Médicos iniciam greve nacional de três dias

por RTP
António Antunes - RTP

Os médicos do setor público iniciam esta terça-feira uma greve nacional de três dias para forçar o Governo a apresentar uma proposta concreta de revisão da grelha salarial, tal como o ministro da Saúde prometeu.

Convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM), a paralisação decorre em simultâneo com uma greve ao trabalho extraordinário, iniciada na segunda-feira pelos médicos de família, com a duração de um mês, e também promovida pela mesma estrutura sindical. 

O secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, afirmou à RTP que em Lisboa, "em relação aos cuidados de saúde primários, os dados que temos é que se aproximam de cerca de 95 por cento".

O secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, disse que os primeiros dados indicam que a adesão chega aos 92% nos centros de saúde e aos 89% nos hospitais.

"Isto demonstra a grande insatisfação que os médicos têm tido em relação a um Governo que não apresenta propostas", disse o responsável.

Blocos operatórios fechados, exames complementares de diagnóstico comprometidos e cancelamento de consultas externas, é este o cenário provocado pela greve de três dias dos médicos que começa esta terça-feira. O Sindicato Independente dos Médicos fala num impacto muito grande para os utentes, mas garante que os serviços mínimos vão ser assegurados.

Hugo Cadavez, do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), explicou à RTP os motivos desta paralisação de três dias e frisou que a nova proposta do Governo ainda não chegou às mãos do sindicato.


Hugo Cadavez não descarta outras paralisações se não forem apresentadas proposta concretas pelo Ministério da Saúde.

Em relação aos serviços mínimos, o sindicalista garantiu que as urgências, quimioterapia e radioterapia estão assegurados.

No entanto, no restante serviço, são de esperar fortes constrangimentos.

Por todo o país,  há relatos de impactos criados pela greve.

Para sexta-feira está marcada uma nova reunião negocial entre Governo e sindicatos.

Questionado sobre a expectativa do SIM para a reunião agendada para a próxima sexta-feira com a tutela, disse que "depois de 14 meses a aguardar a formalização do processo negocial", o sindicato espera que o ministro da Saúde apresente uma proposta formal antes do encontro.

"Aguardamos serenamente que o senhor ministro cumpra e, na quarta-feira, nos envie os documentos para que possamos, de facto, iniciar a negociação", disse Roque da Cunha, acrescentando que as expectativas "são muito limitadas".

"Eu sou sempre uma pessoa otimista e sempre com grande vontade de fazer acordos e evitar ao máximo, como fizemos até agora, as greves, mas a realidade confronta-se com o meu optimismo e a realidade é que ganha", afirmou.

Na véspera do primeiro dia da greve nacional, que termina na quinta-feira, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, assegurou que iria apresentar uma proposta de revisão da grelha salarial aos médicos e lamentou o "criticismo excessivo" que tem havido sobre a forma como têm decorrido as negociações, que se iniciaram ainda em 2022 com a antecessora ministra Marta Temido, mas que resultaram até à data sem acordo entre as partes.

Na fase de discussão do protocolo negocial, em julho de 2022, Governo e sindicatos concordaram em incluir a grelha salarial dos médicos do Serviço Nacional de Saúde nas negociações.

O Bloco de Esquerda veio esta semana apresentar ideias para um projeto de lei para o Serviço Nacional de Saúde, que propõe o aumento de 40% dos salários dos médicos que se dediquem em exclusivo ao SNS e um aumento dos dias de férias. 

O presidente do PSD acusa o governo de gerir mal o Serviço Nacional de Saúde. De visita à Madeira, o Luís Montenegro pediu ao primeiro-ministro e ao ministro da Saúde para dizerem a verdade sobre os problemas do SNS, depois do discurso de Pizarro no debate do Estado da Nação.

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