Ex-operacional da CIA Sabrina de Sousa vai ser libertada

por RTP
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A antiga agente da CIA com dupla nacionalidade – portuguesa e norte-americana - condenada por envolvimento no rapto de um clérigo egípcio já não vai ser extraditada de Portugal para Itália, adiantou o seu advogado. Magalhães e Silva confirmou à RTP que Sabrina de Sousa vai ser libertada ainda esta quarta-feira.

O despacho do procurador de Milão chegou a Portugal momentos antes de a Interpol dar cumprimento ao mandato de extradição emitido por Itália.

Sabrina de Sousa, de 60 anos, com nacionalidades portuguesa e norte-americana, deveria ser levada da cadeia de Santa Cruz do Bispo, no Porto, onde se encontra detida desde 20 de fevereito, para uma prisão italiana.

A portuguesa, ex-agente da CIA, já deixou as instalações do aeroporto e foi transportada para o estabelecimento prisional anexo à Polícia Judiciária.

Segundo Magalhães e Silva, advogado de Sabrina Sousa, os “três anos de cadeia” a que tinha sido condenada “podem ser substituídos por trabalho comunitário” e a sua cliente vai pedir para cumprir essa pena em Portugal, onde reside há quase dois anos.
Condenada à revelia
Sabrina de Sousa, que nasceu em Goa, na Índia, foi condenada à revelia, em Itália, a quatro anos de prisão pelo envolvimento no sequestro do clérigo muçulmano egípcio Abu Omar, ocorrido em fevereiro de 2003 em Milão. Sabrina de Sousa foi detida a 5 de outubro quando embarcava para Goa, onde ia visitar um familiar.

Na terça-feira, o Presidente italiano, Sergio Mattarella, concedeu um indulto parcial a Sabrina de Sousa, reduzindo a pena de prisão efetiva para três anos.

A ex-agente da CIA perdeu vários recursos contra a extradição desde que foi inicialmente detida no aeroporto Humberto Delgado, a 5 de outubro de 2015, no âmbito de um mandato de detenção europeu.

Sabrina de Sousa alegou, nos recursos, que nunca tinha sido oficialmente informada da decisão do tribunal italiano e que não podia usar em sua defesa informação confidencial do Governo norte-americano.

Em novembro de 2016 o Supremo Tribunal de Justiça rejeitou o recurso de revisão apresentado pela ex-agente da CIA relativa ao seu processo de extradição para Itália.

Abu Omar, que foi alegadamente levado pela CIA para o Egito e torturado numa cadeia, afirmou recentemente que Sabrina de Sousa não passou de um bode expiatório em toda a história.

Em declarações ao jornal britânico The Guardian, o imã afirmou que “tanto ela como as outras pessoas condenadas foram bodes expiatórios. A administração norte-americana sacrificou-os, enquanto as altas hierarquias gozaram de imunidade”.
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