Investigadores de Aveiro criam capa de volante que deteta fadiga de condutores

por RTP
A investigadora Helena Alves e o volante "amigo dos condutores" Foto: Universidade de Aveiro/DR

Conduzir uma viatura até pode ser estimulante, mas quando esta condição é uma rotina diária e longa podem surgir sinais de desgaste. A pensar nestas situações, uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) criou uma capa de volante capaz de alertar os condutores quando estes apresentam sinais de cansaço, informando-os de que é altura de parar e descansar. O objetivo é diminuir a sinistralidade rodoviária.

Em entrevista à RTP, Helena Alves, investigadora da UA, refere que este sistema, ao monitorizar as pulsações cardíacas, consegue avaliar o estado de saúde e emocional do condutor e verificar se a pessoa está apta para conduzir.
Desenvolvida a partir de uma colaboração entre a Universidade de Aveiro e o Instituto de Telecomunicações de Lisboa, a capa, fabricada à base de grafeno e fibras têxteis, incorpora um conjunto de dispositivos eletrónicos conservando o espetro, a flexibilidade e o toque do tecido.

Com algumas demonstrações e testes, o projeto já despertou o “interesse de algumas marcas de automóveis". Todavia, a indústria automóvel “funciona com uma visão a longo prazo”, refere a investigadora. “Os carros que estão a ser desenhados agora são os carros já de 2030. Logo, se quisermos lançar o produto neste momento, já integrado no carro, eles não vão aceitar” Mas Helena Alves tem já outros alvos em mente.
Não são só os veículos de quatro rodas que têm volante. A adaptação deste projeto pode ser alargada a outros veículos mais básicos como motas e bicicletas. Ou mais tecnológicos e de maior responsabilidade, como os aviões.
Este sistema também pode servir para enviar informações vitais aos serviços de emergência, caso se verifique um problema maior.
Os sinais captados através de sensores instalados no volante são analisados através de um algoritmo, em tempo real. E caso exista registo de sinais de cansaço ou stress o sistema manda uma notificação de alerta para o telemóvel do condutor.

“O stress é efetivamente um perigo potencial na estrada. No entanto, os principais riscos que se pretendem prevenir com este trabalho são as distrações e, em especial, a fadiga ao volante”.

Apesar de estarmos num altura em que as autoridades estão mais atentas ao uso do telemóvel por parte dos condutores. A investigadora não considera que "o envio dos alertas para os smartphones seja um problema”, isto porque, atualmente, os condutores têm acesso ao visor de outras formas seja através do “painel de bordo” incorporado nos próprios carros ou através do uso de um smartwatch".

“Sistemas que contribuam para avaliar o estado dos condutores no que diz respeito a cansaço e outros parâmetros biomédicos poderão ter um grande valor acrescentado ao nível da segurança rodoviária”.

A estes sistemas podem juntar-se outras “medidas de segurança adicionais, tais como feedback sob a forma de áudio ou vibrações para recuperar a atenção do condutor ou até mesmo provocar a imobilização do veículo”.

Futuramente, Helena Alves prevê que, através da inclusão de outros sensores, o volante possua a capacidade de medir outros indícios como a taxa de alcoolemia dos condutores, o nível de adrenalina e a atividade da pele.
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