O último dos cinco dias de Francisco em Lisboa
"Acompanhemos com o pensamento e a oração aqueles que não puderam vir por causa de conflitos e de guerras. E são tantos por esse mundo fora. Pensando neste continente, sinto grande dor pela querida Ucrânia, que continua a sofrer muito", frisou.
"(Continuem) a cavalgar as ondas da caridade (para serem) surfistas do amor", apelou aos jovens presentes.
Abusos são "extremamente graves" e precisam de "tolerância zero". Papa falou aos jornalistas no avião para Roma
Maurizio Brambatti - POOL
Francisco falou em concreto sobre o caso português, referindo que “o processo na Igreja portuguesa está a avançar bem e com serenidade”, serenidade essa que disse ser necessária no caso dos abusos.
“Os números por vezes são exagerados por causa de comentários que são feitos”, frisou o papa, pedindo aos jornalistas que colaborem para que todo o tipo de abusos sejam solucionados.
“O abuso é como uma forma de comercializar a vítima, ou pior, feri-la e deixá-la viva. Falar com uma pessoa vítima de abusos é uma experiência muito dolorosa. E a mim faz-me bem, não porque goste de o ouvir, mas porque me ajuda a perceber este drama”, acrescentou.
Francisco chamou também a atenção para outro tipo de abusos, como o laboral ou a mutilação genital.
“A minha saúde está bem”
Um dos jornalistas no avião da TAP perguntou sobre o estado de saúde do papa. “A minha saúde está bem. Levo uma vida normal”, respondeu.
“Tenho uma cinta que devo usar mais dois ou três meses para que os músculos fiquem mais fortes. Quanto à minha visão, naquela paróquia tive de interromper o discurso porque estava uma luz de frente a encadear-me e não conseguia ler”, justificou Francisco, referindo-se ao discurso em Fátima que acabou por improvisar, fugindo ao guião.
Um dos jornalistas perguntou se existe incoerência na Igreja, que se diz aberta a todos mas não é igual para todos, já que mulheres ou homossexuais não têm os mesmos direitos dentro da instituição.
“A Igreja está aberta a todos. Depois há legislações, regras que ditam a vida dentro da Igreja”, esclareceu o papa. “Não poderem fazer os sacramentos não quer dizer que a Igreja esteja fechada”.
Na visão de Francisco, “a Igreja é a mãe e orienta todos e cada um pelo seu caminho”, e depois cada um “procurará a forma de prosseguir”, e isto vale para todos: “doentes e sãos, velhos e jovens, feios e bonitos, bons e maus, até os imorais”.
A última questão foi sobre o que deve dizer-se a jovens que lutam contra problemas de saúde mental. “Hoje, o suicídio juvenil é um problema importante em termos numéricos”, considerou o papa.
“Em diálogo com os jovens, aproveitei para conversar com eles e um rapaz perguntou-me o que eu penso sobre o suicídio”, contou. “No final, disse-me ‘muito obrigado, porque o ano passado estive indeciso se devia ou não cometer suicídio’. E há tantos jovens angustiados, deprimidos”.
O papa terminou este domingo a visita a Portugal para participar na Jornada Mundial da Juventude, que na noite de sábado juntou no Parque Tejo um milhão e meio de pessoas para a vigília com o sumo pontífice.
Governo assegura que combate ao fogo e JMJ "não conflituaram"
"Não houve qualquer prejuízo para o combate aos incêndios nem para a Jornada pelo facto de termos estes dois eventos, digamos assim, a correr em paralelo", afirmou Patrícia Gaspar, em conferência de imprensa na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Lisboa.
A secretária de Estado da Proteção Civil reforçou que houve "dois dispositivos independentes" para responder a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e ao combate aos incêndios rurais, considerando que "a melhor prova" de que o planeamento que foi feito respeitou estas duas dimensões foi a capacidade que o dispositivo teve de responder a estes incêndios que ocorreram, sobretudo, nestas últimas 48 horas.
"No incêndio de Castelo Branco, estamos a falar de um número de operacionais superior a 1.000, portanto penso que ficou bem patente que, de facto, foram dois dispositivos que não conflituaram um com o outro", declarou.
A governante disse ainda que os últimos quatro dias foram "muito exigentes para todo o sistema" da Proteção Civil, agradecendo "o empenho, o profissionalismo e a entrega" de todos os operacionais, desde os bombeiros, às forças de segurança, forças policiais, força especial de proteção civil, serviços de saúde, Cruz Vermelha Portuguesa, ANEPC e serviços municipais de proteção civil envolvidos, "quer na Jornada Mundial da Juventude, quer também na resposta aos inúmeros incêndios" registados nos últimos dias.
"Agradecer, penhoradamente, todo o seu papel e tudo aquilo que fizeram. Foi, de facto, um esforço louvável e que permitiu chegarmos ao dia de hoje com um bom nível de sucesso, sobretudo no que diz respeito ao evento da Jornada Mundial da Juventude", referiu Patrícia Gaspar.
Américo Aguiar: "Estes jovens vão cheios de força e sem medo, tenham cuidado"
Foto: José Sena Goulão - Lusa
Aos líderes políticos do mundo deixou um aviso: "Este milhão e meio de jovens vão cheios de força, sem medo, tentar mudar as suas vidas, as suas sociedades e os seus países. Tenham cuidado, estejam atentos", frisou.
Francisco regressou a Roma "tranquilamente e com missão cumprida"
No entanto, nessas palavras que dirigiu aos jornalistas, Francisco não fugiu a nenhuma pergunta e não aparentava estar cansado.
Francisco "chega a Roma tranquilamente e com a missão cumprida", resume Fátima Campos Ferreira.
