Lisboa, Capital Verde Europeia: hortas urbanas

por Daniela Ferreira Pinto

Daniela Ferreira Pinto

Entre edifícios cor-de-rosa surgem talhões verdes de hortas urbanas. Encostado à casa de arrumos está um regador azul, ferramenta imprescindível para os hortelãos que habitam a cidade de Lisboa. Os parques hortícolas ganham cada vez mais adeptos - e raízes - na capital.

Por detrás do Estádio José Alvalade, na cidade de Lisboa, a pequena rua Professor Francisco Gentil desagua num cenário improvável: uma cerca de arame protege vários talhões com couves, chuchus e outros legumes. 

É o final das colheitas e o Parque Hortícola de Telheiras - um dos 19 parques deste género na cidade - já não está em todo o seu esplendor. As culturas foram colhidas e os girassóis queimados dão sinal do calor de verão. Construído a pedido dos moradores do bairro, o parque é utilizado por hortelões tendo como critério a proximidade da residência.

A Câmara Municipal de Lisboa tem 732 talhões de hortas urbanas e planeia abrir pelo menos mais um hectare de área agrícola até 2021. Esta e outras medidas que visam aumentar a área verde, e tornar Lisboa uma cidade mais sustentável, foram reconhecidas com o prémio Capital Verde Europeia 2020, atribuído pela primeira vez a uma cidade do sul da Europa.

A criação de hortas urbanas é uma tendência europeia, que corresponde simultaneamente à procura por soluções sustentáveis e ao desejo de retomar o contacto com a natureza. Em Paris, por exemplo, estão a ser criadas hortas em telhados uma vez que o espaço disponível é muito limitado. 

Para a seleção da cidade como Capital Verde Europeia foram determinantes as alterações implementadas na última década, e que permitiram uma gestão integrada da sustentabilidade.

Ainda que Lisboa não seja “a melhor” na Europa - quem o reconhece é o Vereador do Ambiente, Estrutura Verde, Clima e Energia, José Sá Fernandes considera que a atribuição do prémio valoriza o progresso feito até agora. “Evoluímos bastante em algumas matérias ambientais. Foi esse o reconhecimento do trabalho feito nos últimos onze anos e também da visão do futuro”, explica ao Europa Minha.

Da candidatura feita pela Câmara Municipal de Lisboa, que pode ser consultada aqui, a Comissão Europeia destacou o investimento na mobilidade partilhada e não-poluente, a procura por soluções inovadoras e o aumento das áreas verdes, das quais fazem parte as hortas urbanas.

A União Europeia estabeleceu como meta até 2030 a redução das emissões de gases com efeitos de estufa em 40% face aos valores de 2005. 

Na segunda série, o programa “Europa Minha” acompanha a estratégia da Câmara Municipal de Lisboa para a sustentabilidade, compara-a com iniciativas de outras cidades europeias e consulta a sociedade civil para o balanço das políticas implementadas. 

Esta é a primeira de várias pequenas peças sobre o assunto, que pode seguir nas redes sociais da RTP Europa e no Europa Minha
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