Portugueses confiam nos professores e desconfiam dos políticos

por RTP
Portugueses acham que os professores deveriam ter mais poder RTP

Os professores são em quem mais os portugueses confiam e a quem acham que se deveria dar mais poderes, revela um estudo da "Gallup" realizado para o Fórum Económico Mundial de Davos, na Suíça. Os políticos aparecem como os menos confiáveis.

Não há dúvidas de que os professores merecem a confiança dos portugueses. É o resultado de uma sondagem encomendada pelo Fórum Económico Mundial que se reúne em Davos, na Suíça.

Foram 42 por cento dos inquiridos, em Portugal, a responder que são os professores que mais merecem a sua confiança. Trinta e dois por cento chegaram mesmo a defender que lhes deveria ser dado mais poder.

A opinião lusa não se afasta muito da média europeia. A sondagem revela que, neste caso, 44% dos inquiridos elege a classe docente como aquela que lhes merece maior confiança.

Se se considerar a média do total dos 60 países alvo do inquérito mundial, então são 34% aqueles que dizem que são os professores quem lhes merecem maior confiança.

Em Portugal, os líderes militares e da polícia ocupam a segunda posição, com 24 por cento das preferências. Posição idêntica na Europa, só que neste caso com 26%.

A nível mundial, em segundo lugar aparecem os líderes religiosos, com 27 por cento e só então os dirigintes militares e policiais (18%).

Jornalistas no topo da confiança

Os jornalistas que, em Portugal, assumem a terceira posição, com 20%, na Europa estão em 4.º lugar, com a mesma percentagem. Os advogados ocupam igualmente posições diferentes. Em Portugal aparecem atrás dos líderes religiosos (18%), com 14 por cento da confiança. Na Europa ocupam o terceiro lugar, com 25 por cento.

Continente africano com valores diferentes

Curioso notar que os professores perdem a liderança das opções no continente africano onde, certamente por razões culturais, são os líderes religiosos que ocupam o topo da confiança, com 70 por cento.

No Médio Oriente, onde o clima de instabilidade se agrava todos os dias, os responsáveis militares e policiais são os mais confiáveis, com 40 por cento.

Políticos de pouca confiança

Os políticos aparecem em qualquer um dos continentes a que se reporta o estudo mal colocados e com fracos índices de confiança. Em Portugal foram apenas 7% os inquiridos que afirmaram ter confiança nos políticos, contra 10% na Europa.

A nível mundial surgem uma vez mais na cauda das opções com 8 por cento.

Ao Inquérito do Instituto “Gallup”, uma média de 28% das pessoas respondeu não saber, entre o leque de profissões fornecida pelos inquiridores, em qual delas mais confiava.

E quanto à profissão a que dariam mais poder, 19% na Europa Ocidental não tinha resposta, 23% a nível internacional e 15% em Portugal.

Quase um quarto dos inquiridos não soube responder a qualquer uma das duas perguntas.

Portugueses estão preocupados com o futuro

Os portugueses estão seriamente preocupados com o futuro dos filhos. Segurança e prosperidade são factores que os levam a não acreditarem num futuro risonho para a geração futura. A instabilidade política e social em muitas regiões do mundo e a situação de crise prolongada da economia leva-os a pensar que os filhos viverão num mundo muito mais inseguro e em que a prosperidade económica será menos acentuada.

O estudo da "Gallup" revela essa descrença no futuro por parte das actuais gerações.

Se, em relação à insegurança, 71% dos portugueses temem pelo agravamento (12% acreditam numa melhoria), já no campo da prosperidade económica são 44% aqueles que acham que haverá menos prosperidade contra 26% que pensam que não haverá mudanças nesse campo e 20% que são optimistas e esperam melhorias.

Na Europa, os resultados não são muito diferentes. No que toca à insegurança, 69% dos europeus ocidentais acreditam que ela aumentará. Dezoito por cento não esperam alteraçõe e 11% acreditam que os índices de segurança melhorarão.

No campo económico, para 54% dos europeus ocidentais a prosperidade irá diminuir, enquanto que para 23% ficará na mesma e 19% acreditam que haverá um incremento da prosperidade.

A nível mundial, um quarto dos inquiridos espera que os seus filhos vivam com mais segurança mas 48% temem que o mundo será mais inseguro do que aquele em que hoje se vive. Vinte e um por cento consideram que será igual e não haverá alterações sensíveis.

Já no que toca à prosperidade económica, os optimistas reduzem-se a um terço dos inquiridos, contra 36% que temem por uma diminuição. Vinte e dois por cento acreditam que o nível de prosperidade será mantido em igual padrão ao actual.

África, continente menos desenvolvido económica e socialmente, mostra maior esperança no futuro. Setenta e um por cento esperam melhorias económicas e 68% mais segurança.

Principais objectivos para os políticos no futuro

A eliminação da pobreza extrema e da fome no mundo são, em Portugal, à semelhança do que acontece na Europa Ocidental, os temas eleitos para principais preocupações que os líderes mundiais deverão ter.

Vinte cinco por cento dos portugueses (17% na Europa) elegem a erradicação da pobreza extrema como o flagelo que mais os preocupa e que deveria constituir o principal objectivo a atingir pelo poder político mundial.

Em segundo lugar com 11% das respostas (13% na Europa) aparece a eliminação das guerras e dos conflitos em ex-aequo com a redução do fosso entre os países pobres e os países ricos (12% na Europa).

O estudo, efectuado pela Gallup, revela uma grande sintonia das preocupações entre europeus e o resto do mundo, já que, a nível mundial, o combate à fome e à pobreza são as preocupações principais para 14% dos inquiridos, seguindo-se a redução das guerra e o crescimento económico, ambas com 13%.

O combate ao terrorismo recebe 12 por cento das repsotas.

Claro está que as idiossincrasias de cada região fazem variar as opções. Assim, enquanto que para a Europa Central e de Leste a redução do fosso existente entre países ricos e pobre e a guerra ao terrorismo (14%) são as principais preocupações, já os latino-americanos inclinam-se para o combate à pobreza e à fome no mundo (27%).

No Médio Oriente, como seria de esperar, o principal motivo de preocupação foi a guerra ao terrorismo, com 29% das respostas.

Já no continente americano, 20% da população indica que a principal prioridade deveria ser o restabelecimento da confiança e honestidade dos governos, empresas e instituições.
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