Fim da JMJ provocou congestionamentos no trânsito e transportes
Foto: Jose Sena Goulão - Lusa
JMJ. "A requalificação é um bom investimento", diz Ana Catarina Mendes
Sobre o facto de o Estado ter investido 32 milhões de euros neste evento, Ana Catarina Mendes referiu que “não podemos olhar para isto como mais um tostão ou menos um euro, mas sim como investimento público que é um retorno também para os cidadãos, desde logo na devolução deste espaço requalificado às pessoas”.
“Acho que é um Estado laico que recebe uma organização desta natureza. Foi o maior evento alguma vez realizado em Portugal”, continuou, defendendo ainda que um Estado laico “deve ter a consciência” da sua responsabilidade “com domínios públicos como o da requalificação deste espaço”.
“E deve também, na relação que tem com o Vaticano, assumir as suas responsabilidades”, entre as quais a organização da JMJ, acrescentou.
Costa destaca impacto "imaterial" da JMJ
Foto: Tiago Petinga - Lusa
JMJ. Marcelo faz balanço positivo e quer Igreja "ainda mais semente do futuro"
Miguel A. Lopes - EPA
O chefe de Estado renovou ainda o apelo do papa Francisco para que haja uma transformação na Igreja, tanto a portuguesa como a universal. “Uma Igreja que não seja vista de uma forma rígida na letra da burocracia, do pormenor, do formalismo” e onde “cada pessoa é uma pessoa e todas cabem”, elucidou.
Marcelo Rebelo de Sousa considera ainda que as mensagens deixadas pelo papa são uma espécie de caderno de encargos não só para os jovens, mas para toda a gente, incluindo políticos.
“A Santa Sé tem uma diplomacia contínua a trabalhar pela paz, pela ecologia. A Europa tem um papel pioneiro na ecologia, tem de regressar a isso; há pistas que foram lançadas” por Francisco, acredita o presidente, referindo ainda o tema da educação, que tem de ser “uma saída para a realidade e não fechada sobre si mesma”.
Questionado sobre se os apelos do papa vão mudar alguma coisa na governação de Portugal, o chefe de Estado respondeu que temos de perceber que “ou a juventude tem uma participação política muito maior no nosso país, como noutros países da velha Europa (…), ou nós ficamos para trás”.
Houve “coligação de forças” para a JMJ
O presidente da República recuou no tempo para contar à RTP como, há mais de quatro anos, ao saber que Portugal seria o local da JMJ deste ano, visitou com o primeiro-ministro e com o vereador da Câmara de Lisboa vários locais durante a noite para sondarem qual o sítio que acolheria o evento.
Rapidamente perceberam que, além do Parque Eduardo VII, só poderia ser o Parque Tejo – onde decorreu a entrevista à RTP. “Houve aqui uma coligação de forças para a JMJ”, explicou.
Depois, com a pandemia e a guerra, os planos atrasaram-se. “O mundo mudou, a Europa mudou, tudo mudou. E isso obrigou a arrancar num contexto completamente diferente, em que durante quatro anos não há estas Jornadas”, lembrou Marcelo Rebelo de Sousa.
Nesse espaço de tempo, também a juventude católica “mudou imenso”, nomeadamente na busca de paz, já que entretanto se iniciou uma guerra.
Isso “obrigou a repensar toda a filosofia do evento”, afirmou o PR. “Era um evento para um determinado mundo e o mundo era outro. E o papa, ele próprio, com aquela plasticidade e flexibilidade, alegria e capacidade de improviso latino-americana, constrói o discurso para esta Jornada de acordo com o novo mundo”.
Marcelo Rebelo de Sousa repetiu que considera a JMJ deste ano “um grande sucesso” e aproveitou para agradecer aos portugueses, já que o povo em geral “preparou-se para aquilo que iria acontecer”, acolhendo milhares e milhares de pessoas.
Avião com o papa Francisco já aterrou em Roma
Avião do papa já saiu de Portugal
Avião que transporta o papa já descolou
Cerimónia de despedida
Papa já está no aeroporto
Papa a caminho de Figo Maduro
"Sejam surfistas do amor", pede Francisco aos jovens
“Para finalizar, gostava de vos deixar uma imagem: como muitos de nós sabemos, a norte de Lisboa há uma localidade – Nazaré – onde se podem ver ondas que chegam aos 30 metros de altura e são uma atração mundial, especialmente para os surfistas que as cavalgam. Nestes dias, também vós enfrentastes uma onda enorme, não de água, mas de jovens que afluíram a esta cidade. Mas, com a ajuda de Deus, com tanta generosidade e apoiando-se mutuamente, todos desafiaram esta grandiosa onda”, disse Francisco, recebendo aplausos.
“Continuai assim, continuai a cavalgar as ondas do amor, as ondas da caridade, sejam surfistas do amor. É uma tarefa que vos encomendo neste momento: que o serviço que fizeram nesta Jornada Mundial da Juventude seja a primeira de muitas ondas de bem que cada vez vão ser levadas mais alto, mais perto de Deus”.
“Obrigado a todos. Bom caminho e, por favor, continuai a rezar por mim”, pediu o papa no final do seu discurso.
Papa agradece a 25 mil voluntários: "Tornastes possível estes dias inesquecíveis"
Para o sumo pontífice, “mais do que trabalho”, os voluntários prestaram “um serviço”.
“Quem ama não fica de braços cruzados, mas apressa o passo para alcançar os outros. E vós, quanto correstes nestes meses e nestes dias”, disse, seguindo-se aplausos. “Vi-vos dar resposta a inúmeras necessidades, às vezes com o rosto marcado pelo cansaço, outras vezes um pouco acabrunhados com as urgências do momento, mas sempre com olhos luminosos, porque cheios de amor”.
