Marcelo com sem-abrigo. "Muitos mais milhares do que tínhamos pensado"

por Carlos Santos Neves - RTP
“O recenseamento ultrapassou os números que pensávamos”, admitiu o Presidente da República Miguel A. Lopes - Lusa

Em noite de frio intenso, o Presidente da República foi ao pavilhão desportivo da Graça, convertido em centro de acolhimento para a população sem-abrigo de Lisboa. Marcelo Rebelo de Sousa deixou elogios à aplicação da Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas em Situação de Sem-Abrigo, admitindo que “o recenseamento ultrapassou os números” estimados.

“O recenseamento ultrapassou os números que pensávamos. São muitos mais milhares do que tínhamos pensado e em pontos do país que não tínhamos imaginado, como o caso de Santarém, que tem esse problema dos sem-abrigo com uma dimensão que não tínhamos imaginado”, fez notar o Chefe de Estado.
Antes da visita ao pavilhão da Graça, na última noite, Marcelo esteve reunido em Belém com agentes da Estratégia Nacional para os sem-abrigo.

Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa preserva a vontade de ver o número de pessoas sem-abrigo diminuído de modo expressivo nos próximos cinco anos.

“Se o crescimento económico continuar e esperando que não haja nenhuma crise como a que vivemos, se for assim, estão a ser criadas condições pelo Governo, pelas autarquias, misericórdias e muitas associações que estão no terreno a trabalhar todos os dias”, perspetivou o Presidente.

Marcelo quis ainda “felicitar a secretária de Estado por, em um ano e poucos meses, pôr de pé uma estratégia nacional que veio substituir uma que tinha esgotado o seu prazo de aplicação há mais de dois anos”.

Sobre o centro de acolhimento instalado no pavilhão desportivo da Graça, o Presidente da República considerou-o “um exemplo de capacidade de resposta imediata do município de Lisboa, numa situação de contingência”.

“Os munícipes de Lisboa, mal souberam que havia este centro, trouxeram roupa de forma espontânea e isso é muito importante para quem aqui chega”, sublinhou.
“Situação de emergência”

Acompanhado pelo presidente da Câmara da capital, Fernando Medina, o Presidente carregaria nos elogios à resposta da autarquia ao frio: “Podem comer, ter roupa, têm aqui chuveiros e um espaço para se protegerem do frio, em noites que se preveem muito rigorosas e seguidas. Esta capacidade do município de Lisboa deve ser destacada”.

Antena 1

Marcelo assinalou ainda o facto de o Metro manter estações abertas para receber sem-abrigo numa “situação de emergência”.

Em Belém, o Presidente da República esteve reunido com a secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim, elementos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Ricardo Robles, vereador do Bloco de Esquerda na Câmara lisboeta, e Fernando Paulo, vereador do Porto.

A reunião contou igualmente com a presença de representantes da AEIPS - Associação para o Estudo e Integração Psicossocial, CASA - Centro de Apoio aos Sem-Abrigo, Associação Crescer, Médicos do Mundo e Comunidade Vida e Paz.

O Plano de Ação 2017-2018, da responsabilidade do Grupo de Implementação, Monitorização e Avaliação da Estratégia Nacional para os sem-abrigo, é composto por uma centena de medidas que passam pela “priorização do alojamento permanente em habitações individualizadas”, pelo alargamento da intervenção em saúde e pela inclusão profissional, com uma dotação superior a 60 milhões de euros.

Espera-se que até 2023, último ano da vigência da Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas em Situação de Sem-Abrigo, tenham sido disponibilizadas duas dezenas de habitações permanentes.

c/ Lusa
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