Investigadores precários apresentam-se de "luto pela ciência" em encontro nacional

por Lusa

Representantes de cerca de 800 investigadores científicos que estão prestes a ficar sem emprego apresentaram-se hoje de "luto pela ciência" no encontro nacional que começou em Lisboa, reclamando o fim dos vínculos precários que têm há anos.

"Temos contratos de cinco anos, avaliados por júris internacionais qualificados, mas muitos terminam em 2018", disse à agência Lusa Susana Araújo, investigadora na área da Literatura que se vê confrontada com a necessidade de sair de Portugal novamente para poder viver.

Muitos dos visados "regressaram do estrangeiro, onde estiveram durante anos", como Susana Araújo, que esteve 10 anos em Inglaterra.

"As propostas que existem para o emprego científico não nos contemplam. Além disso, terminou o prazo para a regularização dos vínculos precários da Função Pública, a que muitos de nós concorreram, mas há muitas dúvidas de que sejamos abrangidos", afirmou a bióloga Rita Abranches.

A geóloga Ana Matias salientou que as pessoas nestas condições já não são jovens doutorados: "temos filhos, famílias, encargos, e eu já estou nisto há 20 anos".

Encontrando na tutela simpatia mas mais nada, resta-lhes "aproveitar a visibilidade" de encontros como o Ciência `17, uma vez que outras formas de protesto, como a greve, são ineficazes no seu caso.

"Nós somos corredores de fundo, não somos `sprinters` como os políticos. Se estamos a correr uma maratona e paramos para beber água, ninguém repara", ilustrou Ana Matias.

Com camisolas negras em que se lê a frase "Luto pela ciência", os representantes dos investigadores com contratos com a Fundação para a Ciência e Tecnologia aproveitaram para entregar o seu manifesto ao ministro da Ciência, Manuel Heitor, e ao presidente da comissão parlamentar de Ciência, Alexandre Quintanilha.

"Dizem-nos que somos tão qualificados que podemos ganhar qualquer concurso a que concorramos, mas não há concursos. Estão a mandar-nos embora outra vez", lamentou Susana Araújo.

 

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