INEM confirma quatro mortos em queda de helicóptero

por RTP
A equipa de emergência tinha acabado de transportar uma doente com problemas cardíacos graves para o Hospital de Santo António, no Porto José Coelho - Lusa

A informação foi confirmada oficialmente pelo Instituto Nacional de Emergência Médica às 2h00 de domingo. As autoridades esclarecem em comunicado que o helicóptero foi encontrado cerca das 1h30 na serra de Pias, em Valongo. Ainda se desconhecem as causas deste acidente. O primeiro-ministro António Costa já manifestou pesar pela morte de quatro pessoas.

A confirmação do INEM chegou durante a madrugada: quatro pessoas morreram num acidente com um helicóptero do INEM no último sábado. 


Seguiam neste aparelho um piloto e um copiloto, acompanhados por uma equipa de emergência médica - um médico e uma enfermeira. Tinham acabado de transportar uma doente com problemas cardíacos graves para o Hospital de Santo António, no Porto. 

"O incidente ocorreu numa altura em que se verificavam condições meteorológicas bastante adversas. Caberá às autoridades competentes desenvolver um inquérito para apurar com detalhe as causas do acidente, cujos contornos não são ainda neste momento conhecidos", adianta o comunicado do INEM emitido ao início da madrugada de domingo.

No briefing das 2h00, o Comandante Distrital Operações de Socorro do Porto, Rodrigues Alves, confirmou que os quatro corpos foram encontrados sem vida.

Último sinal recebido às 18h50
O helicóptero fazia a viagem de regresso à sua base em Macedo de Cavaleiros, distrito de Bragança, após ter realizado uma missão de transporte de doente, quando se despenhou.

A aeronave tinha partido de Massarelos, no Porto, por volta das 18h30 e deveria ter feito uma paragem no Heliporto de Baltar, na zona de Paredes, para reabastercer, tendo desaparecido dos radares pouco depois e acabando por se despenhar a meio dessa viagem.

O último sinal registado pelos radares da torre de controlo aéreo foi às 18h50, segundo o Comando Nacional de Operações de Socorro da Autoridade Nacional de Proteção Civil.

Tal como determina o protocolo, foram feitos vários esforços para contactar o helicóptero pelo Centro Coordenador de Busca e Salvamento da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC), mas sem sucesso.

A Autoridade Nacional de Proteção Civil refere à RTP que só recebeu o alerta por volta das 19h50, tendo nessa altura mobilizado operacionais para um perímetro alargado de buscas.

De acordo com as autoridades, houve outro alerta por volta das 20h15, em que um popular deu o conta da queda de um helicóptero. Várias testemunhas confirmaram à RTP ter ouvido um "barulho" ou "uma explosão" em Valongo.
Comandos distritais "não atenderam"
Em comunicado oficial emitido ao início da tarde de domingo, a NAV destaca que o alerta foi dado meia hora após a perda de contacto. A empresa que gere a navegação aérea avisou a Força Aérea, às 19h40, 20 minutos depois de terem sido contactados os CDOS do Porto, Braga e Vila Real, que "não atenderam".

Segundo o que foi avançado pelo INEM no sábado, a aeronave estava desaparecida desde as 18h30.

Numa descrição pormenorizada e cronológica dos acontecimentos, a NAV refere que a tripulação contactou com a Torre de Controlo do Porto às 18h30, para informar que iria descolar para Macedo de Cavaleiros via Baltar dentro de 5/6 minutos. A tripulação informou ainda que se não conseguisse aterrar em Baltar, poderia prosseguir para o Porto.

Já durante o voo, a equipa comunicou com a Torre de Controlo do Porto às 18h37, e voltou a ser contactada às 18h39 pela Torre de Controlo, que pretendia saber qual a altitude que pretendia manter. Nessa altura, a tripulação informou que iria manter 1.500 pés.

A primeira perda de sinal radar com o helicóptero deu-se às 18h55, afirmou a NAV, salientando ainda que a perda de comunicações "é normal", devido "à altitude e orografia do terreno". A hora expectável para a aterragem era às 19h00, destacou a NAV.

"De acordo com o protocolo de atuação, que determina que 30 minutos após o último contacto expectável se iniciem tentativas de contacto com a aeronave", a Torre de Controlo do Porto contactou várias entidades, entre as quais os bombeiros de Valongo e a PSP de Valongo, tendo sido ainda tentado o contacto os Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS) do Porto, Braga e Vila Real.