“Fizestes grandes coisas a partir dos gestos mais pequenos, como a garrafa de água oferecida a um desconhecido que logo se tornou amigo porque irmão”.
D. Manuel Clemente agradece aos voluntários
Voluntários falam ao papa
JMJ "foi o sinal de esperança que o país precisa", diz Marcelo
Fazendo um curto balanço sobre o evento, o chefe de Estado considerou-o “um grande sucesso para Portugal lá fora” e com “grande projeção cá dentro”.
“Foi o sinal de esperança que o país precisa”, disse o presidente, confirmando também que a ida à Coreia do Sul para a próxima JMJ já está no seu calendário.
Trânsito condicionado segunda-feira junto ao Passeio Marítimo de Algés
O Comando Metropolitano de Lisboa da PSP adianta em comunicado que "a chegada atempada dos peregrinos" ao Encontro Vocacional do Caminho Neocatecumenal, que decorrerá pelas 16h00 no Passeio Marítimo de Algés, poderá obrigar a alguns condicionamentos temporários de trânsito na zona envolvente ao evento.
Segundo a PSP, está previsto, a partir das 15h30, o isolamento total da CRIL (Circular Regional Interior de Lisboa), no sentido Norte-Sul, após a saída para Miraflores, para onde será canalizado todo o trânsito, sendo que a estrada só será reaberta após a saída de todo os participantes no evento.
Para ajudar a saída dos peregrinos, entre as 19h00 e as 22h00, serão aplicados isolamentos, cortes e desvios de trânsito na Avenida Brasília, na Avenida Dom Vasco da Gama e no Ramal de acesso da Praça Dom Manuel I à CRIL.
"Poderá ser necessário proceder ao isolamento de trânsito da Avenida da Índia, entre Algés e a Avenida da Torre de Belém no início do policiamento", refere a PSP, salientando que estas vias vão estar "interditas ou fortemente condicionadas à circulação de trânsito".
Por esta razão, a Polícia de Segurança Pública apela aos automobilistas que evitem a circulação nas imediações destas zonas, "para não ficarem retidos nos congestionamentos de trânsito que as restrições à sua circulação irão ocasionar".
Sugere ainda aos participantes que desejem deslocar-se a algum dos locais afetados pelo evento da JMJ, e que o estejam a ponderar efetuar por meios próprios, que privilegiem a utilização dos transportes públicos, com especial enfoque para o transporte ferroviário.
Mais de um milhão de pessoas estiveram esta semana em Lisboa para participar na JMJ, em Lisboa, que contou com a presença do Papa Francisco.
Papa já no recinto em Algés
JMJ. Transportadas para hospitais 94 pessoas das 1.275 assistidas no sábado
Desde o dia 1 de agosto, quando começou a JMJ em Lisboa, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) prestaram assistência a 3.496 peregrinos, 208 dos quais foram transportados para unidades hospitalares, segundo o SSI.
Os dados mostram igualmente que o INEM e a ANEPC responderam a 1.401 ocorrências no sábado, num total de 3.787 ocorrências desde 1 de agosto.
Em relação a sexta-feira, quando as principais iniciativas da JMJ se concentraram no Parque Eduardo VII, foram registadas mais 490 ocorrências.
No total, o INEM e a Proteção Civil empenharam, no sábado, 814 operacionais e 414 meios.
A Jornada Mundial da Juventude terminou hoje e contou com a presença do Papa Francisco.
Papa sai da Nunciatura
Recusada a entrada a 200 pessoas nas fronteiras
O controlo documental nas fronteiras aéreas, marítimas e terrestres no âmbito da JMJ entrou em vigor em 22 de julho e está a ser feito de forma seletiva e direcionado com base em informações e análise de risco.
Um balanço feito pelo Sistema de Segurança Interna (SSI) indica que foram controladas, até sábado, 19.106 viaturas nas fronteiras terrestres, 1.862 embarcações nas marítimas e 6.463 aviões nas aéreas.
Segundo o SSI, nas fronteiras terrestres foi recusada a entrada a 136 pessoas e nas aéreas 64, sendo a maioria por falta de visto válido, não comprovação dos objetivos da estada, interdição de entrada em espaço Schengen e ausência de visto adequado à finalidade pretendida.
O SSI indicou ainda que 68.440 pessoas foram controladas, desde 22 de julho, nas fronteiras terrestres e 89.526 passageiros nas fronteiras marítimas pelo SEF e GNR, enquanto nos aeroportos o SEF e a PSP controlaram 1.125.518 pessoas.
O controlo documental nas fronteiras aéreas, marítimas e terrestres no âmbito da JMJ vai ser feito até à próxima segunda-feira.
A Jornada Mundial da Juventude, com a presença do Papa Francisco, terminou hoje.
Francisco recebe responsáveis da Forças de Segurança
Um milhão e meio de peregrinos na vigília com o papa Francisco
D. Manuel Clemente diz que papa é "o mais jovem dos jovens"
Foto: Violeta Santos Moura - Reuters
Muitos peregrinos dormiram no Parque Tejo
Papa recebe de sindicato da PSP denúncia sobre problemas dos polícias
A missiva enviada ao Papa e que a agência Lusa teve hoje acesso, foi também entregue em mão, sábado, ao Presidente da República, ao primeiro-ministro e ao Ministério da Administração Interna (MAI), que tutela a PSP, durante uma série de ações nacionais de protesto realizadas pela ASPP/PSP durante a JMJ.
