Projeto Morada Certa -- Leiria Housing First quer tirar da rua todos os sem-abrigo

por Lusa

O município de Leiria, a associação InPulsar e o Grupo Lusiaves assinaram hoje o protocolo de colaboração do projeto Morada Certa - Leiria Housing First, para dar casa e apoio a todas as pessoas sem-abrigo na cidade.

Segundo a InPulsar, atualmente existem 19 pessoas em Leiria na condição de sem-abrigo. No âmbito deste projeto, três dos indivíduos há mais tempo nesta situação estão alojados desde o início do ano. Mas o objetivo é retirar todas as pessoas da rua, frisou Avelino Gaspar, responsável da Lusiaves.  

"Quando tomei conhecimento do projeto Morada Certa, disse imediatamente e sem hesitar que apoiaria. Apenas coloquei uma condição: não vamos tirar algumas pessoas das ruas de Leiria, vamos tirar das ruas da cidade todas as pessoas nesta condição, garantindo uma habitação individual para cada um mas também apoio para o seu dia-a-dia", afirmou o empresário.

Para o presidente da InPulsar, Miguel Xavier, o acordo hoje assinado torna este "um dia histórico para a cidade de Leiria, para o seu município, para o Grupo Lusiaves e para a InPulsar".

Além disso, acrescentou, é "a primeira vez até a nível internacional" que uma empresa se associa ao modelo `Housing First`.

Com a adesão do Grupo Lusiaves, que financia Morada Certa -- Leiria Housing First com 80 mil euros, será possível estender o programa a mais dez pessoas, garantindo-lhes casa permanente e individual e apoio quotidiano. Além dos três ex-sem-abrigo já alojados através da Câmara de Leiria, também a União de Freguesias de Leiria, Pousos, Barreira e Cortes garantirá teto a uma pessoa.

"Este momento é particularmente marcante para Leiria, na medida em que se trata de um protocolo que junta o poder autárquico, movimento associativo solidário e o setor empresarial", considerou o presidente do município.

Para Gonçalo Lopes, o modelo de intervenção tripartido, "deve ser aprofundado e estimulado noutras áreas", em especial "no contexto de pandemia covid-19, que está a originar novas formas de exclusão e a ampliar as já existentes".

A situação de pandemia faz com que o envolvimento empresarial seja mais necessário, afirmou o líder do Grupo Lusiaves.

"Se o contexto atual nos pede que estejamos cada vez mais afastados fisicamente, então que tal corresponda a cada vez mais solidariedade".

Para Avelino Gaspar não basta "falar do amor para com o próximo", sendo "essencial que todos nós o pratiquemos todos os dias, sem nunca esquecer, às vezes, basta uma oportunidade para mudar a vida de uma pessoa". 

O presidente da InPulsar notou que "há mais pessoas na rua" além das já alojadas e que, por isso, a adesão da Lusiaves ao projeto "revela-se meritória e perdurará na história bonita da nossa cidade", porque "devolve às pessoas sem situação de sem abrigo a possibilidade de voltar a sonhar".

"Uma cidade que se preocupa com as pessoas que se encontram numa posição mais frágil será sempre uma cidade mais digna e, por isso mesmo, uma cidade melhor para todos vivermos", concluiu o responsável.

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