O Parque das Nações ultrapassa a Avenida da Liberdade e é agora a zona que apresenta problemas mais sérios de qualidade do ar. Idênticos problemas foram encontrados na 2ªCircular e Cais do Sodré. São contas feitas pela associação ambientalista ZERO. Apesar do período limitado de amostragem, os resultados das campanhas lançam um alerta sobre a qualidade do ar de Lisboa, argumenta a associação, que defende uma monitorização e a tomada de medidas de melhoria.
Mafalda Sousa destaca que esta zona, além de residencial, tem visto aumentar o tráfego automóvel.
No entanto, o Parque das Nações não é a única zona com poluição que ultrapassa os níveis aceitáveis. "A zona da 2ª Circular junto a Telheiras e Cais do Sodré são igualmente preocupantes por terem níveis também consideravelmente mais elevados, sendo que Belém apresenta níveis mais baixos que a Av. da Liberdade no que respeita ao dióxido de azoto, mas similares no que respeita às partículas inaláveis", diz a ZERO.
Estes três locais têm "pior qualidade do ar do que a Avenida da Liberdade", alerta a Zero, sugerindo "medidas de forte redução do tráfego automóvel de veículos a combustão" e um reforço da monitorização.
Estes dados resultam de uma campanha de monitorização de poluentes atmosféricos, realizada em quatro locais com influência de tráfego rodoviário e onde não existem estações de monitorização de qualidade do ar.
Entre os meses de abril e maio de 2019, numa parceria com a Federação Europeia dos Transportes e Ambiente (T&E) e a European Climate Foundation (ECF), em colaboração com a FCT-NOVA e com o apoio logístico da Câmara Municipal de Lisboa, a Zero realizou uma campanha em que os critérios de seleção dos locais de amostragem foram a forte influência do tráfego rodoviário e a ausência de estações de monitorização da qualidade do ar.
Os locais de amostragem foram Belém, Telheiras/2ª Circular, Parque das Nações e Cais do Sodré/Av. Naus.
“Apesar de algumas medidas implementadas para reduzir a circulação de veículos mais antigos e poluentes no centro da cidade, através das Zona de Emissões Reduzidas (ZER) e se terem verificado algumas melhorias dos níveis dos dois poluentes, elas são ainda insuficientes para reduzir a poluição”, defende a associação.
- Aumentar fortemente a exigência e o cumprimento das regras das Zonas de Emissão Reduzidas de Lisboa;
- Legislar urgentemente níveis reduzidos para as emissões de partículas a controlar pelos centros de inspeção para garantir o combate à fraude de quem retira os filtros dos veículos a gasóleo;
- Considerar a implementação de uma Zona de Emissões ZERO na cidade de Lisboa, onde seja autorizada apenas a circulação de veículos sem emissões (mobilidade suave e veículos elétricos);
- Definir restrições ao tráfego rodoviário a implementar em outras áreas da cidade, onde pela sua tipologia como área residencial e de serviços, a população possa estar mais exposta aos impactos na saúde (como o Parque das Nações);
- Rever a regulamentação sobre a logística urbana, com horários para entregas fora dos períodos de ponta;
- Implementar medidas de condicionamento de tráfego em função de episódios de poluição.
Porém, ressalva, medidas de incentivo como aquela "são insuficientes", se não acompanhadas por "medidas de penalização do tráfego rodoviário.
Efeitos dos poluentes
O dióxido de azoto em concentrações elevadas causa efeitos na saúde, desde a irritação dos olhos e garganta, até à afetação das vias respiratórias, provocando diminuição da capacidade respiratória, dores no peito, edema pulmonar e danos no sistema nervoso central e nos tecidos. Os grupos mais sensíveis são as crianças, os asmáticos e os indivíduos com bronquites crónicas.
As partículas com um diâmetro aerodinâmico inferior a 10 µm (PM10) são as mais nocivas, pois penetram no aparelho respiratório, podendo as mais finas atingir os alvéolos