Médicos avançam para a greve após reunião sem acordo com o Governo

por RTP
Regis Duvignau - Reuters

O protesto está marcado para outubro em todo o país, com os clínicos a parar um dia por semana em diferentes regiões. Para novembro está prevista uma greve nacional.

A decisão foi tomada depois da reunião entre o Ministério da Saúde, a Federação Nacional dos Médicos e o Sindicato Independente dos Médicos ter chegado ao fim sem acordo.

Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos, lamentou que os profissionais do sector estejam a ser "empurrados, arrastados, para essa decisão, por parte do Ministério da Saúde".

As greves regionais rotativas começam em 11 de outubro na região norte, seguindo-se a região centro em 18 de outubro e a região sul em 25 de outubro. A paralisação nacional está marcada para 08 de novembro.

"Infelizmente, nós fizemos este esforço, desde maio as questões fundamentais não são ultrapassadas, nem sequer com uma contraproposta" acrescentou Roque da Cunha."

Os sindicatos médicos têm estado em negociações com o Ministério da Saúde em várias matérias, avisando várias vezes que, se a postura do Governo se mantivesse, avançariam para uma nova greve nacional depois das eleições autárquicas, que seria a segunda num ano, depois da paralisação de maio.

Em causa estão sobretudo três medidas, como a redução da lista de utentes por médico de família, que atualmente se situa nos 1.900 utentes por médico, enquanto os sindicatos pretendem regressar a um máximo de 1.500.

Segundo os sindicalistas, embora não tivesse ficado marcada mais qualquer reunião com o Governo, este comprometeu-se a enviar aos sindicatos um documento de trabalho até à próxima quarta-feira, sendo possível nova reunião até final do mês.

"Uma greve dos médicos é a última coisa. Até ao último dia estamos disponíveis", mas "a proposta (do Governo) que nos apareceu hoje é uma provocação", disse Jorge Roque da Cunha numa conferência de imprensa realizada após a reunião com o executivo.
Dois pontos em acordo: horas e majorações
O Ministério da Saúde mantém a esperança de conseguir negociar com os sindicatos médicos afim de evitar a nova greve.

O secretário de Estado a saúde, Manuel Delgado, afirma que só "há dois pontos que não foram objeto de consenso", a redução do trabalho de urgência das 18 horas semanais para as 12 horas e o outro a redução da lista de utentes por médico de família.

De acordo com o secretário de Estado oram acordados dois temas na reunião de hoje.

Um prende-se com a redução de 200 horas para 150 horas anuais obrigatórias de trabalho extraordinário. Assim, a partir de janeiro do próximo ano, os médicos passarão a ter de cumprir apenas as 150 horas.

Outro dos temas acordados tem a ver com a reposição das majorações pelas horas de qualidade, feitas durante a noite, uma reposição que começará a partir de abril do próximo ano.

Manuel Delgado adiantou que o ministério tem de estar atento a estas questões e analisar a repercussão que terá nos doentes, considerando que "está em causa o interesse público".

Apesar do anúncio da greve para o próximo mês, o secretário de Estado disse manter a confiança de que o Governo consiga apresentar uma proposta para evitar a paralisação.

C/Lusa
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