Portugal aciona Mecanismo Europeu de Proteção Civil

por RTP
Um homem combate um foco de incêndio perto da aldeia de Cioga do Campo, Cantanhede, Coimbra, Portugal, a 12 agosto de 2017 Paulo Novais - EPA

Foram retiradas de casa 78 pessoas em Tomar, havendo a registar ainda dois civis ligeiramente feridos em Miranda do Corvo e dois desalojados. Cinco bombeiros ficaram feridos em Abrantes. Ferreira do Zêzere registou também situações de grande aflição.

Sábado à noite Portugal acionou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, disse à Lusa a ministra da Administração Interna, que espera apoios de outros países já a partir de domingo para ajudar no combate aos incêndios.

A decisão, explicou à Lusa Constança Urbano de Sousa, deveu-se a "uma questão de prudência", tendo em conta as previsões meteorológicas para os próximos dias.

A ministra admitia esta tarde que a situação "não está fácil" devido aos vários focos de incêndio, alguns de grande dimensão.

O Mecanismo Europeu de Proteção Civil foi acionado durante o incêndio de junho, em Pedrógão Grande. Nas últimas semanas, também França e Itália acionaram o mecanismo devido aos incêndios.

Até às 21h00 de sábado tinham sido registadas mais de 70 novas ocorrências de fogo num período de três horas, tendo-se registado igualmente diversos reacendimentos de incêndios dados como controlados de manhã.

Este sábado foi também e de novo ultrapassado o número de incêndios num único dia, com 226 registos. Já ontem o número tinha batido o recorde, 220 num só dia.

Coimbra acionou o Plano Distrital de Emergência depois de registar mais de 10 fogos, visíveis em torno da cidade e já depois de ter acionado o Plano Municipal de Emergência.

Também as câmaras Municipais de Cantanhede e de Miranda do Corvo acionaram por sua vez os respetivos Planos Municipais de Emergência.

Ferreira do Zêzere pondera fazer o mesmo e espera noite muito complicada. "O fogo está com uma dimensão dantesca", disse o autarca Jacinto Lopes.

A mesma expressão foi usada pelo autarca de Miranda do Corvo, Miguel Baptista, para descrever a situação na freguesia de Semide, esta noite.

O fogo fez dois feridos ligeiros e obrigou à hospitalização de três crianças. Duas casas arderam e pelo menos duas pessoas ficaram desalojadas.

O fogo mantinha duas frentes activas e cortou a estrada nacional (EN) 17, vulgarmente conhecida por Estrada da Beira, que à meia noite continuava interditada à circulação entre Ceira e Ponte Velha.

As chamas, que começaram em Carvalhosa, Coimbra, alastraram ao longo do dia e ameaçaram ao início da noite a Aldeia de Cabouco, com os bombeiros a fazerem de tudo para  evitar que o fogo descesse das encostas e atingisse as casas de ambos os lados do rio Ceira.

Duas horas depois as labaredas atingiram Canas, em Miranda do Corvo, ameaçando a povoação.

Às 00h00, de acordo com a página da Proteção Civil, registavam-se 84 ocorrências em Portugal, combatidas por 3.725 operacionais e 1.085 viaturas. Os meios aéreos só voltarão à acção na manhã de domingo.Incêndio em Tomar obriga a retirar 78 pessoas
Este incêndio, que começou pelas 16h00, mantinha duas frentes ativas em meio florestal à meia noite e ameaçava alastrar a outra freguesia densamente povoada por casas dispersas.

A autarca de Tomar afirmou esperar uma "noite dura".

Em declarações à Lusa, a presidente da Câmara de Tomar, município do distrito de Santarém, disse, a partir do posto de comando instalado no campo de jogos em Serra, que "uma dúzia de pessoas foi retirada das suas habitações na aldeia de Serra, por precaução, e transferidas de barco pela barragem de Castelo do Bode para o lar de Alverangel".

Um outro "grupo de cinco indivíduos foi transferido para o lar da Serra", acrescentou, a par do registo de "uma casa devoluta que ardeu", na União de Freguesias da Serra e Junceira.

O incêndio de Tomar iniciou-se em Carvalhal e os seus habitantes descreveram à RTP aquilo a que assistiram, assumindo-se traumatizados pela forma como o incêndio se propagou.

Já em Abrantes, num novo fogo resultante de uma projeção do de Tomar, as chamas atingiran este sábado duas aldeias e obrigaram à retirada de 50 pessoas. Cinco bombeiros da Trafaria sofreram queimaduras.

Os bombeiros foram assistidos no Centro Hospitalar do Médio Tejo, na unidade de Abrantes, mas um deles teve de ser transferido para Lisboa, para ser observado num serviço de oftalmologia, referiu à Lusa a presidente da Câmara de Abrantes.
Situação "dantesca" em Ferreira do Zêzere
Em Ferreira do Zêzere, onde o incêndio dado como dominado horas antes reativou durante a tarde, já foram retiradas várias pessoas das suas casas.

"O fogo está com uma dimensão dantesca, a evoluir rapidamente e com projeções muito largas", disse à agência Lusa o presidente daquele município do distrito de Santarém, Jacinto Lopes, referindo que "há casas em risco" e que, "por questões de segurança", foi necessário retirar algumas pessoas das suas casas, tendo estas sido transportadas para a Santa Casa da Misericórdia de Ferreira do Zêzere.

Segundo o autarca cerca das 22:30, a partir do posto de comando instalado junto à igreja de Nossa Senhora da Orada, freguesia de Beco, "a situação está muito complicada e existem muitas preocupações", tendo precisado que "15 pessoas foram transferidas por precaução da aldeia de Ral", freguesia de Beco, nomeadamente idosos e pessoas acamadas.

"Vai ser uma noite a defender pessoas e casas, temos muito trabalho pela frente", vincou, relativamente a um incêndio que o autarca afirmou ter "mão suspeita". O presidente da Câmara de Ferreira do Zêzere disse ainda que "está a ser ponderada" a ativação do Plano Municipal de Emergência.

Segundo a página da Proteção Civil, às 22:50 estavam a combater este incêndio, que mantém duas frentes ativas e lavra em povoamento florestal, 262 operacionais apoiados por 78 viaturas.

C/Lusa
 
 
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