A carta, dirigida a "Sua Santidade, o Papa Francisco" e assinada pelo presidente da ASPP/PSP, começa por dar as boas-vindas a Portugal ao Santo Padre, em nome dos agentes, chefes e oficiais de polícia, mas explica também que a Polícia de Segurança Pública (PSP) "tem o desafio de garantir a sua segurança durante a JMJ, mas os profissionais desta força policial enfrentam as mais variadas dificuldades".
"São constantes os cortes de direitos, como folgas, férias, entre outros, para poder garantir que a JMJ se realize. Os profissionais da PSP desempenham o seu trabalho com responsabilidade e altruísmo, mesmo desgastados, doentes, envelhecidos e desmotivados", escreve a associação sindical mais representativa na polícia.
O sindicato dá conta que "os polícias portugueses sofrem com os baixos salários, com o desrespeito pelo direito à pré-aposentação, com a ausência de higiene e segurança no ambiente laboral, bem como com a realização de trabalho suplementar para compensar a falta de efetivo".
Para a ASPP/PSP, estas são "situações que precisam de ser urgentemente resolvidas para que os polícias possam desenvolver a sua missão num ambiente seguro e com condições dignas".
"Ao permitir que Sua Santidade visite Portugal em segurança e que a JMJ se realize de forma pacífica, os polícias demonstram o quanto são leais à missão que lhes foi confiada. Por isso, apelamos a Sua Santidade para que haja uma qualquer intervenção, terrena ou transcendente, ou eventualmente uma oração, para que sejam reconhecidos os esforços e sacrifícios destes profissionais que dedicam as suas vidas à segurança das populações", acrescentam.
A ASPP/PSP - e outras sindicatos do setor - tem vindo a apelar para que o Governo nos últimos anos para que resolva problemas urgentes na PSP como sejam a dignificação do salário, o direito à pré-aposentação aos 55 anos, a uma maior atratividade para entrada na carreira, por forma a compensar as saídas anuais, entre outros questões.
A JMJ, o maior acontecimento da Igreja Católica, juntou em Lisboa, de terça-feira a hoje, mais de um milhão de jovens de todo o mundo. O Papa chegou a Lisboa na quarta-feira e encerra hoje a iniciativa, regressando ao Vaticano.
JMJ: "Portugal superou a sua tarefa", admite Ana Catarina Mendes
Falando aos jornalistas no final da missa que marcou o fim da JMJ em Lisboa, Ana Catarina Mendes apontou que "foi a maior organização de sempre realizada" e defendeu que, passada esta semana, Portugal superou a sua tarefa, que era organizar e bem acolher".
A governante considerou que o "Estado, sendo laico, soube acolher todos e soube estar à altura da responsabilidade de um evento desta natureza".
Apontando que estiveram presentes jovens de "todas as nacionalidades" e "várias confissões religiosas", a ministra afirmou que Portugal demonstrou ser "um país de integração, de inclusão, que sabe acolher, que tem uma democracia forte".
Sobre as críticas à organização e aos gastos, a ministra indicou que os contratos foram feitos "dentro da legalidade", são "absolutamente transparentes" e podem ser consultados no portal Base.
Ana Catarina Mendes referiu que também outros eventos de grande dimensão que Portugal acolheu, como a Expo98, o Euro2004 ou a Web Summit suscitaram dúvidas e críticas, mas foram "um sucesso e hoje ainda são uma marca".
Apontando que é preciso "pensar qual é o benefício depois deste evento", a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares destacou que o Parque Tejo, a zona ribeirinha onde decorreu a missa celebrada hoje pelo Papa Francisco, é um investimento que "fica para o futuro".
No que toca a dificuldades, a ministra salientou que "aquilo que houve foi resolvido".
Especificamente sobre os efeitos das altas temperaturas que se fizeram sentir no sábado, Ana Catarina Mendes disse que foram registadas "algumas ocorrências, nenhuma com gravidade", e apontou que foram acionados vários meios para "garantir cuidados médicos quando fossem necessários".
"As previsões do IPMA estavam feitas há uma semana, sabíamos que ia ser um fim de semana de grande calor, sabíamos que tínhamos de tomar as medidas necessárias, e foram tomadas", indicou, referindo que a disponibilização de água foi "uma das principais preocupações".
A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares disse também ter feito um balanço com o ministro da Saúde "ontem [sábado] à noite e hoje de manhã para garantir que todos aqueles que acorreram aos cuidados médicos foram tratados" e salientou a importância de um plano de contingência".
Ana Catarina Mendes indicou ainda que, desde 01 de agosto até "ontem [sábado] ao final do dia, as ocorrências na saúde tinham sido cerca de 2.200 no total", com "cerca de 83 feridos ligeiros e quatro feridos graves".
Segundo dados divulgados no sábado, desde o dia 01 de agosto, quando começou a JMJ em Lisboa, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) prestaram assistência a 2.222 peregrinos, 174 dos quais foram transportados para unidades hospitalares.
A ministra lamentou também a morte de uma peregrina francesa na sequência de um acidente na casa onde estava acolhida e o acidente do jovem croata de 21 anos, que sofreu uma lesão grave na sequência de um mergulho na praia de Carcavelos.
"Foi operado ontem, correu bem a operação, vamos esperar os próximos dias", afirmou.
Também à saída da missa, e em declarações aos jornalistas, o presidente do PSD fez um balanço "claramente positivo" da JMJ.
"Foi uma jornada espetacular a todos os níveis, espetacular no nível de participação e espetacular nas mensagens que o Papa Francisco dirigiu aos jovens, a Portugal e ao mundo", afirmou Luís Montenegro.
Por isso, o social-democrata considerou que o que aconteceu nesta jornada é um "motivo de orgulho nacional" porque Portugal provou "mais uma vez" que tem capacidade de organizar "grandes eventos".
