Reconstrução. Autarca de Pedrógão queixa-se de inveja

por RTP
Em declarações à SIC, o autarca Valdemar Alves falou em perseguição Miguel Vidal - Reuters

Inveja e má-fé. É assim que o presidente da Câmara Municipal de Pedrógão Grande vê as denúncias noticiadas na edição desta semana da revista Visão. Em causa estão suspeitas de fraude na reconstrução de casas após os incêndios do ano passado. Dados que já levaram o Ministério Público a abrir um inquérito.

O trabalho publicado na quinta-feira pela Visão referia que meio milhão de euros destinados à reconstrução de casas de primeira habitação teriam sido desviados para habitações não prioritárias.O incêndio de junho de 2017 em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, fez 66 vítimas mortais e mais de 250 feridos.


O presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, fala em perseguição: “É uma afronta, é uma perseguição que me andam a fazer, uma investida”.

“Os meus inimigos não conseguem digerir a situação de terem perdido as eleições e isto, portanto, é tudo denúncias de má-fé. Foi efetivamente uma peça de trabalho jornalístico encomendada, porque quem lê a parte final, em que se referem à minha pessoa e a outras pessoas, vê-se exatamente que é uma encomenda”, reagiu o autarca, em declarações à estação televisiva SIC.

“É uma inveja também daquelas pessoas que falam, mas que não dão a cara, que gostariam que as suas casas tivesse ardido para terem agora uma casa nova e também de outras pessoas que, efetivamente, estão invejosas do trabalho que foi feito pelo Governo, pela Câmara Municipal, pelo Revita”, acentuou.

Inquérito
O Ministério Público desencadeou entretanto um inquérito para investigar as alegadas irregularidades na reconstrução de casas depois dos incêndios do ano passado. O dossier está a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal de Leiria.

Isabel Marques da Costa, Ana Felício, Hermano Soares, Paulo Maio Gomes, Vanessa Brízido – RTP

Além do alegado desvio de donativos, a última edição da Visão noticia casos de pessoas que alteraram as moradas fiscais, na sequência do incêndio, para obterem apoio do fundo Revita e de outras entidades.

O Revita contou com a participação de 61 instituições, designadamente donativos em dinheiro, bens ou prestação de serviços: os fundos doados ascenderam a 4,4 milhões de euros, somando-se a este montante 2,5 milhões saídos do Ministério da Solidariedade e da Segurança Social.

Os mais recentes dados deste fundo criado pelo Governo apontam para a conclusão das obras em 160 das 261 casas de primeira habitação atingidas pelas chamas. Há ainda trabalhos em curso em 101 habitações.

A presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Ana Abrunhosa, havia manifestado, na manhã de quinta-feira, a intenção de encaminhar as suspeitas para o Ministério Público.

Por sua vez, Rui Fiolhais, presidente do conselho de gestão do Revita, afiançou não ter conhecimento de qualquer queixa de incumprimento, mas solicitou uma avaliação de cada um dos casos.

c/ Lusa
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