Lula da Silva vai ter sessão solene de boas-vindas no Parlamento

por RTP
Lula da Silva fará uma intervenção na cerimónia na Assembleia da República. Miguel A. Lopes - Lusa

A Assembleia da República vai realizar uma sessão solene de boas-vindas ao presidente brasileiro, Lula da Silva, anunciou esta quarta-feira Augusto Santos Silva. Os detalhes e a data desta cerimónia, acrescentou o presidente do Parlamento, ainda terão de ser definidos.

"Teremos o enorme prazer de receber o presidente da República Federativa do Brasil numa sessão solene de boas-vindas, que lhe será especialmente devida", anunciou Santos Silva, em declarações aos jornalistas após uma reunião da conferência de líderes.

Lula da Silva, adiantou ainda o presidente da Assembleia da República, fará uma intervenção na cerimónia em causa. Todavia, detalhes como a data da sessão solene serão tratados por si "através dos canais adequados".

Augusto Santos Silva quis sublinhar que a proposta reuniu um "consenso muito grande" na conferência de líderes, tendo merecido a oposição de apenas um partido - o Chega.

O partido de André Ventura já reagiu à decisão de Santos Silva. “A nossa posição é clara: o Chega terá uma posição dura e frontal se Lula da Silva vier discursar a este Parlamento”, declarou o deputado Pedro Pinto.

O Chega discorda especialmente que a visita se realizasse no 25 de Abril - data que foi já descartada pelo presidente do Parlamento -, por considerar que este dia tem de ser dedicado “ao dia em que nos vimos livres de uma ditadura para passar a uma democracia”, pelo que “não faz sentido misturarmos as duas coisas”.PS defende visita do líder de um "país amigo"
Já o socialista Eurico Brilhante Dias falou numa visita que decorre em “enquadramento adequado”, por se tratar de um chefe de Estado de um país da CPLP que é amigo de Portugal.

“É a visita de um país amigo que tem connosco laços históricos únicos e que naturalmente, no quadro de uma visita de Estado, deve ser recebido aqui condignamente, dando-lhe também a oportunidade de participar numa sessão solene durante a visita de Estado”, defendeu.

O deputado quis ainda sublinhar que “as relações bilaterais entre Portugal e a República Federativa do Brasil são importantes para os dois países”, especialmente porque ambos possuem “numerosas comunidades emigrantes de portugueses no Brasil e de brasileiros em Portugal”.

“Pelos laços históricos, mas também culturais; pelo prémio Camões [atribuído a] Chico Buarque, que será finalmente outorgado aquando desta visita de Estado; pelos laços políticos de um grande país da América Latina (…); por toda a relação económica, de investimento e de comércio externo que temos com a República Federativa do Brasil”, acrescentou. BE condena "apelo à violência verbal" do Chega
Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, garantiu a total anuência do partido à receção de Lula da Silva no Parlamento, considerando a visita “uma honra para Portugal” num contexto de “virar de página” que veio abraçar a democracia “e fechar a porta a todos os golpistas que ainda existem naquele país”.

“Será um enorme prazer se a sessão acontecer no dia 25 [de Abril]”, data da revolução, “na prática, entre países irmãos”, afirmou o deputado.

O BE frisou que repudia “quaisquer intenções golpistas de colocar a Assembleia da República no lamaçal na receção de Lula da Silva”. “Para nós é incompreensível qualquer apelo a violência, ainda que verbal, na receção do chefe de Estado, ainda para mais de um país irmão como é o Brasil”.

Falando diretamente sobre a intenção de André Ventura para “trazer o pântano” e a “violência” para o Parlamento, Pedro Filipe Soares insistiu que tal é “condenável”. PSD e IL defendem sessão a 24 de abril
Joaquim Miranda Sarmento disse, por sua vez, que o PSD “sempre teve a mesma posição”, que é a de “receber o presidente do Brasil em sessão solene, com a dignidade que o país e o chefe de Estado merecem, mas não na sessão solene do dia 25 [de Abril]”.

Do lado da Iniciativa Liberal, Rodrigo Saraiva salientou que a dignidade da Assembleia da República foi comprovada com a decisão de receber o presidente do Brasil numa sessão própria, e não na sessão solene do 25 de Abril, “como estava em cima da mesa em termos públicos”.

Para a IL, essa sessão própria deve ocorrer no dia 24 de abril.

Já Inês Sousa Real, do PAN, considerou “da mais elementar sensatez que haja não só esta sessão solene, como uma participação” de Lula da Silva.

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