Greve dos enfermeiros chega ao fim sem resposta às reivindicações

por RTP
O último dia de greve vai terminar com uma manifestação nacional marcada para as 14h00 Karen Pulfer Focht - Reuters

A greve dos enfermeiros chega esta sexta-feira ao fim, depois de seis dias não consecutivos de paralisação com adesões sempre acima dos 60 por cento. José Carlos Martins, presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, considera que estas percentagens são o reflexo da insatisfação dos profissionais em relação ao Governo e revelou que a greve não foi o suficiente para que as exigências fossem satisfeitas. Mantém, no entanto, a esperança de um acordo entre os sindicatos e o Ministério da Saúde.

“Os níveis de adesão expressam bem o grau de descontentamento e de insatisfação por parte dos enfermeiros face aos problemas para os quais o Ministério da Saúde não apresenta solução”, declarou José Carlos Martins esta sexta-feira à RTP.

O presidente do sindicato acredita que um dos impedimentos à concretização dos objetivos foi a remodelação governamental realizada no domingo, com Marta Temido a substituir o anterior ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

Espera, porém, que a nova equipa ministerial dê resposta aos problemas que afetam o setor, entre os quais o “descongelamento de escalões”, a “admissão de mais enfermeiros” ou a revisão da carreira de enfermagem. Este último é, para o presidente do sindicato, o “ponto forte deste conflito”.

José Carlos Martins revelou que está prevista uma “reunião negocial” para a próxima semana. Com base no Orçamento do Estado para 2019 e na proposta que está prevista para a saúde, diz acreditar que as reivindicações dos sindicatos serão satisfeitas.

“No âmbito dos dez mil milhões de euros que vão para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), há dinheiro suficiente” para satisfazer as reivindicações, afirmou o presidente do sindicato. Mas as exigências “não têm só a ver com dinheiro”, frisou.

O que é necessário é fazer um “caminho de negociação, com propostas e contrapropostas, até vermos se há acordo sobre as soluções ou não”. Sem acordo, os enfermeiros continuarão com “as formas de luta necessárias”.

“O primeiro-ministro já afirmou que estará sempre disponível para encontrar soluções justas, sensatas e possíveis”, acrescentou.

No primeiro dia de greve, a 10 de outubro, o então ministro da Saúde afirmou que o Governo tem “uma vontade enorme” de chegar a um entendimento com os enfermeiros sobre o modelo de carreira e valorização profissional, considerando que essa reivindicação é justa.

O último dia de greve vai terminar com uma manifestação nacional marcada pelos sindicatos para as 14h00 no Campo Pequeno, em Lisboa, acabando com uma concentração junto ao Ministério da Saúde.

A paralisação tem afetado vários serviços por todo o país. Em alguns dos dias contemplou hospitais, em outros centros de saúde e noutros todas as instituições de saúde do setor público.

Os enfermeiros exigem a definição das condições de acesso às categorias, a grelha salarial, os princípios do sistema de avaliação do desempenho, do regime e organização do tempo de trabalho e as condições e critérios aplicáveis aos concursos.

Reivindicam ainda que a Carreira Especial de Enfermagem seja aplicável a todas as instituições do setor público e a todos os enfermeiros que nelas exercem, independentemente da tipologia do contrato, e que as condições de acesso à aposentação voluntária dos enfermeiros com direito à pensão completa sejam os 35 anos de serviço e 57 de idade (base inicial para negociação).
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