Assistentes sociais, psicólogos, educadores sociais e voluntários criaram uma associação e um projeto que têm como missão diminuir a população sem-abrigo, reintegrando-a na sociedade.
O vice-presidente da "Atos de Mudança", Pedro Magalhães, contou à agência Lusa que a associação, criada no passado mês de novembro, tem como "objetivo principal trabalhar na reinserção social" das pessoas em situação sem-abrigo. Em 2015, eram 440 os sem-abrigo na rua e 376 em centros de acolhimento. Totalizando 816, um decréscimo face a 2013. Os números são da Santa Casa da Misericórdia e da Câmara de Lisboa.
"Quem trabalha nesta área sabe que é muito difícil conseguir que as pessoas sem-abrigo percorram os projetos de inserção até ao final e se insiram efetivamente na sociedade", disse o psicólogo que já trabalha com esta população há cinco anos.
A associação tentou criar procedimentos "muito focados nessa reintegração social e que sejam uma alternativa aos projetos já existentes".
O "CoHabitar" é um desses projetos, que pretender ter alojamento em três modalidades: alojamento de reintegração social, de emergência e de prevenção.
Pedro Magalhães referiu que o alojamento de reintegração social se dirige a pessoas que pretendam reintegrar-se na sociedade, arranjar um emprego e gerir a sua vida de forma independente.
"A grande inovação do projeto"
O alojamento de emergência destina-se "a pessoas que estejam na rua até 72 horas" e tem como objetivo reencaminhar rapidamente as pessoas para "respostas adequadas às suas necessidades".
Já o alojamento de prevenção é "a grande inovação deste projeto", disse também o vice-presidente, explicando que o seu objetivo é evitar que a pessoa "caia na situação de sem-abrigo".
"Esta resposta de alojamento vai ocorrer em unidades de apoio residencial que são casas onde as pessoas vão ter acesso ao seu quarto e a todas as divisões", que terão de partilhar com outros residentes, no total quatro, acrescentou.
Segundo o psicólogo, o projeto tem capacidade para acolher, mensalmente, dez pessoas em reintegração social e outras dez na modalidade de emergência e de prevenção.
"Além do alojamento e da comida aquilo que as pessoas sem-abrigo realmente precisam é de relações significativas para as suas vidas, pessoas que as ajudem e com quem possam conversar e estar à vontade, tal como todos nós", destacou.
"Aquilo que se ouve é que o número de pessoas sem-abrigo na rua está a diminuir mas o que acontece na maior parte das vezes é que as pessoas voltam a reincidir porque não cumprem os planos de reinserção até ao final", frisou.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem vindo a alertar para esta realidade e pediu que a nova estratégia do Governo de combate à situação dos sem-abrigo seja para aplicar já este ano, para que o problema esteja erradicado em 2023.
c/ Lusa