Retrato de Portugal na Europa. Terceiro país com mais médicos... mas poucas camas hospitalares

por RTP
Lusa

A edição 2020 do "Retrato de Portugal na Europa", da Pordata - base de dados da Fundação Francisco Manuel dos Santos -, revela com factos estatísticos que país é este em que vivemos. E ficamos a saber que Portugal é um país envelhecido, pouco poupador e com trabalho precário, com patrões e empregados com baixa escolaridade, mas também um dos países com menor emissões de gases com efeito de estufa e o terceiro da Europa com mais médicos por 100 mil habitantes.

A publicação reúne dados do Eurostat - o gabinete de estatísticas da União Europeia (UE)- e compara, sempre que possível, vários indicadores socioeconómicos de Portugal com os restantes 26 Estados-Membros. As estatísticas mais atuais disponíveis centram-se nos anos 2018 e 2019 (com exceção das relativas à proteção social, que recuam a 2017).

E num momento em que a saúde está no centro de todas as atenções, é curioso perceber que em 2018 Portugal era o terceiro país da União Europeia com mais médicos por 100 mil habitantes (515). Um valor bem acima da média europeia de 378 médicos por 100 mil habitantes. Na mesma altura, era um dos oito países com menos camas em hospitais por 100 mil habitantes (345), numa tabela em que o "campeão" foi a Bulgária (757). Portugal é o quarto país da UE com mais nascimentos de bebés fora do casamento

No mesmo ano, os dados revelam que Portugal foi o quinto país que mais gastou em saúde, setor que representou 5,3% do total das despesas das famílias (a Bélgica é líder com 6,6%), e o quarto com mais nascimentos de bebés fora do casamento (55,9%), depois da Eslovénia, Bulgária e França (líder, com 60,4%).

Neste trabalho há valores que não causam grande surpresa, como o facto de ocupar o terceiro lugar na tabela dos países com mais idosos: 157 (com 65 ou mais anos) por 100 jovens (com menos de 15 anos), superando a média da UE a 27 países (132 idosos). O país com mais idosos é a Itália, com 171 por 100 jovens.

De acordo com os dados recolhidos e trabalhados pela Pordata, o país subiu para a segunda posição, em 2019, ao ter 55% de agregados domésticos de uma só pessoa com 65 ou mais anos, ultrapassando a média de 40% da UE. A Croácia é o país que tem mais idosos a viverem sozinhos (66% dos agregados) e a Suécia menos (13%).

Genericamente, contudo, sem considerar a idade, Portugal figurava em 2019, a par da Croácia e da Eslováquia, no último lugar da tabela dos países com agregados domésticos de uma só pessoa (23%), enquanto a Suécia na primeira posição (57%), transpondo a média da UE (35%). Quase metade dos empregadores não têm o secundário ou superior

No mundo do trabalho, ficamos a saber que em 2019 Portugal liderava o pódio em termos de percentagem de empregadores e trabalhadores por conta de outrem sem o ensino secundário ou superior. Quase metade - 47,4% - dos empregadores não têm o secundário ou superior e 39,8% dos trabalhadores estão na mesma situação. 

O país manteve-se no pódio, mas baixando para a terceira posição, ao ter 20,8% da população empregada com contrato de trabalho temporário (Espanha ocupava o primeiro lugar com 26,3%, sendo que a média da UE era 15,0%).

Quanto às horas de trabalho, Portugal era, em 2019, o sétimo país com maior número médio de horas de trabalho por semana (35,6 horas para os trabalhadores dependentes, sendo que a média da UE era 29,9 horas). Neste campo, a Polónia foi o país que despendeu mais horas de trabalho semanais (38,0) e a Alemanha menos (25,6).

O sétimo lugar também é ocupado por Portugal quanto à taxa de abandono escolar precoce, que, em 2019, se situou nos 10,6% entre os jovens dos 18 aos 24 anos que não completaram o ensino secundário (a média da UE a 27 foi 10,2%, com a Espanha a figurar no topo, com 17,3%).

A percentagem da população residente em Portugal sem o ensino secundário ou superior (com idade entre os 25 e os 34 anos) foi, no ano passado, a terceira mais alta (24,8%) de uma tabela liderada novamente por Espanha (30,2%).

Portugal foi também, em 2019, o terceiro país com mais consumo privado e dívida nas administrações públicas em percentagem do Produto Interno Bruto (respetivamente 64,1% e 117,7%), numa lista encabeçada, em ambas as situações, pela Grécia (respetivamente 68,0% e 176,6%). Apenas 59% das empresas portuguesas têm uma página na Internet

No ano passado, a maioria das empresas em Portugal (com 10 ou mais pessoas ao serviço) tinha uma página na Internet (59%), mas o país figurava nos três piores lugares, atrás da Dinamarca, no topo (94%), e da média da UE (77%).

Portugal integra igualmente as três piores posições quanto ao número de agregados domésticos com ligação à Internet (81%), atrás da Holanda, na liderança (98%), e da média europeia (90%).

Apesar de em 2018 ser o quinto país com mais polícias por 100 mil habitantes (451), Portugal é o que tem, no mesmo ano, menos mulheres nas polícias (8,1%), ao contrário da Lituânia (39,3%).

Ainda de acordo com as estatísticas, Portugal era, em 2018, um dos sete países com menos emissões de gases com efeito de estufa 'per capita', com 6,6 toneladas equivalentes de dióxido de carbono (contra 17,3 do Luxemburgo, no topo da tabela, e 8,4 da média da UE).

Ainda no mesmo ano, Portugal foi um dos sete países onde as famílias menos pouparam (7,1%), ao contrário do Luxemburgo, o país mais poupador (21,9%).

c/ Lusa
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