Reforma do SEF. Ministro e diretor nacional da PSP em colisão

por Alexandre Brito - RTP
Lusa

A polémica começou depois de o Presidente da República ter chamado a Belém o diretor da Polícia de Segurança Pública (PSP). À saída, Magina da Silva admitiu que está a ser trabalhada a fusão entre a PSP e o Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). E sugeriu que o melhor era criar uma "polícia nacional" e que isso mesmo terá dito ao PR. Palavras de que o ministro da Administração Interna, sentindo-se desautorizado, não gostou, e que o levou a afirmar à Lusa, pouco depois, que a reforma no SEF será anunciada pelo Governo e "não por um diretor de Polícia". Já ao final da noite de domingo, chega às redações um comunicado da PSP onde se lê que o diretor nacional "apenas apresentou a sua visão pessoal".

Um "visão pessoal", sem intenção de condicionar qualquer reestruturação. O comunicado da PSP sobre toda esta polémica diz que o diretor nacional da PSP "apenas apresentou a sua visão pessoal para a reestruturação em curso que, obviamente, não afeta o trabalho conjunto em curso entre as Forças e Serviços de Segurança e a decisão por parte do Governo".

E acrescenta que Magina da Silva "não pretendeu, obviamente, condicionar qualquer reestruturação em curso do sistema de segurança interna, lamentando que as suas declarações tenham sido interpretadas dessa forma".
O diretor nacional da Policia de Segurança Pública admitiu na tarde de domingo que está a ser trabalhada a fusão da PSP com o SEF e que abordou a questão no enconto que teve com o Presidente da República.

"O que tem sido anunciado e tem sido trabalhado com o Ministério da Administração Interna passará não pela absorção, mas pela fusão entre a PSP e o SEF", afirmou.

O diretor da PSP disse que abordou o assunto "com o senhor Presidente", que a PSP seja extinta e o SEF extinto. "E surge uma polícia nacional, como, aliás, acontece em Espanha, França e Itália", disse.

Questionado sobre como veria essa mudança, Magina da Silva afirmou que a PSP é "uma força de segurança que cumpre com o quadro legal que os decisores políticos e o legislador assim entenderem. Cá estaremos para tratar de mais este desafio".

Pouco depois destas declarações, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, afirmou à agência Lusa que a projetada reforma no âmbito do SEF será anunciada "de forma adequada" pelo Governo "e não por um diretor de Polícia".

Disse ainda Eduardo Cabrita que o Programa do Governo prevê "uma separação orgânica clara entre funções policiais e funções administrativas de autorização e documentação de imigrantes do SEF".

O trabalho, continuou, está em curso "envolvendo as forças de segurança sobre a redefinição do exercício das funções policiais nestas áreas de gestão de fronteiras e de combate às redes de tráfico humano. Esta é uma matéria que o Governo está a trabalhar, envolvendo diretamente o primeiro-ministro (António Costa), os ministérios da Administração Interna, dos Negócios Estrangeiros, da Justiça e a Presidência do Conselho de Ministros. É é neste quadro de envolvimento direto do primeiro-ministro e de quatro áreas governativas que teremos brevemente, de modo adequado, a explicitação daquilo que é a forma de dar expresso cumprimento ao Programa do Governo", afirmou o ministro da Administração Interna.

Estas matérias, "obviamente, com todo o respeito, não são anunciadas por diretores de Polícia".

Questionado sobre a criação de um polícia nacional, com a extinção da PSP e do SEF, seguindo o modelo espanhol ou francês, o ministro da Administração Interna respondeu: "Não confirmo nem desminto. O que decorre do Programa do Governo é a separação de funções policiais e de funções administrativas no SEF, o que envolve uma redefinição do exercício de competências das várias forças de segurança. Envolve a PSP, a GNR e Polícia Judiciária", disse.

"Portanto, temos uma dimensão ampla que está a ser trabalhada pelo Governo e que, no momento adequado e da forma adequada, será dada a conhecer aos portugueses", afirmou Eduardo Cabrita.

c/ Lusa
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