E acrescentou: "foram dias fantásticos, demo-nos a conhecer ao mundo como país acolhedor, interventivo e que se preocupa não só com o território, mas com o que se passa em todo o mundo".
Questionado sobre as críticas à organização que foram feitas antes do arranque do evento, Luís Montenegro considerou que "sempre que há uma decisão pública e diversos agentes envolvidos há sempre necessidade de escrutinar e fiscalizar o que se está a fazer".
"Às vezes exageramos um bocadinho no lado mais negativo e esquecemo-nos do lado positivo", sublinhou.
Para o líder do PSD, o "mais relevante" neste momento é que Portugal deu uma "imagem positiva" da nação.
Montenegro descreve JMJ como "momento de afirmação" do país
Padre sul-coreano feliz com escolha sublinha crescimento da Igreja Católica no país
"Na Coreia do Sul, a Igreja Católica é muito jovem, mas cada vez mais jovens sul-coreanos partilham a fé católica, por isso, é muito importante para nós receber" a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), disse aos jornalistas no centro de imprensa do Parque Tejo, em Lisboa, onde foi recebido com aplausos dos jornalistas.
"Há muito tempo, recebíamos missionários da Europa e do Norte da América, mas agora nós próprios enviamos missionários coreanos para o mundo e muitos jovens vieram a Portugal para participar", sublinhou, explicando que participaram cerca de mil sul coreanos na Jornada.
Desde 2016, em Cracóvia, na Polónia, que Joohyun Lee colabora como voluntário na JMJ. Este ano viajou até Lisboa para repetir a experiência, mas, desta vez, deixa Portugal com a satisfação de saber que, para a próxima, será ele a receber milhares de jovens no seu país.
"Agora convido todos os jovens do mundo a irem a Seul", disse o jovem padre, admitindo que recebeu a notícia com grande surpresa e felicidade.
A capital da Coreia do Sul, Seul, é a próxima cidade a receber a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em 2027, anunciou hoje o Papa.
"A próxima Jornada Mundial da Juventude terá lugar na Ásia, será na Coreia do Sul, em Seul. E assim, em 2027, desde a fronteira ocidental da Europa, passa para o extremo oriente, um bonito símbolo da universalidade da igreja, o sonho de unidade de que vocês são testemunho", afirmou o Papa.
O anúncio foi feito em Lisboa, no final da missa de encerramento da JMJ no Parque Tejo, após Francisco convidar também os jovens para participarem, em 2025, no Jubileu dos Jovens em Roma.
No recinto, o nome do próximo país a receber o maior evento da Igreja Católica mereceu a reação efusiva de centenas de jovens sul-coreanos, que erguiam bandeiras do país e, entre aplausos, gritavam "Coreia, Coreia, Coreia", apesar de muitos desconfiarem que poderiam ser a próxima escolha do Papa Francisco.
Francisco já regressou à Nunciatura Apostólica
Papa despede-se dos jovens no Parque Tejo
Pelas 11:00, o Papa saiu do altar-palco e dirigiu-se de carro para a Nunciatura Apostólica, onde tem estado instalado, sendo saudado pelas pessoas que se encontravam ao longo do caminho e enquanto milhares de peregrinos estavam já a abandonar o recinto.
O Papa esteve no recinto desde as 08:00 para iniciar às 09:00 a missa, concelebrada por cerca de 700 bispos e 10.000 padres.
No final da missa, Francisco anunciou que Seul, a capital da Coreia do Sul, será o próximo país a receber o maior evento da Igreja Católica.
Às 16:30, o líder da Igreja Católica vai encontrar-se com voluntários da jornada no Passeio Marítimo de Algés, no concelho de Oeiras, encerrando assim a sua agenda de cinco dias no País.
Lisboa fica na memória dos jovens como cidade dos sonhos, disse Francisco
No final da oração do Angelus, na missa com que encerrou a JMJ, no Parque Tejo, em Lisboa, Francisco começou por agradecer ao cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, e, nele, "à Igreja e a todo o povo português".
"Obrigado ao senhor Presidente [da República, Marcelo Rebelo de Sousa], que nos acompanhou nos eventos destes dias, às instituições nacionais e locais pelo apoio e assistência que nos têm dado, aos bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e leigos", prosseguiu.
Depois, agradeceu a Lisboa, dizendo que "vais ficar na memória destes jovens como a casa de fraternidade e a cidade de sonhos".
"Exprimo também a minha gratidão ao cardeal Farrell [prefeito do Dicastério que organiza a JMJ com um comité local] e àqueles que prepararam estas jornadas, bem como a quantos as acompanharam com a oração", afirmou.
O Papa dirigiu também um "obrigado aos voluntários", pelo "seu grande serviço"".
"Um agradecimento especial a quem velou pela JMJ, os santos patronos do evento", disse, destacando João Paulo II (1920-2025, que deu vida à Jornadas Mundial da Juventude, destacou.
No final, dirigiu um "obrigado" aos jovens.
"Deus vê todo o bem que sois, só Ele conhece o que semeou nos vossos corações. Hoje vão partir daqui com aquilo que Deus semeou nos vossos corações", referiu, pedindo para que fixem "na mente e no coração os momentos mais belos", para quando tiverem "momentos de cansaço e desânimo" e, talvez, a tentação de parar no caminho ou de vos fechar em si mesmos, "reavivar as experiências e a graça destes dias".
Francisco pediu também que nunca esqueçam que são "o santo povo fiel de Deus que caminha com a alegria do Evangelho".
