Faseamento é “única forma” de reduzir taxas moderadoras, diz Marta Temido

por RTP
Reuters

O fim das taxas moderadoras nos centros de saúde vai ser faseado, não entrando em vigor já no próximo ano, como previa um projeto de lei do BE aprovado este mês. A ministra da Saúde diz agora que com a discussão deste diploma na especialidade, há possibilidade de estabelecer o faseamento. Marta Temido fez as contas para demonstrar a impossibilidade da entrada em vigor da medida em 2020. BE e PCP dizem estar surpreendidos com o anúncio.

"O faseamento, penso que não só é exequível, como é a única forma que teremos para fazer a redução daquilo que neste momento é o valor das taxas moderadoras", disse a ministra da Saúde, Marta Temido, aos jornalistas em Faro, no Algarve, à margem de uma iniciativa do PS.

Marta Temido diz que "há a necessidade de estudar a forma como esse faseamento vai ser efetuado, depois de os partidos, à exceção de um, terem decidido que o tema deveria ser discutido na especialidade".

"Há, agora, eventualmente, a necessidade de estudar o faseamento, a forma como essa limitação, a utilização de taxas moderadoras, quando elas não são verdadeiramente moderadoras, mas mais próximas de copagamentos", sublinhou.

De acordo com a governante, as taxas moderadoras, são, no modelo atual, "uma receita para o sistema" e, por isso, exige que seja feito em passos progressivos e estudados.

"Até para perceber de que forma é que a procura de cuidados de saúde reage e para repor estes cerca de 160, 170 a 180 milhões de euros", indicou.
Esquerda surpreendida
O Bloco de Esquerda criticou o recuo do PS, que pretende o fim faseado das taxas moderadoras e não o seu fim já em 2020. Catarina Martins considera “surpreendente” que agora o governo venha dizer que o valor das taxas moderadoras é importante para o financiamento do SNS quando, há uns meses atrás, dizia que a verba era irrelevante e só representava 1 por cento do orçamento da saúde.

Já o PCP, que votou a favor desta isenção, não aceita que a medida seja faseada. O secretário-geral Jerónimo de Sousa fala em esquemas que vão atrasar esta isenção, que deve ser concretizada já.


O Partido Ecologista Os Verdes juntou-se às críticas vindas da esquerda. O PEV considera que esta é uma forma de adiar uma medida que devia ser aplicada de imediata. “É uma decisão premente para o país”, argumentou Heloísa Apolónia, em declarações aos jornalistas depois da reunião do Conselho Nacional do partido.


Ordem diz que isenção nas taxas moderadoras implica novas contratações
Em resposta à proposta de isenção das taxas de moderadoras o Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, alerta para um aumento do "número de pessoas que vai utilizar" o Serviço Nacional de Saúde e "cuidados de saúde primários". Por isso, é preciso pensar num "reforço na capacidade de resposta dos cuidados de saúde primários".


O Bastonário não ficou surpreendido com a confirmação dada pela ministra da Saúde sobre enveredar por um faseamento da redução das taxas moderadoras e até considera que é a única forma, dada a escassez de verbas e recursos.

Não disfarçando uma gargalhada, Miguel Guimarães diz que os deputados quando aprovaram a proposta do Bloco de Esquerda não se recordaram da estratégia que tem sido seguida pelo Ministério das Finanças.
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