Escutas voltam a implicar Figo em negócio para campanha
A PT e a Taguspark foram, de acordo com o semanário “Sol”, utilizadas pelo administrador Rui Pedro Soares para obter o apoio do ex-jogador de futebol na campanha eleitoral do PS a troco de uma doação anual de 250 mil euros para a Fundação Luís Figo. O antigo jogador rejeita ter recebido dinheiro para apoiar José Sócrates.
Foi assegurada uma doação anual de 250 mil euros para a Fundação Luís Figo, escreve o "Sol".
O "Correio da Manhã" acrescenta que foi celebrado um contrato entre a Taguspark e a Lunastar Limited, uma sociedade offshore, com sede em Londres, que há 15 anos gere os direitos de imagem de Luís Figo. O jornal dá como certo o pagamento de 175 mil dos 250 mil euros.
Este contrato seria uma contrapartida para o apoio público do jogador na campanha do actual primeiro-ministro. O contrato estipula que o jogador será o rosto de uma campanha de promoção internacional do parque tecnológico, que teria a duração de um ano, até Junho de 2010, mês do início do campeonato do mundo de futebol.
Em declarações posteriores aos jornalistas, Luís Figo confirma que tem um contrato com o Taguspark, mas nega ter recebido dinheiro para apoiar a campanha do actual primeiro-ministro.
O ex-jogador assegura que esteve ao lado de Sócrates, por razões pessoais, que nada têm a ver com a sua carreira profissional.
As escutas telefónicas publicadas esta sexta-feira, envolvem ainda dois responsáveis do Taguspark, o presidente Américo Thomati e o administrador João Carlos Silva, ex-presidente da RTP.
Os magistrados de Aveiro, onde decorre o processo Face Oculta, extraíram uma certidão com vista à abertura de um inquérito autónomo, que decorre no Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa.
Comissão de Ética ouve jornalista do Sol
A jornalista Felícia Cabrita, que tem acompanhado para o semanário "Sol" o chamado caso "Face Oculta", foi ouvida durante a manhã na comissão parlamentar de Ética que está a promover um debates sobre "a liberdade de expressão em Portugal".
Na quinta-feira, o PS solicitou a audiência dos presidentes dos conselhos de administração de duas das empresas accionistas do semanário "Sol". A estrutura accionista do "Sol" foi referida nas audições do antigo director do jornal Público José Manuel Fernandes e ao jornalista Mário Crespo
O semanário "Sol" pertence à empresa "O Sol é Essencial, SA", detido pela "Newshold, SGPS SA", com 84 por cento do capital social. São ainda proprietárias a "JVC Holding, SGPS SA" (oito por cento) e pela "Comunicação Essencial" (oito por cento).
A advogada Ana Oliveira Bruno é presidente do conselho de administração da "Newshold, SGPS SA" e do conselho de administração da "O Sol é Essencial, SA". O empresário Joaquim Coimbra, membro do conselho nacional do PSD é presidente do conselho de administração da "JVC Holding, SGPS SA".
No âmbito do processo de audições foram convocados mais de duas dezenas de personalidades, entre os quais os jornalistas do Público Tolentino da Nóbrega e Luciano Alvarez, o director de programas da SIC Nuno Santos, o comentador político Luís Delgado, o ex-director da SIC Emídio Rangel, o assessor do Presidente da República Fernando Lima, o presidente da Impresa, Francisco Pinto Balsemão.