Papa diz ter sonho da paz e lembrou "grande dor" na Ucrânia
"Em particular, acompanhemos com o pensamento e a oração aqueles que não puderam vir por causa de conflitos e de guerras. E são tantos por esse mundo fora. Pensando neste continente, sinto grande dor pela querida Ucrânia, que continua a sofrer muito", afirmou Francisco, no final da oração do Angelus, no Parque Tejo.
Aos jovens que não puderam estar, "mas que participaram em iniciativas organizadas nos seus países pelas respetivas conferências episcopais e pelas dioceses", o Papa dirigiu um agradecimento, exemplificando com os "irmãos e irmãs subsarianos, reunidos em Tânger".
Depois, assumindo-se como idoso -- o Papa tem 86 anos -- partilhou com os presentes o seu "sonho da paz, o sonho de jovens que rezam pela paz, vivem em paz e constroem um futuro de paz".
"Através da oração do Angelus, coloquemos nas mãos de Maria, Rainha da Paz, o futuro da humanidade. E ao voltardes para casa continuai, por favor, a rezar pela paz", pediu, agradecendo aos avós que "transmitiram a fé, o horizonte de uma vida" e que são as raízes
Para Francisco, os jovens são "um símbolo de paz para o mundo, um testemunho de como as diversas nacionalidades, as línguas e as histórias podem unir em lugar de dividir", a "esperança para um mundo diferente".
"Obrigado e sigam em frente", acrescentou.
JMJ regressa à Ásia após recorde de participantes nas Filipinas em 1995
Segundo o sítio na Internet da JMJ Lisboa (lisboa2023.org), quatro milhões de pessoas estiveram na missa de encerramento em Manila, capital das Filipinas, e o momento foi inscrito no Livro Guinness dos Recordes.
De acordo com a mesma fonte, a JMJ é "um encontro dos jovens de todo o mundo com o Papa" e, "simultaneamente, uma peregrinação, uma festa da juventude, uma expressão da Igreja universal e um momento forte de evangelização do mundo juvenil".
"Acontece todos os anos a nível diocesano, até agora por altura do Domingo de Ramos e a partir de 2021 no Domingo de Cristo Rei. A cada dois, três ou quatro anos ocorre como um encontro internacional, numa cidade escolhida pelo Papa, sempre com a sua presença", adianta.
Esta iniciativa foi criada pelo papa João Paulo II (1920-2005) em 1985 (Ano Internacional da Juventude) e a primeira JMJ ocorreu no ano seguinte em Roma, Itália, numa celebração diocesana.
Já o primeiro encontro internacional realizou-se em Buenos Aires, Argentina, em 1987, a terra natal do Papa Francisco.
Na capital argentina, João Paulo II pediu aos jovens para comprometerem a sua energia juvenil "na construção da civilização do amor", de acordo com o `site`.
Em 1989, Espanha acolheu pela primeira vez a JMJ, em Santiago de Compostela, onde os peregrinos rezaram pela paz. Nesse ano, o Muro de Berlim foi derrubado e, dois anos depois, uma Polónia livre (terra natal de João Paulo II) recebeu o encontro em Czestochowa.
Seguiu-se Denver, nos Estados Unidos da América, em 1993, que, pela primeira vez, incluiu a via-sacra pelas ruas da cidade, mas foi a capital das Filipinas, dois anos mais tarde, que registou a maior afluência de sempre numa JMJ.
Em 1997, a JMJ regressou à Europa, a Paris, onde "mais de meio milhão de jovens encheram as ruas da capital francesa de alegria e fraternidade", numa edição que ficou marcada pela "introdução dos Dias nas Dioceses (encontro que antecede a semana da JMJ) e do Festival da Juventude (programa cultural e artístico)".
Ainda no continente europeu, 2000 foi o ano da JMJ em Roma, para de seguida ser em Toronto, Canadá (2002), a última a que João Paulo II presidiu.
O papa anunciou então que a JMJ seguinte, em 2005, seria em Colónia, na Alemanha, mas foi o seu sucessor, o alemão Bento XVI (1927-2022), a presidir às celebrações.
Sydney, na Austrália, em 2008, é considerado o primeiro encontro da JMJ totalmente moderno, com a presença do evento nas redes sociais.
Em 2011, a JMJ retornou a Espanha, desta vez à capital, Madrid, e dois anos depois, já no pontificado de Francisco, o encontro mundial de jovens católicos teve como palco, pela primeira vez, um país de língua portuguesa: o Brasil.
O Papa Francisco presidiu ainda às jornadas de Cracóvia, na Polónia, em 2016, da Cidade do Panamá, em 2019, que contou com a presença da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, e agora à de Lisboa, que contemplou uma deslocação a Fátima.
Papa anuncia que a próxima JMJ será na Coreia do Sul
O anúncio foi feito em Lisboa após a missa de encerramento da JMJ no Parque Tejo.
Kevin Joseph Farrell agradece ao Papa
"Não tenham medo", apelou Francisco aos jovens
Falando em mensagens de amor deixadas por Jesus, Francisco pediu aos jovens que não confundam "caminhos de egoísmo disfarçados de amor".
"Cuidado com o egoísmo disfarçado de amor", repetiu. E continuou: "Não tenham medo", citando Jesus.
Cerca de 1,5 milhões de pessoas na missa com o Papa no Parque Tejo
"As autoridades locais confirmaram a presença de cerca de um milhão e 500 mil pessoas no Parque Tejo para a Santa Missa", divulgou a Santa Sé.
Este é o mesmo número de pessoas que participaram na vigília, no sábado à noite, também no Parque Tejo, de acordo com as autoridades.
A JMJ, o maior evento da Igreja Católica, começou na terça-feira e termina no domingo. Pela primeira vez, realiza-se na capital portuguesa.
