GIPS. Falta de meios paralisa reforços no combate a incêndios

por RTP
Rafael Marchante - Reuters

O Público avança esta sexta-feira que faltam viaturas pesadas e médias para o combate aos fogos de maior complexidade. Também a TSF avança que os militares continuam a aguardar a chegada de veículos, mas também de material de proteção individual. O Governo já veio assegurar que há equipamento de proteção para todos os militares, mas admite que as viaturas em falta serão entregues "gradualmente nas próximas semanas".

Quatro autotanques pesados, 12 médios e viaturas com depósitos de água. É este o equipamento essencial que falta para o combate aos incêndios e que está a impedir cerca de 170 profissionais de se estrearem no combate aos fogos.

Segundo a edição desta sexta-feira do Público, que cita duas fontes diferentes da GNR, a ausência deste material impede que parte do reforço do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS), da GNR, avance.  

No entanto, a Guarda Nacional Republicana diz apenas que o dispositivo de viaturas do GIPS já foi “reforçado no corrente ano e continuará a ser reforçado durante as próximas semanas”, e fala das oito viaturas ligeiras de combate que chegaram ao GIPS durante o mês de maio, sem fazer menção ao equipamento e viaturas pesadas em falta.

O diário refere ainda que o GIPS dispõe, pelo menos no papel, de pelo menos 181 viaturas. No entanto, na prática estarão disponíveis pouco mais de 80 viaturas neste momento.

A denúncia parte também dos representantes militares, que garantem, em declarações à TSF, que não há uma única viatura média ou pesada disponível para o combate aos incêndios mais complexos e que faltam ainda materiais de proteção individual.  

Por exemplo, os profissionais continuam a contar apenas com um fato de proteção, quando deveriam três disponíveis, de acordo com as recomendações. Uma situação que é denunciada por Adolfo Clérigo, vice-presidente da Associação Sócio Profissional Independente da Guarda (ASPIG).  

A ASPIG destaca também o caso de um concurso público que só recentemente conheceu vencedor, e que conta com um prazo de entrega de materiais até 90 dias, ou seja, em setembro.  

Neste caso, a GNR garante que o GIPS "está dotado dos equipamentos de proteção individual que permitem o cumprimento da sua missão" e que "atuará a partir dos centros de meios com brigadas helitransportadas de ataque inicial e com meios de intervenção terrestre, quer em ataque inicial quer em ataque ampliado".
Viaturas serão "entregues gradualmente"
Numa nota enviada à comunicação social durante a manhã desta sexta-feira, o Ministério da Administração Interna esclarece que "todos os militares do GIPS dispõem, neste momento, do Equipamento de Proteção Individual completo, com todos os elementos necessários ao combate aos incêndios".

O gabinete liderado pelo ministro Eduardo Cabrita eclarece no entanto que o Tribunal de Contas visou, na semana passada, os contratos de aquisição de "mais de 96 viaturas de combate a incêndios rurais" para o GIPS.

"Essas viaturas, 80 ligeiras e 16 pesadas, serão entregues gradualmente nas próximas semanas", refere a nota enviada às redações.

O Ministério assinala ainda que o GIPS recebeu oito novas viaturas de combate a incêndios na segunda quinzena de maio.
 
Na nota enviada, o Governo destaca ainda que a GNR "foi reforçada com 600 novos elementos, 500 para o GIPS e 100 para o SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente". Um cenário que significa "uma duplicação da sua capacidade em relação a anos anteriores".

"Pela primeira vez o GIPS terá atuação em todo o território do Continente e na Madeira, quer no combate inicial, quer no combate ampliado a incêndios rurais", reforça ainda o comunicado do executivo.
Governo garantiu "atempada disponibilização"

Em maio, o primeiro-ministro reconhecia que alguns processos de aquisição de material estavam atrasados devido à sua especificidade. António Costa garantia, no entanto, que o Governo estava “a envidar todos os esforços para que a sua materialização possa ocorrer a curto prazo, o que significará a sua atempada disponibilização”, sem que haja limitação da capacidade da intervenção operacional.

O chefe de Governo referia ainda que “ninguém pode estar empenhado em qualquer missão sem que esteja antecipadamente dotado dos meios necessários para desempenhar cabalmente a sua missão”.

As declarações de António Costa surgiamm depois de o jornal Público ter revelado, no início de maio, o problema de falta de meios básicos, desde luvas a fatos e a telemóveis, carros ou computadores.

Substituição dos Kamov
Este ano, o efetivo do GIPS foi aumentado em 435 militares, passando de 594 para 1092 responsáveis. Um investimento ao nível de pessoal, acompanhado por um robusto investimento financeiro em material, depois do pior ano de incêndios em Portugal em que morreram mais de 110 pessoas. 

A poucos dias de se completar um ano desde a tragédia de Pedrógão Grande, o Governo anunciou na quinta-feira a substituição dos três helicópteros Kamov do Estado que estão parados. Esses meios aéreos vão ser substituídos, pelo menos entre os meses de julho e outubro.

O Governo explica que fez uma "contratação alternativa para garantir os 55 meios aéreos que temos no dispositivo especial".

O dispositivo de combate a incêndios rurais estabelece para este ano um total de 55 aeronaves, sendo 50 alugadas e seis da frota do Estado. No entanto, da frota do Estado, os três helicópteros pesados Kamov encontram-se inoperacionais e apenas estão a funcionar os três helicópteros ligeiros.

c/ Lusa
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