Nova associação quer diminuir número de sem-abrigo nas ruas

por RTP
Rafael Marchante - Reuters

Assistentes sociais, psicólogos, educadores sociais e voluntários criaram uma associação e um projeto que têm como missão diminuir a população sem-abrigo, reintegrando-a na sociedade.

A associação "Atos de Mudança" e o projeto "CoHabitar" vão ser apresentados esta quarta-feira em Lisboa num encontro promovido pela Associação de Apoio à Integração Social, com o tema "Pessoas Sem-Abrigo: Trajetórias para a Integração Social".

O vice-presidente da "Atos de Mudança", Pedro Magalhães, contou à agência Lusa que a associação, criada no passado mês de novembro, tem como "objetivo principal trabalhar na reinserção social" das pessoas em situação sem-abrigo. Em 2015, eram 440 os sem-abrigo na rua e 376 em centros de acolhimento. Totalizando 816, um decréscimo face a 2013. Os números são da Santa Casa da Misericórdia e da Câmara de Lisboa.

"Quem trabalha nesta área sabe que é muito difícil conseguir que as pessoas sem-abrigo percorram os projetos de inserção até ao final e se insiram efetivamente na sociedade", disse o psicólogo que já trabalha com esta população há cinco anos.

A associação tentou criar procedimentos "muito focados nessa reintegração social e que sejam uma alternativa aos projetos já existentes".

O "CoHabitar" é um desses projetos, que pretender ter alojamento em três modalidades: alojamento de reintegração social, de emergência e de prevenção.

Pedro Magalhães referiu que o alojamento de reintegração social se dirige a pessoas que pretendam reintegrar-se na sociedade, arranjar um emprego e gerir a sua vida de forma independente.
"A grande inovação do projeto"

O alojamento de emergência destina-se "a pessoas que estejam na rua até 72 horas" e tem como objetivo reencaminhar rapidamente as pessoas para "respostas adequadas às suas necessidades".

Já o alojamento de prevenção é "a grande inovação deste projeto", disse também o vice-presidente, explicando que o seu objetivo é evitar que a pessoa "caia na situação de sem-abrigo".

"Esta resposta de alojamento vai ocorrer em unidades de apoio residencial que são casas onde as pessoas vão ter acesso ao seu quarto e a todas as divisões", que terão de partilhar com outros residentes, no total quatro, acrescentou.

Segundo o psicólogo, o projeto tem capacidade para acolher, mensalmente, dez pessoas em reintegração social e outras dez na modalidade de emergência e de prevenção.

"Além do alojamento e da comida aquilo que as pessoas sem-abrigo realmente precisam é de relações significativas para as suas vidas, pessoas que as ajudem e com quem possam conversar e estar à vontade, tal como todos nós", destacou.

"Aquilo que se ouve é que o número de pessoas sem-abrigo na rua está a diminuir mas o que acontece na maior parte das vezes é que as pessoas voltam a reincidir porque não cumprem os planos de reinserção até ao final", frisou.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem vindo a alertar para esta realidade e pediu que a nova estratégia do Governo de combate à situação dos sem-abrigo seja para aplicar já este ano, para que o problema esteja erradicado em 2023.

c/ Lusa
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