O anúncio da escolha de Lisboa foi feito em 27 de janeiro de 2019, na missa de encerramento da JMJ na Cidade do Panamá, pelo prefeito do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, Kevin Joseph Farrell. Este dicastério é o organismo do Vaticano que organiza a JMJ com um comité local.
Na mesma ocasião, o Papa Francisco, que presidia à JMJ, escreveu na sua conta no Twitter: "A vocês, queridos jovens, um muito obrigado por #Panama2019. Continuem a caminhar, continuem a viver a fé e a compartilhá-la. Até Lisboa em 2022".
A JMJ em Lisboa acabou por ser adiada um ano, devido à pandemia de covid-19.
"Obrigado", agradece o Cardeal Patriarca de Lisboa
Depois de elogiar a organização da Jornada, D. Manuel Clemente agradeceu a presença de Francisco. "Neste sentido, sois o mais jovem dos mais jovens que aqui estão".
António Costa descreve JMJ como "momento extraordinário de alegria e energia"
Foto: Miguel A. Lopes - Lusa
Além disso, a JMJ tem demonstrado "a extraordinária capacidade que o país tem para organizar eventos desta natureza".
Apontando que só aí a missão pode ser dada por terminada, António Costa apontou que "é um trabalho híper exigente, que mobiliza milhares de elementos das forças de segurança, o SNS, milhares de voluntários".
Questionado sobre o balanço da JMJ, nomeadamente económico, o chefe de Governo indicou que "muito do impacto económico se mede `a posteriori`" e defendeu que "o balanço mais relevante é o balanço imaterial".
"Aquilo que há de projeção de conhecimento do país, as importantes mensagens que o santo padre deixou sobre as desigualdades, sobre a necessidade de combate ecológico para reconciliação com a natureza, a necessidade de promoção da paz, de respeito da identidade de cada um, de respeito entre cada um, esse é o balanço seguramente mais importante", elencou.
Para o primeiro-ministro, "tudo vale a pena quando a alma não é pequena", e a JMJ "é um caso muito evidente".
Costa referiu igualmente a "projeção internacional" que a JMJ pode trazer a Portugal, antecipando que "se há de refletir por muitos e bons anos", exemplificando que o impacto no turismo na altura da Expo98 e do Euro2004 se sentiu nos anos seguintes.
O primeiro-ministro realçou que a requalificação da frente ribeirinha entre os concelhos de Lisboa e Loures, que era "um sonho muito antigo", é algo que também fica para o futuro, destacando que durante anos aquela zona "foi depósito de combustível da Galp e terminal de contentores" e "hoje está transformado num parque urbano".
"Finalmente podemos concluir este Parque Tejo, que desde a Expo aguardava a consolidação do aterro e a sua transformação num parque urbano", apontou, indicando que "em boa hora" as duas autarquias decidiram "aproveitar a realização da jornada para concretizar estes sonhos".
António Costa agradeceu aos antigos presidentes das câmaras de Lisboa (Fernando Medina -- PS) e Loures (Bernardino Soares -- CDU) e também aos atuais (Carlos Moedas -- PSD) e Ricardo Leão (PS) por "terem prosseguido esse trabalho, terem concluído esse trabalho".
"É a demonstração de que quando todos se articulam para um projeto comum as cosias saem bem", salientou.
Papa regressa ao Parque Tejo para último encontro com os peregrinos
Francisco chegou de papamóvel, mais cedo do que o previsto para a missa das 09:00, depois de ter antecipado a saída da Nunciatura Apostólica, onde está hospedado.
O Papa, que está desde quarta-feira em Lisboa a presidir à JMJ, foi mais uma vez saudado pela multidão em euforia com frases de "viva o Papa" e "esta é a juventude do Papa".
O líder da Igreja Católica celebrou no sábado à noite uma vigília no altar-palco do Parque Tejo, um recinto de 10 hectares com vista para o rio Tejo, que segundo o Vaticano reuniu um milhão e meio de pessoas.
Hoje, presidirá à sua última missa no âmbito da JMJ, na presença do Presidente da República e de outras personalidades como o ministro dos Negócios Estrangeiros ou o líder do principal partido da oposição.
No final da missa, será anunciado qual o próximo país a receber o maior evento da Igreja Católica.
Às 16:30, o líder da Igreja Católica vai encontrar-se com voluntários da jornada no Passeio Marítimo de Algés, no concelho de Oeiras, encerrando assim a sua agenda de cinco dias no País.
Papa Francisco preside à missa no Parque Tejo
Marcelo considera "espetaculares" eventos da JMJ
Foto: António Cotrim - Lusa
Papa Francisco já chegou ao recinto do Parque Tejo
Papa sai da Nunciatura a caminho do Parque Tejo
Dj Set do padre Guilherme Peixoto acorda peregrinos desde as 07h00
O sacerdote da arquidiocese de Braga está no altar-palco (o palco principal da Jornada Mundial da Juventude) a passar música, enquanto à sua volta muitos bispos já paramentados para a missa das 09:00, que será presidida pelo Papa Francisco, lhe tiram fotos e vibram com a batida.
No recinto, de 10 hectares, muitos peregrinos vão acordando e dançando.
Milhares despertam no Campo da Graça onde nunca foi noite
Sem nunca ter tido silêncio digno desse nome, algo compreensível tendo em conta que muitos dos 1,5 milhões de peregrinos que assistiram à vigília celebrada no sábado por Francisco aqui pernoitaram, o Campo "renasceu" com a luz do dia, depois de duas ou três horas de uma calma grande, mas longe de ser total.
