Exército. Possíveis sucessores de Rovisco Duarte chamados a audições

por RTP
O general Rovisco Duarte justificou ao Exército o pedido de demissão, sustentando que “circunstâncias políticas assim o exigiram” Mário Cruz - Lusa

O recém-empossado ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, chamou já para audições os potenciais sucessores de Rovisco Duarte na chefia do Estado-Maior do Exército. Em mensagem dirigida a este ramo das Forças Armadas, o general sustentou que “circunstâncias políticas” ditaram o seu pedido de demissão.

Num comunicado com a chancela do Ministério da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho adianta que encetou “procedimentos adequados” para render o general Rovisco Duarte à frente do Estado-Maior do Exército.
A Lei Orgânica de Bases da Organização das Forças Armadas estabelece que cabe ao Presidente da República a nomeação e a exoneração dos chefes de Estado-Maior, após proposta do Governo.

As audições dos potenciais sucessores, antes da nomeação do Chefe do Estado-Maior do Exército, são enquadradas pela Lei Orgânica de Bases da Organização das Forças Armadas. A nomeação é precedida “da audição, através do Ministro da Defesa Nacional, do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas”, almirante Silva Ribeiro, que, por sua vez, ausculta previamente o Conselho Superior do ramo.

São potenciais sucessores os tenentes-generais Guerra Pereira, comandante das Forças Terrestres e ex-chefe de gabinete do anterior Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Fonseca e Costa, comandante do Pessoal, Cóias Ferreira, comandante da Logística, o vice-Chefe do Estado-Maior do Exército Campos Serafino.

Outros possíveis sucessores são Rui Clero, general do Exército e comandante-operacional da Guarda Nacional Republicana, e os generais Nunes da Fonseca e Luís Miguel, igualmente na GNR.

Diana Palma Duarte, Sandra Felgueiras, Carlos Felgueiras e Sousa - RTP

Rovisco Duarte apresentou na quarta-feira a carta de resignação a Marcelo Rebelo de Sousa, que por sua vez a submeteu ao Executivo.
“Circunstâncias políticas”
Chefe do Estado-Maior do Exército desde 15 de abril de 2016, deveria concluir o mandato em abril de 2019. Rovisco Duarte endereçou uma mensagem interna a civis e militares ao serviço do Exército, na qual sublinhou que o pedido de demissão foi ditado por “circunstâncias políticas”.Rovisco Duarte, escolhido por Azeredo Lopes, sucedeu a Carlos Jerónimo, que se demitiu por causa de uma controvérsia em torno da direção do Colégio Militar – uma alegada discriminação de orientação sexual.

O general escreve que, quando assumiu o cargo, “sabia que ia ser uma campanha dura”, para acrescentar que “a realidade assim o provou”: em assuntos de natureza operacional, “no diálogo institucional com os diferentes atores” e “na resolução dos problemas inopinados e graves que foram surgindo”.

Na mensagem, Rovisco Duarte não faz qualquer referência ao caso do furto e da recuperação do material de guerra dos Paióis Nacionais de Tancos, que desembocou na substituição de Azeredo Lopes no Ministério da Defesa.

“Comandar é uma grande honra e um desafio único, que exige a todos os que têm o privilégio de o exercer total entrega e dedicação. Mas, ser comandado, visando o cumprimento da missão, não o é menos”, enfatiza.

O general vinca ainda que fez “sentir permanentemente, nos diferentes níveis institucionais e circunstâncias, a necessidade de ser dada satisfação aos seus anseios pessoais, profissionais e familiares”.

Rovisco Duarte estava debaixo de contestação desde o furto em Tancos, noticiado no final de junho de 2017, e depois de ter exonerado renomeado cinco coronéis no quadro da investigação interna. Decisão que levou à demissão dos generais do Exército Antunes Calçada e António Menezes.

c/ Lusa
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