Operação e-toupeira. Assessor do Benfica ouvido em Tribunal

por RTP
José Manuel Ribeiro - Reuters

São já cinco os arguidos no processo e-toupeira. O assessor jurídico do Benfica, Paulo Gonçalves, e o técnico de informática do Instituto de Gestão Financeira da Justiça passaram a noite na Polícia Judiciária. A RTP sabe que estão ainda envolvidos outros dois funcionários judiciais e um empresário de futebol. Os dois detidos da operação e-toupeira vão ser interrogados em Tribunal esta quarta-feira. Há suspeitas de compra de funcionários judiciais para o acesso a informações sobre processos que visavam o Benfica e os rivais. Em troca, os funcionários receberiam favores ou prendas do Clube.

A investigação da Judiciária surge na sequência do caso dos e-mails. As audições vão decorrer durante a tarde desta quarta-feira, onde o Juiz de Instrução Criminal poderá decretar as medidas de coação.

A Polícia Judiciária deteve na terça-feira o assessor jurídico do SL Benfica, Paulo Gonçalves, sobre quem recaem suspeitas de suborno de funcionários judiciais para ter acesso a peças processuais em segredo de justiça. As autoridades realizaram 30 buscas, nomeadamente no Estádio da Luz.

Paulo Gonçalves é suspeito de subornar três funcionários judiciais para ter acesso a informações sobre diligências e processos em curso que envolviam o clube no chamado caso dos e-mails.

A Polícia Judiciária deteve também um dos funcionários suspeitos, um técnico informático do Instituto de Justiça.
Corrupção ativa e passiva
As autoridades investigam a eventual prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, acesso ilegítimo a documentos, violação do segredo de justiça e favorecimento pessoal.

Em comunicado, a Polícia Judiciária confirmou a detenção de dois homens “pela presumível prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, acesso ilegítimo, violação de segredo de justiça, falsidade informática e favorecimento pessoal".

O clube da Luz reagiu em comunicado a este novo processo judicial em que está envolvido. Na nota, os encarnados manifestam "total disponibilidade em colaborar com as autoridades no integral apuramento da verdade".

O Benfica já disse que vai pedir uma audiência à Procuradora-geral da República por causa da violação do segredo de justiça. O Clube da Luz garante, também, que Paulo Gonçalves vai colaborar com a justiça e "provar a legalidade dos procedimentos".

"A Sport Lisboa e Benfica SAD confirma a realização de buscas às suas instalações no âmbito de um processo de investigação sobre eventual violação do segredo de justiça e reitera a sua total disponibilidade em colaborar com as autoridades no integral apuramento da verdade", pode ler-se ainda no mesmo comunicado.

A SAD manifesta ainda "a sua confiança e convicção de que o Dr. Paulo Gonçalves terá oportunidade, no âmbito do processo judicial, de provar a legalidade dos seus procedimentos".

Paulo Gonçalves é apontado como braço direito de Luís Filipe Vieira, no Benfica. Mas foi no Futebol Clube do Porto que o assessor jurídico começou a trabalhar na área desportiva.

A ligação aos dragões começou em 1997 e terminou em 1999 por alegadas divergências com Adelino Caldeira, atual administrador da SAD azul e branca.

Depois do FC Porto, Paulo Gonçalves passou pelo Boavista. Deixou os axadrezados em 2006. Chegou à Luz em 2007 pela mão de Luís Filipe Vieira, sendo uma das figuras de destaque da estrutura encarnada.
O caso dos emails
O chamado caso dos e-mails começou no ano passado e ganhou destaque pela mão do diretor de comunicação do FC Porto.
Francisco J. Marques acusou os encarnados de influenciar o setor da arbitragem e apresentou alegadas mensagens de correio eletrónico de responsáveis do clube da Luz. O dirigente dos dragões denunciou mesmo um “esquema de corrupção de árbitros a favor do Benfica”.

O Benfica acabou por pedir ao Tribunal Cível do Porto que interpusesse uma providência cautelar para impedir os dragões de continuar a revelar as mensagens de correio eletrónico. A providência foi indeferida porque o juiz considerou que “não entra no instituto da concorrência desleal”.

Após esta decisão do juiz do Tribunal da Comarca do Porto, o Benfica anunciou que iria recorrer para o Tribunal de Relação. A Relação deu razão aos encarnados e impediu a revelação de novas mensagens pelo FC Porto. Por sua vez, os dragões anunciaram que iriam recorrer para o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

Os detidos vão agora ser sujeitos a um primeiro interrogatório judicial. De acordo com a Polícia Judiciária, "a investigação prossegue com vista à continuação de recolha de prova e ao apuramento dos benefícios ilegítimos obtidos".

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