Ao longo da noite muitos foram os grupos que fizeram festa nos corredores que ladeiam os setores em que o Parque Tejo, esta semana batizado como Campo da Graça, cantando, dançando, ou mesmo jogando à bola.
Enquanto isso, nos setores destinados aos peregrinos, identificados com numerosas bandeiras e tarjas, muitos conseguiam dormir, de forma aparentemente tranquila, imunes ao barulho que os rodeava e à intensidade da luz artificial.
A grande agitação que se viveu no campo depois do final da vigília durou até cerca das três da manhã, diminuindo nas três horas seguintes, que muitos aproveitaram para descansar, ou conversar.
Dentro das muitas tendas montadas nos setores - que no sábado passaram de proibidas a toleradas pela organização - de sacos-cama, cobertos com mantas, foram muitos os que conseguiram descansar, numa noite com temperatura típica da época de verão, e sem vento.
As várias tendas, montadas pela organização para servirem de capelas, onde se encontrava guardado o Santíssimo sacramento (hóstias consagradas para a missa) foram, dentro de cada setor, um espaço de silêncio total e de retiro para alguns.
As casas de banho, que estiveram cheias após a vigília, foram, naturalmente, uma área com grande procura durante toda a noite, mas o trabalho das equipas de manutenção permitiu que a grande maioria estivesse com as mínimas condições de utilização.
Também as equipas de recolha de lixo não tiveram mãos e medir, para ir retirando de junto dos caixotes uma enorme quantidade de sacos, quase sempre atados, ali colocados, mas mesmo assim via-se muito lixo solto pelo campo.
Durante parte da noite, os pontos de venda de comida, com preços inflacionados, foram tendo alguma procura, apesar de a organização ter montado pontos de distribuição de `kits` de alimentação aos peregrinos.
A partir das 05:00, a zona do palco, onde às 09:00 o Papa Francisco celebra missa, entrou em grande azafama, com a chegada de milhares de padres e pessoas encarregadas de distribuir a comunhão (ministros).
Já com o altar a preparado e decorado com flores, alguns voluntários tiveram a "ingrata" missão de acordar grupos de peregrinos que descansavam junto às cadeiras, aos quais davam a indicação: "Tem de acordar, estão a chegar os VIP".
Com o sol a impor-se à lua, em quarto minguante, o Campo da Graça tem menos de três horas para acordar e preparar-se a rigor para assistir ao último encontro com os jovens, que "invadiram" Lisboa para a JMJ.
Governo diz que Jornada Mundial da Juventude "é um sucesso para Portugal"
A ministra salientou a capacidade de resposta do Estado "às diferentes solicitações, desde a segurança à saúde".
"Hoje foi uma tarde de particular calor. O INEM e a Proteção Civil não deixaram de estar atentos a todas as dificuldades", destacou.
Ana Catarina Mendes considerou ainda que este evento mostra que Portugal é um país que "sabe acolher a diversidade" e destacou a "mensagem importante" deixada pelo papa Francisco para os jovens crentes e não crentes.
Presidente da República já sabe onde vai ser a próxima JMJ
Foto: Nuno Veiga - Lusa
Para o chefe de Estado, falta também falar daquilo que deve ser a mensagem de esperança para "o povo universal", e não apenas para os jovens.
"Apenas é lícito olhar alguém de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se". O apelo do papa na vigília
Miguel A. Lopes - Pool via Reuters
“Maria vai porque ama. E quem ama voa, corre e alegra-se. Isto é o que o amor nos faz fazer”, respondeu. “Porque a alegria é missionária. A alegria não é só para um”.
Por essa razão, o sumo pontífice apelou aos presentes que não fiquem com esta experiência da JMJ só para si, mas que a levem para outros.
Francisco afirmou ainda que, “se olharmos para trás, vemos pessoas que foram como um raio de luz: pais, avós, amigos, padres, religiosos, catequistas, animadores, professores. Eles são como as raízes da nossa alegria”.
“E a alegria não está fechada na biblioteca, não está guardada com uma chave. A alegria tem de se procurar, de se descobrir no nosso diálogo com os outros, onde temos de dar essas raízes de alegria que temos recebido”.
“Isso, às vezes, é cansativo”, reconheceu o papa, referindo que nessas alturas podemos desistir e cair. “Acham que uma pessoa que cai na vida, que tem um fracasso, que até comete erros pesados, deixou de ser? Não”.
“O que é preciso fazer nessas ocasiões é levantar-se”, como acontece com “os alpinos que gostam de subir montanhas” e dizem que o que importa “não é cair, é não permanecer caído”.
“Quem permanecer caído reformou-se da vida já, fecha a porta da esperança e fica caído no chão. Quando vemos alguém caído, o que precisamos de fazer? Levantá-lo, com força”, aconselhou.
E “o único momento em que é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo é para ajudá-la a levantar-se”.
“Não tenham medo”
Francisco fez ainda uma analogia ao futebol, desporto do qual é fã assumido: “por trás de um golo há muito treino”, assim como, “na vida, nem sempre podemos fazer aquilo que queremos, mas cada um tem uma vocação que nos faz caminhar e, se cairmos, que alguém nos ajude a levantar para voltarmos a treinar”.
“Isto tudo é possível não porque façamos um curso sobre caminhar, porque isso é algo que se aprende. Aprende-se dos pais, dos avós, dos amigos, quando vamos de mãos dadas”, disse o papa à multidão que o ouviu atentamente.
Francisco lembrou ainda que, “na vida, nada é grátis, tudo se paga. Só uma coisa é gratuita: o amor de Jesus”.
“Portanto, com isto que temos gratuito e com a vontade de caminhar, caminhemos com esperança e com as nossas raízes e vamos para a frente, sem medo. Não tenham medo”, pediu.