"Não vai faltar água nas torneiras em Portugal este ano"

por Antena1

A garantia é do presidente da Águas de Portugal que deixa o aviso: é preciso alterar comportamentos nem que isso implique aumentar o preço.

Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, José Furtado assegura que a empresa está preparada para avançar com medidas excecionais sempre que for necessário encaminhar água para zonas mais carenciadas, para garantir que a água para o consumo humano não vai faltar.


É preciso uma alteração de comportamentos. As infraestruturas existem e as soluções técnicas também, mas não são suficientes se não existir uma redução do consumo. Para que isso aconteça defende uma intervenção ao nível do preço que penalize quem desperdiça água. Lembrando que a questão do preço não é da sua competência, o presidente da Águas de Portugal considera que a par da sensibilização, as medidas dirigidas ao preço são as que doem mais e que por isso acabam por ser mais consequentes.


Na mesma lógica considera que também deve existir uma discriminação positiva para quem poupa ou para quem não tem condições económicas. José Furtado lembra que já no ano passado o governo deixou ficar como sugestão aos municípios um agravamento das tarifas acima de determinado consumo. Revela ainda que a publicação pelo Governo do PENSAARP 2030 (Plano Estratégico para o Abastecimento de Água e Gestão de Águas Residuais e Pluviais) está iminente e já contempla a questão do preço como um dos meios para levar à redução dos consumos.


Para o presidente da AdP é preciso contrariar a ideia de que a água é apenas um bem social e que não é um recurso económico. Pensar assim, segundo o presidente da AdP, gera problemas de sustentabilidade porque as soluções para o tratamento das águas serão cada vez mais onerosas. Nesse sentido considera que se devia harmonizar os 300 tarifários que existem, criando uma banda tarifaria que permita deslocar algumas receitas de umas zonas para outras e assim manter o esforço de investimento em todo país.


Relativamente ao preço praticado pela empresa junto dos concessionados, o presidente da Águas de Portugal revela que os custos de energia que a empresa está a ter aumentaram para mais do dobro, mas ainda assim não foram nem vão ser repercutidos no preço às empresas. Nesta entrevista José Furtado revelou que no ano passado a empresa voltou a ter lucros (100 milhões de euros) e aumentou em 50 por cento o investimento efetuado para os 240 milhões de euros.

Entrevista conduzida por Rosário Lira (Antena1) e Bárbara Silva (Jornal de Negócios).
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