O movimento contra a exploração mineira na Serra d' Arga defendeu ser "inaceitável levar a leilão mais de 240 quilómetros quadrados" no Alto Minho, num debate sobre o programa governamental para prospeção e pesquisa de lítio.
"Devia dizer-se que é inaceitável levar a leilão internacional mais de 240 quilómetros quadrados do território do Alto Minho. Nós, dizemo-lo desde 2019 e reforçamos, aqui e agora, a nossa posição é inabalável, e é também um grito de guerra. Não aceitamos nem um só furo", afirmou Carlos Seixas.
Para o responsável, a sessão de esclarecimento devia debater o "modelo de desenvolvimento para a Arga", zona que será mais afetada pelo programa do Governo para a prospeção e pesquisa de lítio.
"Não devíamos estar a falar de lítio, do tal conto de fadas que andam a vender como se o bem comum dependesse dele, mas sim de reabilitação do nosso concelho, das nossas freguesias, dos nossos lugares", exortou.
Estes aspetos "são ignorados pelos gabinetes dos ministérios, porque não conhecem o território e fundamentalmente porque dá um jeitaço enorme para a propaganda do costume", salientou.
"Transição energética, descarbonização, mineração verde, que mais não são do que chavões que esvaziam de significado palavras tão importantes como ecologia e sustentabilidade", frisou.
A consulta pública do relatório de avaliação ambiental preliminar do Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio das oito potenciais áreas para lançamento de procedimento concursal começou em setembro. Inicialmente, terminava em 10 de novembro, mas na sequência da contestação de autarquias, partidos políticos e movimentos cívicos, o prazo foi alargado para 10 de dezembro.
Argumentos contrários à mineração
Teresa Fontão, geóloga que integra o movimento, acusou o ministro do Ambiente de dizer "mentiras que servem para fazer propaganda", quando garante que na Serra d`Arga existe lítio em quantidade suficiente para viabilizar a atividade mineira.
A especialista garantiu que na Serra d' Arga, retirando os 4.280 hectares classificados como Sítio de Importância Comunitária, o programa do Governo abrangerá 25 mil hectares.
"É uma zona que não é compatível com a mineração. É zona habitacional. Fazer agricultura, criar gado são atividades que não se vão poder fazer durante gerações", alertou, apontando a criação de acessos, movimentação de terrenos, abertura de valas e furos, como impactos daquela atividades que, garantiu que não criará emprego na região.
O presidente da Câmara de Viana do Castelo, Luís Nobre, classificou a Serra d' Arga como "um santuário" que os municípios abrangidos "querem continuar a cuidar e a projetar para o futuro para gerar economia".
A Serra d`Arga, que abrange os concelhos de Viana do Castelo, Caminha, Ponte de Lima e Vila Nova de Cerveira está atualmente em fase de classificação como Área de Paisagem Protegida de Interesse Regional, numa iniciativa conjunta daqueles municípios para garantir a proteção daquele território.