistas, à saída do tribunal, que os fundamentos do juiz para aplicar a medida de coação mais grave foram o perigo de perturbação da prova e de continuação da atividade criminosa.

O inquérito tem 17 arguidos e é conduzido pelo Departamento Central de Investigação Penal (DCIAP). Dois dos arguidos são advogados.

A decisão do Tribunal Central de Instrução Criminal foi tomada na noite desta quarta-feira, depois de vários dias de interrogatório.

Os restantes seis arguidos já ouvidos ficam sujeitos a apresentações periódicas num órgão de polícia de investigação criminal, à proibição de saída do país e à proibição de contactos com os restantes arguidos do processo.

A Operação Aquiles foi desencadeada na semana passada, a 5 de abril. Mais de 300 elementos da PJ estiveram envolvidos em cerca de uma centena de buscas domiciliárias e não domiciliárias nas zonas do Lisboa, Porto, Setúbal, Torres Vedras e Braga.

Além de forças portuguesas, houve também o envolvimento de magistrados espanhóis e elementos do Cuerpo Nacional de Policia. Foram apreendidos veículos, equipamentos informáticos, dinheiro e outros valores, além de droga.
Tráfico de cocaína
Numa nota da Procuradoria-Geral da República, é elencado o modus operandi do grupo. As associações criminosas em investigação visavam a importação de cocaína proveniente da Colômbia, por via marítima ou aérea. Droga que seria vendida em Portugal ou enviada para Espanha.
Em causa estão suspeitas da prática de crimes de corrupção ativa e passiva, tráfico de estupefacientes agravado, associação criminosa e branqueamento.
Para o tráfico da droga, havia o apoio de dois elementos da Polícia Judiciária. Um deles reformado e outro ainda no ativo. Um apoio que passava pelo fornecimento de informação acerca das investigações em curso, com a contrapartida de pagamentos dos traficantes aos elementos da polícia. Um destes elementos da PJ tinha, por sua vez, o auxílio de um militar da GNR.

Os elementos em causa são Carlos Dias Santos, coordenador reformado da PJ, o inspetor-chefe da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE), Ricardo Macedo, ainda no ativo, e ainda um cabo da GNR do destacamento de Torres Vedras, José Silva.

Carlos Dias Santos esteve 38 anos da Polícia Judiciária e pertenceu à Direção Central de Investigação de Tráfico de Estupefacientes (DCITE). O advogado de defesa referiu à saída do tribunal que o arguido poderá ver alterada a medida de coação aplicada, para prisão domiciliária, estando essa hipótese dependente de um relatório da Direção Geral de Reinserção Social.

Carlos Santos Dias foi transferido para o Estabelecimento Prisional de Évora, onde fica entretanto em prisão preventiva. Este estabelecimento prisional é destinado a reclusos que tenham desempenhado funções públicas, inclusivamente nas forças policiais.
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