O chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, voltou a nomear os comandantes que "exonerou temporariamente" após o escândalo que rebentou nas Forças Armadas com o roubo de material militar dos paióis de Tancos. O CEME decidiu ainda transferir o material guardado em Tancos para outros paióis militares.
Reconduzidos os cinco comandantes do Exército exonerados após assalto em Tancos
"O Exército informa que os oficiais em causa foram nomeados pelo Chefe do Estado-Maior do Exército para os mesmos cargos, com efeitos a partir de 18 de julho de 2017", pode ler-se no comunicado, onde o Exército acrescenta que a decisão foi agora tomada "considerando que com a conclusão destas averiguações se encontram ultrapassadas as razões que justificaram a exoneração dos comandantes".
Exoneração em direto no Telejornal da RTP
"Não quero que haja entraves às averiguações e decidi exonerar os cinco comandantes das unidades que de alguma forma estão relacionadas com estes processos", anunciava o CEME Rovisco Duarte durante o Telejornal de 1 de Julho.
O porta-voz do ramo, tenente-coronel Vicente Pereira, esclareceu posteriormente que estas exonerações visavam um "afastamento temporário" e que no final das investigações internas poderiam "voltar a funções".
Exonerações levantaram dúvidas e polémica
Os militares que tinham sido exonerados são o comandante da Unidade de Apoio da Brigada de Reação Rápida, tenente-coronel Correia, o comandante do Regimento de Infantaria 15, coronel Ferreira Duarte, o comandante do Regimento de Paraquedistas, coronel Hilário Peixeiro, o comandante do Regimento de Engenharia 1, coronel Paulo Almeida, e o comandante da Unidade de Apoio de Material do Exército, coronel Amorim Ribeiro.
A decisão do CEME de exonerar os cinco comandantes de unidade suscitou polémica no Exército, com dois generais da estrutura superior do Exército a assumirem publicamente a sua discordância face à forma como Rovisco Duarte geriu este caso.
O tenente-general António de Faria Menezes pediu a exoneração do comando das Forças Terrestres, ocupado agora em "suplência" pelo número 2, major-general Cóias Ferreira.
A segunda "baixa" foi a do tenente-general Antunes Calçada, que pediu a passagem à reserva por, segundo noticiou o semanário Expresso, "divergências inultrapassáveis" com o CEME alegadamente devido à forma como o general Rovisco Duarte decidiu exonerar os cinco comandantes.
Material transferido para outros paióis
Entretanto, o chefe do Estado-Maior do Exército decidiu também transferir para outros paióis o material militar atualmente guardado nos Paióis Nacionais de Tancos.
A decisão terá sido tomada na sequência das averiguações internas ao furto de material de guerra detetado no final de junho em Tancos, "nas áreas técnica, segurança física, controlo de acessos e vigilância eletrónica".
A transferência do material para "outros paióis" foi decidida face à "obrigatoriedade de salvaguardar informação classificada de natureza estritamente militar", acrescenta o Exército, no comunicado.
Uma das possibilidades em análise é a transferência para o paiol das instalações militares de Santa Margarida: "A prioridade será Santa Margarida, mas houve abertura da parte dos outros ramos para, caso seja necessário, transferir algum daquele material", disse o porta-voz do ramo, tenente-coronel Vicente Pereira.
Sendo necessário, está em cima da mesa a possibilidade de transferir parte do material para paióis dos outros dois ramos militares, Marinha e Força Aérea, adiantou o porta-voz, para acrescentar que em relação ao destino a dar aos paióis de Tancos está ainda em estudo.
c/ Lusa