Provedor da Santa Casa de Pedrógão assume "má informação" a Passos

por RTP
Passos Coelho disse ter "conhecimento de vítimas indiretas deste processo, de pessoas que puseram termo à vida, em desespero" Paulo Novais - Lusa

O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pedrógão Grande, João Marques, assumiu na tarde desta segunda-feira que foi ele quem deu a Pedro Passos Coelho uma informação errada sobre supostos suicídios decorrentes da calamidade que se abateu sobre a região. "Houve aqui um mal-entendido pelo qual sou também de alguma forma responsável e assumo-o, naturalmente", afirmou.

João Marques assume que foi ele quem passou a informação ao líder do PSD sobre pessoas que se teriam suicidado na sequência dos incêndios. Informação que Pedro Passos Coelho avançou ao início da tarde.

"Assumo a responsabilidade da má informação que se deu ao doutor Passos Coelho", disse aos jornalistas o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pedrógão Grande.

"É uma possibilidade forte, porque as pessoas estão deprimidas, as pessoas estão a necessitar de ajuda. Eu próprio tenho familiares que passaram maus bocados e sei que estão a precisar de muito conforto, de muito carinho e de acompanhamento", insistiu, ao mesmo tempo, o responsável.

Pedro Passos Coelho dissera horas antes ter "conhecimento de vítimas indiretas deste processo, de pessoas que puseram termo à vida, em desespero".

Antes, em declarações ao jornal Expresso, João Marques dissera ter sido ele próprio "induzido em erro", acrescentando que "houve efetivamente duas ou três tentativas de suicídio e manifestações suicidárias de mais algumas pessoas que dizem que têm essa intenção. Mas suicídios mesmo, isso é boato".
"Uma grande irresponsabilidade"
O provedor João Marques fez entretanto saber que, apesar deste episódio que coloca o líder da oposição numa posição fragilizada, vai manter-se no cargo da Santa Casa e como candidato do PSD à autarquia.

"Admito que houve uma grande irresponsabilidade", declarou à Lusa.

Sobre a continuidade no cargo que ocupa e a sua candidatura, declarou: "Não vejo por que não".
"O Estado falhou"

Esta segunda-feira o líder do maior partido da oposição responsabilizou o Estado por ter falhado às populações de Pedrógão Grande na obrigação de "garantir a segurança e a vida" dos cidadãos. "Falhou e ainda está a falhar", apontou.

No termo de uma visita ao quartel dos Bombeiros de Castanheira de Pêra, Pedro Passos Coelho disse mesmo ter "conhecimento de vítimas indiretas deste processo, de pessoas que puseram termo à vida, em desespero (...) Não receberam a tempo o apoio psicológico que lhes devia ter sido prestado".

Em resposta a estas declarações de Passos Coelho, o primeiro-ministro recomendou cautela nas palavras sobre Pedrógão Grande.

"Devemos ser todos muito prudentes nas afirmações que produzimos. Prefiro afirmar com base em dados oficiais e não com base em rumores, em notícias avulsas ou no diz-que-disse. Temos que falar com grande seriedade porque trata-se da maior tragédia humana que o país viveu. Isso exige-nos a todos uma grande prudência e uma grande responsabilidade", afirmou António Costa.

Mais tarde, o presidente da Administração Regional de Saúde do Centro vinha garantir que não ter registo de "nenhum caso de suicídio" associado ao incêndio de Pedrógão Grande, posição reiterada, de resto, pela autarquia local.
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