"Só após contactar o CDOS de Coimbra, que reencaminhou a chamada para o Porto, é que se conseguiu contactar o CDOS do Porto", enfatiza a NAV.
Equipa de emergência deixou doente no Porto

Os dois pilotos e a equipa médica regressavam à base de Macedo de Cavaleiros, em Bragança, depois de terem "realizado uma missão de emergência médica de transporte de um doente grave para o Hospital de Santo António, no Porto", adiantava o primeiro comunicado do INEM ao início da noite de sábado.

A doente era uma mulher com 76 anos de idade, com problemas cardíacos graves. Foi transportada do Hospital Distrital de Bragança para o Hospital de Santo António, no Porto.

"O transporte teve início às 15h13 horas, altura em que o helicóptero levantou voo da sua base para o Hospital de origem do doente, tendo o mesmo sido entregue aos cuidados das equipas médicas do hospital de Santo António cerca das 18h10", adiantou ainda o INEM. 



SIRESP ajudou na localização
Entretanto, o secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves, confirmou que foi a geolocalização do rádio SIRESP, a partir da identificação dos telemóveis pela Polícia Judiciária, que permitiu localizar a aeronave com uma coordenada clara.


Questionado sobre a ausência de resposta por parte das autoridades entre a hora provável da queda da aeronave e o momento em que começaram as operações, José Artur Neves preferiu deixar essa resposta para as entidades que vão investigar o acidente.

Na reação à queda deste helicóptero, o primeiro-ministro António Costa manifestou pesar pela morte de quatro pessoas. 

"Quero naturalmente apresentar às famílias e amigos as mais sentidas condolências e dirigir uma palavra de solidariedade para todos aqueles que trabalham no Instituto Nacional de Emergência Médica e que prestam um serviço inestimável aos portugueses", afirmou o primeiro-ministro em Abu Dhabi, numa escala antes de partir para uma visita a uma força nacional destacada em Cabul, no Afeganistão. 


António Costa acrescentou que o secretário de Estado da Proteção Civil e a secretária de Estado da Saúde "têm estado no local a acompanhar as operações de busca do helicóptero e de resgate das vítimas" e que a ministra da Saúde também se dirigia para o local.

O primeiro-ministro repetiu as mensagens de consternação sobre este acidente na rede social Twitter durante a manhã de domingo.




O INEM adiantava ontem que o helicóptero que caiu é um Augusta A109S, operado pela empresa Babcock. 

No Twitter, as autoridades de emergência médica destacam que o serviço de serviço de helicópteros de emergência médica do INEM foi criado em 1997. Desde esse ano efetuou "cerca de 16.370 transportes de doentes urgentes, sem que se tenha verificado qualquer incidente grave como o agora verificado".


As quatro vítimas

Em comunicado enviado às redações, a Ordem dos Médicos já veio lamentar a perda de quatro vidas ao serviço da Emergência Médica e destaca ainda o "profundo sentido de reconhecimento e homenagem" em relação a estes profissionais que morreram em serviço.

“O espírito de missão destes profissionais, que faleceram ao serviço da Humanidade, ajudou a salvar muitas vidas”, salienta o bastonário da Ordem dos Médicos. Miguel Guimarães frisa ainda que “são um exemplo para todos nós de coragem, resiliência e dedicação a uma causa maior, salvar vidas. Uma missão heróica que honra todos os portugueses”.

O Município de Macedo de Cavaleiros também reagiu em comunicado emitido durante a manhã de domingo, manifestando "o mais profundo pesar pela perda de quatro vidas humanas".

"Uma perda irreparável de quatro profissionais que consagraram a sua vida a salvar a vida dos outros, ao serviço da Emergência Médica", assinala ainda a autarquia.

Neste incidente morreram quatro pessoas: o médico Luís Vega, de nacionalidade espanhola, que trabalhava há 20 anos no Hospital de Santa Maria da Feira; a enfermeira Daniela Silva, que morava e trabalhava na freguesia de Baltar; o comandante João Lima, um piloto experiente que estava ao serviço do INEM; e ainda o copiloto Luís Rosindo.

Este é o acidente aéreo mais grave ocorrido este ano em Portugal. Sobe para seis o número total de vítimas mortais em acidentes com aeronaves desde janeiro.
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