Quase 90% das pessoas tem boa imunidade celular à covid-19 seis meses depois da vacina

por RTP
Lusa

Quanto tempo é que as vacinas nos protegem contra a covid-19? Esta é a grande questão que ocupa os cientistas porque dela dependem as estratégias de saúde pública de combate à pandemia. Hoje há mais um estudo, português, com dados novos que revelam que quase 90% das pessoas tem boa imunidade celular à covid-19 seis meses depois da vacina.

Este é o resultado do primeiro estudo feito em Portugal sobre a resistência das células. Este trabalho está a ser feito no centro hospitalar do Médio Tejo e estão a ser acompanhados mais de dois mil funcionários, assim como os idosos residentes em lares nesta zona do país, revela o Diário de Notícias.

Seis meses depois da vacinação completa 89 por cento das pessoas tem imunidade celular positiva, mesmo tendo poucos anticorpos, concluiu o estudo. Com este nível de imunidade quando entram em contacto com o vírus produzem substâncias que ajudam a destruir as células infetadas e neutralizam o Sars-cov-2.

O objetivo inicial deste estudo era perceber como é que o organismo humano reagiria no combate ao vírus com a vacina, mas, neste momento, e depois dos primeiros resultados, já há outros aspetos a serem estudados - inclusive, se há ou não necessidade de uma terceira dose de vacina contra a covid-19 para a população em geral.

A investigação começou com a avaliação da imunidade humoral em mais de 2000 funcionários do CHMT, que se voluntariaram e com idades entre os 24 e os 67 anos, com um controlo antes da vacinação - para verificar se a pessoa já tinha ou não anticorpos do vírus -, um outro após a primeira dose da vacina, outro após a segunda dose depois ao fim de três e seis meses (o que já aconteceu) e ainda ao fim dos nove e dos doze meses.

Como explicou Carlos Cortes ao jornal, em relação à imunidade celular, o primeiro controlo foi feito recentemente, em agosto, ao fim dos seis meses da vacinação completa, e é este que já dá alguma esperança no combate ao vírus.

"Ao fim de seis meses, 89 por cento das pessoas vacinadas mantinham uma imunidade celular positiva", afirmou o diretor do Serviço de Patologia Clínica do CHMT.

Até agora, é uma conclusão "positiva", sendo que este estudo "é importante porque não há nada publicado de forma consistente sobre a imunidade celular".

Quanto à questão de se é ou não preciso reforço vacinal, o coordenador do estudo diz ser preciso "continuar a avaliação da imunidade celular para perceber qual é a conjugação desta com a imunidade humoral e como esta correlação é importante no combate ao vírus".
Anticorpos diminuem cerca de 92% aos seis meses
Quanto à imunidade humoral, as conclusões são contraditórias. Ao fim de seis meses, enquanto a avaliação da imunidade celular aparenta proporcionar ao fim de seis meses "uma proteção segura", a imunidade humoral apresentou "uma descida vertiginosa de anticorpos, cerca de 92 por cento".

"O pico maior de anticorpos foi registado um mês após a vacinação completa, a partir daqui o nível de anticorpos começou a descer em todas as idades e sexos", afirmou Carlos Cortes.

No entanto, e como também seria expectável, "apesar de a descida de anticorpos ser igual para todas as faixas etárias e sexos, as pessoas mais novas ficaram com mais anticorpos e as mais velhas como menos. Ou seja, o comportamento de evolução é o mesmo, tanto na subida de anticorpos pós-vacinal como na descida, mas depois, e conforme a idade, há variações na quantidade de anticorpos".

Houve ainda pessoas pessoas que, ao fim dos seis meses, registavam um pequeno aumento de anticorpos, "provavelmente porque tiveram contacto com o vírus, e outras cujos níveis desceram para níveis mínimos de 1.5 UA/mL, o que significa que tinham zero de proteção".

Neste momento, o estudo tem outro foco que é, precisamente, o de avaliar a correlação existente entre imunidade humoral, nível de concentração de anticorpos, e imunidade celular, células T, nível de concentração de Interferão-Gama.

"Estamos a avaliar 1109 pessoas, o que é muito significativo, permitindo-nos estudar três grupos: o que fez vacinação completa, o que só teve uma dose da vacinação porque foi infetado e ainda um grupo de funcionários não vacinados, que também existe". Por isso, confirma, "o estudo vai ser longo".
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