PSD e CDS sem medo da sombra de Cavaco e generosos nos elogios

por Agência LUSA

PSD e CDS-PP quase só têm elogios para os primeiros 100 dias de mandato de Cavaco Silva, que se cumprem sexta- feira, e nem sociais-democratas nem democratas-cristãos se consideram prejudicados com a "estreia" de um Presidente da sua área política.

Pelo contrário, o ex-vice-presidente do CDS António Pires de Lima defendeu que a presença de Cavaco Silva na Presidência da República "representa uma oportunidade para o CDS".

"É mais fácil ao CDS marcar a sua identidade e diferenciação do que ao PSD, partido muito marcado pelo consulado e magistério de Cavaco Silva", disse o deputado democrata-cristão, lembrando a condição de ex-líder do PSD do chefe de Estado.

No entanto, no PSD a "sombra" de Cavaco é também afastada.

"Não há risco de qualquer colisão. A actividade de um partido político na oposição é preparar-se para governar e fazer oposição ao Governo. E isso nada tem que ver com a função de um Presidente da República, que é chefiar o Estado", afirmou à Lusa o vice-presidente do PSD Azevedo Soares.

Aliás, para Azevedo Soares, o facto de, pela primeira vez, Portugal ter um Presidente da República de centro-direita pode ajudar a "promover" essa área política.

"Temos um social-democrata nas mais altas funções do Estado e isso só pode promover a imagem de marca da social-democracia", sublinhou, rejeitando a hipótese da actividade do PSD enquanto partido "diminuir" de alguma forma.

Num balanço dos primeiros meses de Cavaco Silva em Belém, PSD e CDS destacaram o veto presidencial à Lei da Paridade como um dos marcos importantes.

O deputado social-democrata José Matos Correia viu na rejeição presidencial deste diploma um sinal de que Cavaco Silva vai ser "rigoroso" na avaliação das leis que chegarem a Belém e que utilizará este seu poder negativo "quando se exigir".

"É natural que a Assembleia da República e o Governo se vejam confrontados com o poder do veto mais vezes", corroborou o deputado do PSD Duarte Lima, com elogios à forma "ponderada e bem fundamentada" como Cavaco Silva justificou o seu veto.

Por seu lado, o líder do CDS, Ribeiro e Castro, considerou que ao vetar este diploma - que mereceu no Parlamento votos contra de PSD, CDS e PCP - Cavaco Silva "não agiu como líder da oposição, mas como o mais alto magistrado da nação".

"A nossa Constituição não olha para o Presidente da República como um simples notário", frisou Ribeiro e Castro, defendendo que o mandato de Cavaco Silva se tem pautado pelo seu "olhar independente e próprio".

Sociais-democratas e democratas-cristãos são quase unânimes nos elogios aos primeiros 100 dias de Cavaco Silva em Belém.

"O Presidente da República está a corresponder inteiramente às nossas expectativas. Não há nada a apontar de negativo", disse o vice- presidente do PSD Azevedo Soares, salientando a "sobriedade" com que Cavaco Silva entrou em funções, "sem espectáculos e euforias".

O Roteiro para a Inclusão é a acção do chefe de Estado destes primeiros 100 dias que Azevedo Soares destaca, considerando-a "um passo muito importante", até porque "o Presidente da República é uma figura que deve conviver directamente com o povo que o elegeu".

Além do Roteiro, Ribeiro e Castro destacou o relevo que o chefe de Estado tem atribuído às Forças Armadas: "Valorizamos de forma particular os sinais de apreço pelas Forças Armadas, que têm sido ultimamente vítimas de alguma incompreensão".

Matos Correia alinha igualmente no aplauso a Cavaco Silva:

SEstá a corresponder às expectativas, ao que era expectável e desejável. Em 100 dias, esteve à altura do que se exigiu".

Entre os elogios aos primeiros tempos de Cavaco Silva como chefe de Estado, apenas o ex-dirigente do CDS-PP Telmo Correia - que defendeu que o partido deveria ter apresentado um candidato presidencial próprio - aponta uma omissão ao discurso do Presidente.

"Gostaria de o ouvir falar também sobre economia. Por exemplo, é difícil discutir o Roteiro da Inclusão sem se centrar muito nas questões económicas", referiu à Lusa.

Cem dias depois, o vice-presidente da Assembleia da República mantém a posição de que "politicamente há uma direita à direita de Cavaco Silva".

"Também em política, o óptimo é inimigo do bom", disse, apesar de considerar que o início de mandato de Cavaco Silva tem sido "relativamente sóbrio, sem intervenções excessivas ou desnecessárias", elogiando em particular o discurso presidencial no 25 de Abril.

Quanto às expectativas para o futuro, os sociais-democratas são igualmente unânimes. "Os primeiros cem dias são um bom augúrio", afirmou Duarte Lima.

"É praticamente certo que não teremos surpresas", acrescentou o vice-presidente do PSD Azevedo Soares.

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